Sobre Regras e Respeito - IIª ed.

AnteScriptum

Com o passar dos dias, mais e mais a certeza em mim se enraíza: há que seguirmos lutando contra os males existentes neste mundo. É verdade que não temos como modificar tudo o que de ruim existe feito por pessoas pequenas. No entanto, não só podemos, como temos o dever de mostrar, revelar e batalhar contra essas pessoas até que venham a responder por seus erros perante as leis dos homens.

Por suas ações mesmo, se auto-revelam aos poucos. Cabe-nos denunciá-las até se tornarem desacreditadas e, por fim, metaforicamente deitá-las por terra, alijando-as do nosso convívio e impedindo-as que sigam a fazer mal a quem quer que seja. Há muita gente ruim neste mundo. Ignorá-las não fará com que deixem de existir. Há que enfrentá-las sempre!

Mirna Cavalcanti

Rio de Janeiro, 08 de Janeiro de 2012

"Feliz é a criatura que pode caminhar de cabeça erguida, na certeza de que faz o bem para seus semelhantes e advoga suas causas contra os iníquos."

Amigos leitores,

Escrevi “Regras e Respeito” (*) e para alegria minha, aquele simples micro conto recebeu diversos comentários procedentes e importantes. Um deles foi questionamento sério, que me fez pensar, pois seu autor revela certezas e dúvidas que só pessoas , responsáveis e preocupadas com o destino da humanidade se fazem: “Será que ainda existem regras que devam ser respeitadas neste país? E quem as elaborara, será que também existe? ‘Lutar’, acredito seja o verbo da vida, pois passamos todo o seu espaço de tempo lutando, mesmo que por direitos pequenos. Pergunto-me, diversas vezes: será que vale a pena lutar ainda?”

Pois bem: ao ir respondendo os comentários dos demais leitores, pensei na relevância do assunto e achei por bem escrever este artigo. Certo é que temos todos que sair da pasmaceira na qual parece estar a Nação (entenda-se:’povo’)

a mergulhar mais e mais. Óbvio que não me considero ‘dona da verdade’. Respeito opiniões divergentes das minhas , mesmo que não as aceite- mas isto é uma outra história, como diria KIPLING. Só me sinto bem escrevendo o que penso – e é o que estou a fazer.

SE ’vale ou não a pena’ é algo individual, de foro íntimo. O certo é que não me sentiria em condições de seguir vivendo se não me postasse contra determinações que considero erradas. Isso expande-se inclusive às leis ‘legais’ (desculpo-me pela expressão pleonástica): muitas leis são injustas e essas tenho combatido durante toda a vida. Tenho opiniões firmes, pois bem alicerçadas que, muitas das vezes trouxeram-me aborrecimentos e mesmo perdas materiais – jamais espirituais – ao contrário: durante cada embate, sinto-me crescer como criatura, tornando-me mais e mais digna filha de Deus.

Essas refregas são devidas a fatos contrários à vontade, necessidade ou interesses pessoais de alguns poucos – descontentes e aborrecidos, frustrados nos seus intentos quase sempre egoístas e maléficos, de enganar seus semelhantes. Sabedora disso, se me calasse, seria nada menos que conivente. Como não o sou, questiono fatos, requeiro documentos, envio comunicações às vítimas (sempre apondo meu como ao final) e tomo todas as atitudes que penso serem as corretas com o simples objetivo de restaurar a verdade, mostrar o que realmente acontece – está acontecendo ou aconteceu. Como não poderia deixar de ser, os que estão a encabeçar os despautérios voltam-se contra mim. Isso é normal ocorrer. É de lastimar-se, por óbvio, pois são grupos formados por pessoas de almas e mentes pequenas – e ainda desonestas, do tipo que segue a Lei do Gérson: Levar vantagem em tudo. Ora, se esses se dão bem, os demais, mesmo sem o saberem, estão perdendo. Esses, pela idade já avançada, por saúde, por temperamento, por acharem que não vale a pena incomodarem-se… deixam passar, o que confere mais e mais ousadia aos atos dos desonestos e sempre irresponsáveis, que tentam alçar vôos mais elevados, dada a impunidade reinante no país que tem efeito cascata sobre a sociedade.

Felizmente não sou assim, devido aos Princípios, Valores e educação com que fui criada, ínsitos em meu caráter, fazem parte de meu ser.

Diversas foram as contendas que têm emergido no transcorrer de minha existência. E justamente por não ser do tipo: “deixa prá lá…Não vai dar em nada mesmo, prá quê então te incomodares? Larga de mão , eles são irmãos-que se entendam, que se matem,” etc…

Não me lembro de ter deixado coisa alguma prá lá… Se há algo errado, se há pessoas enganando deslavadamente a quem quer que seja e disso eu venha a ter conhecimento, tomo a atitude que qualquer pessoa de caráter íntegro tem o dever de tomar. Fatos os mais comezinhos do dia a dia, para citar apenas um exemplo: filas quaisquer que sejam (bancos, supermercados, conduções): não passo na frente de ninguém- muito menos permito que passem na minha. Reclamo com educação, voz delicada, sutil mesmo, por exemplo: “minha senhora, enganou-se. A fila se inicia desse (ou daquele) lado… Vezes há, inclusive, que chego até a divertir-me abrindo o verbo (geralmente nas filas de bancos, quando falo na existência de lei que pune o estabelecimento que deixa o cliente mais do que um certo período de tempo nas ditas filas)… Interessante é notar-se que à minha voz passam a juntar-se outras mais, em coro – e logo, logo, aparece um funcionário do banco e tudo passa a funcionar como deve.

Nas ações nossas de todos os dias está assentado quem somos e o que pretendemos. Cabe indagar: QUAL SERÁ NOSSO LEGADO À POSTERIDADE?

SE NADA FIZERMOS, COMO NOS OLHARMOS NO ESPELHO? SERIA IRRESPONSABILIDADE, ATÉ MESMO UMA ’VIDA EM VÃO’.

“A vida é luta renhida, que aos fracos abate e aos fortes só faz exaltar“, escreveu Gonçalves Dias . Indico sua leitura na íntegra, amigos leitores, pois o poeta diz com muito mais propriedade sobre esse assunto do que eu poderia escrever.

A certeza de termos feito o ’nosso’ possível- mesmo que este ‘possível ‘não tenha sido o suficiente para que atingíssemos o objetivo colimado- dá à alma paz de espírito, e à razão, a prova de termos ’lutado o bom combate’, de nossa vida ser útil, digna e plena em realizações positivas.