Guia Prático de desotakutização
O que te leva a assistir animes ou ler mangás? A forma como as histórias são narradas? Os peitos das personagens? Os desenhos bem detalhados? A evolução psicológica dos personagens? Nunca parou para pensar nisso? Deveria pensar.
Todo dia as pessoas procuram novas formas de entretenimento e se acham mais cults por terem um gosto diferente das massas. O mesmo idiota que assiste Big Brother também te acha um idiota por assistir Dragon Ball. Pense um pouco no outro lado. Faz bem.
Acontece que quem assiste BBB não sai na rua tentando converter os outros a assistirem também o Reality Show, ao contrário de muita gente que fica alienada com alguma série nipônica e quer que o mundo inteiro assista aquilo por achar que fez bem pra ele e poderá fazer bem para os outros.
Fazer bem para o leitor/telespectador é uma das funções mais lindas da literatura: a função catarse. Nela, nos identificamos com as personagens e passamos a apoiar ou reprimir as atitudes dos mesmos, sentindo nossos problemas, angústias, receios e medos similares aos deles e a forma como eles superam estes obstáculos nos motivam a tentar fazer o mesmo, ou pelo menos buscar algo melhor. Faça um teste: mande uma mulher muito ciumenta e um homem mais jacu ler Dom Casmurro. A mulher vai defender de unhas e dentes que a Capitu traiu, enquanto o homem vai brigar até a morte que ela é inocente.
Nós temos que aprender a viver a nossa cultura. Não adianta querermos viver uma cultura ocidental ou americana em nosso país pois isso não vai dar certo. Você tem que aprender a viver junto à maioria. Uma hora ou outra algo irá te fazer se misturar, seja um emprego, uma namorada ou uma religião.
No caso dos otakus, eu tenho umas dicas pra eles.
Os mangás são como as novelas japonesas. Elas refletem a vida DELES, os costumes DELES, os hábitos DELES, a linguagem comunicativa DELES.
"Mas nos animes todas as mulheres são lindas, os personagens fortes e tal..."
Calma que eu chego lá.
Nas novelas da Globo, tudo é Leblon. O povo fala bem, se veste bem, não trabalha muito, é feliz. Isso é um idealismo, algo que todos nós queríamos viver. Esta é outra função da literatura, que te faz querer consumir aquilo, ter aquele tipo de vida, ver neles a definição de felicidade. As séries japonesas são a mesma coisa, e eu vou provar isso com vários exemplos.
1 - A mulher gostosa que cai do céu
Em vários animes, do dia para a noite, uma mulher aparece na vida do protagonista e tudo muda. Assista 50 episódios número 1 de várias séries e te garanto que a maioria deles começa com um encontro entre um homem e uma mulher. Alguns exemplos: Yuyu Hakusho, Cavaleiros do Zodiaco, Tenchi Muyo, InuYasha, Samurai X (Rurouni Kenshin), Chrono Crusade, Gantz, Evangelion, Bleach, dentre outros.
Isso representa a cabacisse do Otaku, que espera a vida inteira que um dia uma mulher gostosa vai aparecer em sua vida e o contato com ela vai deixar seu mundo mais mágico, fantástico, e você vai passar a ver a vida de verdade.
2 - Japonesas não são peitudas e não têm o cabelo colorido
Não adianta sair na Liberdade ou perseguir os exilados que moram em seu país, pois as japa-girls são completamente o oposto das heroínas dos mangás. Se você acha bonito uma menina delicadinha e tímida, tudo bem. Mas achar ela bonita só por ter o olho puxado, aí é forçar a barra. Olhe fotos de MODELOS japonesas: sem peitos e com os dentes tortos. Olhe a foto de uma modelo brasileira e compare...
3 - Seu pai não é o cara mais foda do mundo
Sabe por que a maioria dos pais dos protagonistas são um dos caras mais fodas do mundo e não lhes dá a mínima atenção? Porque lá, o pai passa a vida toda trabalhando, mal tem tempo de ver os filhos crescerem e não querem saber se eles ganharam um campeonato de jiu jitsu, ou se tiraram uma foto com um rockstar famoso. Ele só quer ver seu boletim escolar com as notas no máximo e aprovado na melhor universidade do país. Por isso tantos japoneses se suicidam quando são reprovados nos vestibulares. Eles passam a vida toda estudando para orgulhar o pai e quando não conseguem... alguns animes em que o pai do protagonista é o cara mais forte do mundo:
HunterXHunter, Full Metal Alchemist, Bleach, Yuyu Hakusho, Reborn, InuYasha, Negima, Evangelion, One Piece,Naruto, dentre outros.
4 - Adolescentes não salvam o mundo
Pegando continuidade ali em cima, a pressão que os pais botam nos filhos para passar no vestibular é refletida nos personagens de anime com a pressão que eles têm de que o destino da humanidade inteira está nas mãos deles. Ninguém estuda, ninguém trabalha, só tem a missão de salvar a humanidade e nada mais.
5 - Se você não tem atrativos sexuais, as mulheres não vão dar em cima de você
Qual o perfil dos personagens de echi? Um cara cabaço, tímido, baixinho, desengonçado e que MILAGROSAMENTE DO NADA, tem 6 ou mais mulheres lutando por sua atenção. Isso não acontece nem aqui nem na China. Love Hina, Tenchi Muyo, DNA, Video Girl Ai... são bons exemplos disso.
6 - Ser Otaku não é massa
Chegue no japão e diga que você é um otaku: vão te tacar pedra. Lá, o termo é extremamente pejorativo e ofende qualquer pessoa. Ninguém lá gosta de se auto-nomiar nesta classe. Não é como no Brasil que falar que é Nerd virou moda. Lá os otakus sofrem mais bullying que os gays, negros, gordos e outras classes menos favorecidas.
7 - Troque seu gashapon por uma mulher de verdade
Você paga 75 reais numa miniatura de um personagem de anime. Saiba que com esse dinheiro você pode ir ao puteiro e fazer a festa lá. Sua cabeça inferior também precisa de algumas boas lembranças de vez em quando.
Por enquanto minhas dicas vem até aqui, assim que tiver mais ideias posto no guia. Obrigado.
Por isso otakus, não adianta você querer viver uma cultura baseada nos mangás, sendo que lá no Japão as coisas são diferentes. Da mesma forma que sua mãe é alienada com a novela, você está sendo pior que ela pois está sendo duplamente alienado com o que passa nas telinhas orientais, porque aquilo não é nem de longe a realidade deles e quanto menos a sua. Olhe para o lado, converse com a faxineira da sua faculdade, sorria, não pense em dominar o mundo e apenas seja você mesmo. Faz bem.