"Teoria do Bonequinho"

Desde os primórdios até quase hoje em dia, ela sempre foi subjugada pelo homem. Comecemos pela cultura Judaico- cristão- islâmica em que se observa o princípio de toda essa perseguição e descaso que perdura em muitos lugares e recônditos de muitas cabeças humanas deste mundo com este ser tão delicado, sensível e curioso: a mulher.

Tudo começou, segundo o "mito" Bíblico, encontrado especificamente na Gênese; livro este que segue de base às três religiões mencionadas acima; poderemos verificar a famosa “Teoria do bonequinho”: bem, este nome eu mesmo que criei só para variar do padrão convencional. Esta teoria, como já é conhecida por muitos, sintetizarei de maneira mais objetiva para que possamos entendê-la melhor.

Pois bem: Deus, como sempre muito ocupado com os problemas do Universo, especificamente de um planetinha situado num ponto qualquer dentro de um sistema solar, que se dizem infinito, porém nunca provaram que seja de fato, aliás, como tudo que existe de explicação sobre o todo, são meras explicações baseadas nas condições de análise que temos da realidade que nos circunda, algo natural em qualquer ser que raciocine e pretenda se situar no lugar em que vive, pois Shakespeare estava certíssimo quando escreveu que há muitos mistérios entre o céu e a terra, que nunca nossa vã filosofia poderá explicar totalmente, resolveu pegar um pouco de barro, moldou-o e soprou com seu poder divino e transformou-o num homem que, segundo dizem, seria à imagem dele mesmo, seu criador: perfeito, puro como uma criança. Com o passar do tempo, deixando bem claro que no paraíso não havia tempo, pois este só existe para os humanos que pensam; afinal, é necessário para se situar, pois tudo tem começo, meio e fim, mas no paraíso não tinha necessidade de contar tempo de modo que tudo era eterno e absoluto; Deus sentindo que Adão andava desconsolado e "só na mão", no bom sentido, claro, fazendo mais uma de suas proezas, retirou uma de suas costelas, e fez a companheira que todo homem passou a necessitar no futuro que se viria: Eva.

Com o transcorrer dos fatos, como já disse que não dá para falar de tempo em um lugar que não existia este conceito por serem eternos, Deus orientou aos seus "bonequinhos vivos" que jamais poderiam comer do fruto de uma tal árvore que não se sabe o nome, mas como o homem tem necessidade de saber de tudo, como também já mencionado anteriormente, puseram a coitadinha da maçã no meio da história só porque é vermelha e remete a idéia que a mulher veio a sofrer depois...

Como Eva e Adão viviam como seres puros e sem malícias, e ainda não conheciam a grande delícia do prazer que se tem ao tentar a reprodução - deixando também claro que não havia necessidade de reprodução, sendo assim seres perfeitos e completos, sem carência de complementos que viessem a atrapalhar a harmonia eterna, em que viviam cantando com os passarinhos, nadando nos rios, comendo e bebendo daquilo que Deus lhes ofertava em troca de nada, pois não precisavam trabalhar nem fazer qualquer esforço físico...Tudo era gratuito e prazeroso, como se sente o feto no útero da mãe nos nove meses de gestação.

Foi então que, não se sentindo muito bem com aquele monótono e frequente estado de bem-aventurança contínuo, Eva recebeu a visita de um ser que estava justamente na árvore proibida por Deus; esse ser propôs então à Eva um mundo bem diferente, onde ela mesma seria como Deus, com pensamentos que iriam além das instâncias limitados pelo criador. Eva, como todo ser sensível, ficou deslumbrada com tamanha proposta e aceitou a oferta do ser (que dizem ser uma cobra) e comeu do fruto proibido indicado pelo ser peçonhento. Depois que comeu do fruto, ninguém segurou mais Eva; tornou-se fatal e sedutora, "como todas as mulheres que se libertam ao comer do fruto proibido"; e é justamente por isso que observamos tantas mulheres recalcadas e cheias de problemas psicológicos simplesmente por se negarem e reprimir o fruto; bem, mas isso é outra história. Voltemos então ao paraíso.

Depois que comeu do fruto, tentou convencer Adão a fazer o mesmo, e conseguiu: afinal, quem resiste à sedução de uma mulher? Deus, irado, expulsou o casal do paraíso e disse que a partir daí trabalhariam para terem o próprio sustento e a mulher sofreria ao final de cada “ciclo mensal”, caso não estivesse gerando vida.

Depois vieram os lindos filhinhos: Abel e Caim: eram tão maravilhosos que um deles matou o irmão por inveja, ciúme, ódio... E Depois vieram outros filhos, começaram a se reproduzirem entre si (entre irmãos) e povoaram a Terra.

Realmente é uma bela e trágica história, pois é apenas um dos muitos mitos que existem entre os povos espalhados pelo mundo. Este, especificamente, encontrado na Torá e que outras formações religiosas adotaram como verdadeiro, como foi o caso do Cristianismo e Islamismo, através dele podemos entender de onde tudo começou, isto é, o porquê da mulher ser condenada por conduzir o homem ao pecado; percebemos claramente que ainda trazemos arraigados em nossos entendimentos esta influência que provocou o início de tudo e que continua forte em muitas mentalidades por aí neste “mundo besta”, como já dizia o grande poeta.

P Schopenhauer
Enviado por P Schopenhauer em 05/01/2012
Reeditado em 19/07/2012
Código do texto: T3424734
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