A Estupidez Humana.
“Em três ou mais dias de verdadeira loucura, as pessoas desavisadas, se entregam ao descompromisso, exagerando nas atitudes, ao compasso de sons febris e vapores alucinantes. Está no materialismo, que vê o corpo, a matéria, como início e fim em si mesmo, a causa de tal desregramento. (Revista Visão Espírita)
Os espíritas dizem que o carnaval é um processo de loucura e obsessão. Aliás, não propriamente os seres que estão sob a posse da matéria são os que acham a Folia do Rio Momo como algo pernicioso para o mundo. É a própria espiritualidade, através de manifestação de Emmanuel que define esse período de carnaval como algo intensamente nocivo para o homem, em termos de evolução espiritual.
Entretanto, não temos a pretensão de incutir idéias e nem propagar cunho religioso nesta matéria. A pretensão é estudar e fazer reflexões sobre a estupidez verificada na apuração do Carnaval das Escolas de Samba de São Paulo.
É verdade que a estupidez e a insensatez existem em todo canto e em toda hora, não precisando que chegue o carnaval para que isso venha à tona neste nosso País de amplos contrastes culturais. Trata-se da ignorância que alguns seres inteligentes ainda insistem em manter na sua índole moral.
Entretanto, o povo brasileiro que tem certo discernimento para entender as razões humanas, deve ter se sentido, como eu, bastante perplexo quando viu aquele grandalhão (Bombado) se atirando sobre a mesa de apuração para roubar os votos que ainda restavam para a apuração do desfiles das Escolas de Samba do Carnaval de São Paulo.
A barbárie não ficou restrita a esse ato. Uma série de vândalos se encarregou de tornar aquela atitude inicial muito mais grotesca a partir da seqüência de atitudes bestiais, já que esse grupo de arruaceiros incendiou um carro alegórico e, outros, que se encontravam na rua, iam dando chutes em tudo que aparecia pela frente. Nem um grupo de animais acuados por perigo é capaz de agir de forma tão inconseqüente, visto que os irracionais agem por instinto.
Ora, incendiar um carro alegórico construído com material altamente inflamável é desejar que o pior aconteça, visto que ali, rodeados pela faísca inicial, havia vários outros carros que, certamente, não fosse a ação imediata dos seguranças, iriam ocasionar um incêndio com tragédia anunciada.
Até onde vai a estupidez humana?
Todo o alvoroço foi creditado ao fato de terem sido substituídos dois jurados. Primeiro; esse fato ocorreu antes do desfile acontecer. Segundo; houve uma votação pela liga, tendo vencido a maioria. Terceiro; a Liga das Escolas de Samba de São Paulo é constituída de membros representativos, cujo sufrágio reflete a coletividade e não a unidade.
Assim, a indignação é algo inerente ao ser humano e explicável como forma de decepção. O que não se explica é o desrespeito e a desordem em nome dessa indignação.
Fica a nítida sensação de que esse episódio reprisa aquilo que já presenciamos nas chamadas ‘torcidas organizadas do futebol’. São grupos que não sabem se portar como pessoas civilizadas. Transformam suas indignações em campos de guerra.
O fato é que essa apuração deixou uma mancha no
Carnaval de São Paulo que dificilmente será apagada. Cabe às autoridades punir os responsáveis por essa baderna, para que os acontecimentos, além de nocivos, possam significar para os arruaceiros a marca histórica do dia em que eles se deram mal.