***VIVER – UM ARTIGO DE LUXO***
***VIVER – UM ARTIGO DE LUXO***
Irlene chagas
Embora uma vida se inicie juridicamente, ainda que em fase embrionário-fetal, há quem duvide que o ser humano sinta-se ultrajado, quando em qualquer fase de sua existência, o cérebro venha a ser afetado por acontecimentos marcantes, infortúnios, ou até mesmo pelo simples impedimento e rupturas de períodos que deveriam imprescíndivelmente fazer parte da sua vida.
São valores construídos ao longo de sua história que formarão ou não, uma estrutura de caráter ética, moral e boa índole, que consequentemente far-se-á notável no homem do amanhã.
Fatalmente no decorrer deste prazo, a violência impera, a injustiça é pressuposto radical, e como se fosse uma patente, vem embutida em quase todos os acontecimentos do nosso cotidiano com parâmetros elevados, demonstrando-se preocupantes e assustadores.
Já não se ouve falar em tranqüilidade, educação e muito menos no tão sonhado direito.
A cada dia é como se vivessemos uma maratona, onde o maior desafio é apenas o de se tornar mais um entre os tantos habitantes desta terra de só-breve-viventes.
O descaso e a falta de comprometimento de um para com o outro é algo impressionante, e como se fosse pouco, reina neste mundo, um teatro de hipocrisia, uma verdadeira epopéia de mascarados, onde esta dupla face só traz a negatividade e o fenecimento da essência humana e do caráter, visando, ou melhor, ambicionando, posição social, enriquecimento ilícito e o descontrolável poder , onde num palco de governantes, de forma insidiosa, brincam com uma nação inteira, como se fossem meras marionetes, sem desejos, sem sonhos e sem almas.
A visão é caótica e de muita tristeza; crianças órfãos e famintas dormindo nas calçadas do esquecimento, outras perambulando drogadas, descalças de amor á si próprio, sem conhecimento de infância, de que seja um carinho, um colo que lhe sirvam de amparo, nem sequer sabem se existem os direitos que á elas deveriam ser direcionados na tentativa de intervir diante ás situações e de favorece-las de algum modo.
Bem próximo á esta realidade, mulheres são atacadas por verdadeiros psicopatas, que disfarçados de cônjuge, pensam ser proprietário, como se as mulheres fossem utensílios, um móvel, um terreno ou uma coisa qualquer de posse.
Olhares doentes, perdidos no nada e as cicatrizes da alma, conotam a mulher agredida e repleta de marcas psicológicas, além das físicas é claro.
Como existir um lar, se a sua principal estrutura é rompida, corrompida, e condicionada por ameaças?
Como sobreviver sem perspectivas do hoje, do agora e do próximo instante?
Talvez pudessem pensar que a “Lei Maria da Penha”, recentemente implantada, seria a solução para amenizar este problema tão bizarro e animalesco.
Mas, infelizmente apesar de ter chegado com tanto gosto de gás, esta Lei está repleta de lacunas, que a demonstram na realidade muito pouco eficaz. A inépcia nesta parte do judiciário é tão grande, que cientificamente falando, 70% (setenta por cento) destas mulheres que ousam “representar”, contra seus companheiros, são brutalmente assassinadas com uma violência tão assustadora que mais se assemelham aos rituais macabros e filmes de terror.
E as Políticas Públicas Educacionais, em que parte poderia ser inserida, diante a esta devassa subumana?
Acreditando-se que o conhecimento transforma o ser humano; a educação seria o fator principal para uma reviravolta total desde que aplicada de forma correta e consubstanciada á realidade atual.
Quem sabe como um agente transformador e propagador da importância dos valores humanos, e o quanto isto pode refletir para uma sociedade melhor, sem o “Bulling”, em todos os seus aspectos, uma sociedade justa, e se não for utopia, porque não dizer igualitária quanto ás oportunidades reais para todos.
Que mundo é este, onde viver se tornou um artigo de luxo?
Que mundo é este, onde a miséria cresce desmedidamente e que por outro lado é tido como um dos países que mais se arrecarda impostos do seu povo?
Para onde vão todos estes valores financeiros imensuráveis, uma vez que quando ao abrimos os olhos, já estamos pagando por altos impostos?
Eu queria ao menos caminhar pelas ruas sem medos de cair nos buracos dos asfaltos de tão má qualidade, ou mesmo quando estivesse de carro, poder transitar normalmente sem quebrar uma roda...ou chegar “inteira” em casa.
Eu queria poder sentar numa praça, deitar no gramado, sentir-me pelo sol e vento acariciada.
Eu queria poder voltar aquele tempo em que se podia sentar-se numa sorveteria e lambuzar com um sorvete de coco, que mais parecia um manjar dos Deuses, sem a preocupação de um assalto repentino.
Eu queria a calma e a segurança de poder olhar em outros olhos, e ver que por detrás daqueles abrolhos ainda existia um pouco de paz e esperança, e que se ainda fechássemos as pálpebras, poderíamos ainda sonhar.
Eu queria andar pelas ruas sem a preocupação de ser aviltada por algum “pungista”, porque no meu tempo nem existia este nome, e se caso eu ouvisse falar uma palavra assim, com certeza a confundiria com “fugilista”.
Contudo, atualmente a nossa “luta” é bem diferente, não chega a ser nem para se viver mais um dia, mas sim, para tentar resistir ás intempestividades de cada instante, num delírio demarcado por uma sobrevivência, onde a cada segundo celebra-se a eternidade de se viver uma vida inteira.
....( )...E aproveitem, porque ousar o sonho, “ainda” não se paga nenhuma taxa de impostos; entretanto, realiza-los é que são elas!....
Meu respeito, carinho e admiração a todos os seres humanos!!!
Irlene Chagas
Acadêmica do 7° Período de Direito
A Poetisa doAmor