UM MICO DE "FINA ESTAMPA"
Sempre que me proponho a escrever sobre novelas me esforço para não parecer chata, ou ao menos não ser injusta.
Nunca consigo, mas a culpa não é minha.
Sei que o assunto novela já espanta grande parte do público leitor deste espaço literário, todavia sendo ela a formatação de grande expressão cultural no nosso meio, infelizmente algo que dita modas e comportamentos nem sempre tão salutares, é impossível nos alienarmos sobre o que ocorre, afinal, fazemos parte desse mundo em acelerada transformação.
Aliás percebo que o pouco de mensagem boa dura muito a "pegar",
já a nocividade social, essa sim, se alastra como chuchu ao pé das serras. Fenômeno sociológico interessante...
A atual globalíssima novela das nove já parece entediar e não é só a mim. É voz corrente no nosso meio.
Lamentavelmente artistas de ponta hoje se submetem a papéis inexpressivos que mais parecem arremates finais de suas brilhantes carreiras. A velha guarda global na sua grande maioria enfrenta essa realidade. Todas as filas das nossas vidas andam...
Exemplo disso são os personagens de Eva Vilma e Renata Sorrah.
Eva Vilma, repetitiva até no "well e my god" de personagens anteriores tem uma participação dispensável no enredo da novela, humor enjoativo, algo triste de se ver para uma artista do seu porte.
Renata Sorrah, num papel de médica cientista consegue irritar a quebrar seu próprio recorde de todas as piores interpretações que fez na sua carreira pela globo afora.
Caricata , pouco natural, interpreta "adolescentemente" um personagem muito mal trabalhado.
Mais adolescente que este só mesmo o personagem de Júlia Lemertz, chato demais! Nem mesmo o Tom Hanks brasileiro o aguentou.
Desistiu no meio do caminho...
O enredo do que prometia ser de tão fina estampa caminha visivelmente para o vulgar e apelativo, várias cenas próximas das chanchadas, algo brega e pouco artístico, o que já não é novidade nas "nobres" novelas da globo, com pontuais exceções.
Tereza Cristina, a personagem de Cristiane Torloni, personalidade psicopata clássica, sem limites e sem sentimentos nobres ao ser humano "normal", apenas serve para incentivar o formol das nobres idosas socialites deste mundo afora que decerto vêem no seu personagem um modelo global de pregação da eterna- mas embalsamada -juventude a ser seguido, bem como do falso poder social vingativo e da idolatria ao dinheiro advindo do nada, conseguido fácilmente, sem lastro algum com o trabalho.
Seus strips pelos capítulos são narcisistas e lamentáveis, desconectados do contexto, vazios e dispensáveis.
Penso que seria melhor sua personagem aliviar os assassinatos praticados no enredo porque senão a novela vai terminar antes do tempo. Uffa, seria um alívio!
Aliás, matou os mais inofensivos à sua vida pessoal, esse é o maior paradoxo da sua personagem psicopata, que erra muito por ser desprovida de neurônios conectados.
Psicopatas de verdade costumam ser bem mais inteligentes...
Seu súdito e alegre gay realmente parece ser o ponto alto da novela, impecável e divertido, nos faz rir muito, o único personagem de fina estampa, ético, fiel, compromissado com o cenário, faz jus ao seu sucesso de tela, além do de Lilian Cabral que parece também ser algo "nurd" para a nossa época de total inversão de valores.
Griselda, uma "nurd" de fina estampa que não terá sossego nessa vida.
Será vítima de bullying social o tempo todo.
Era melhor ser eternamente Pereirão, ela vai acabar concluindo o que penso.
Aliás, penso também que o personagem de Lilian Cabral iniciará um desejo coletivo entre os homens do Brasil: todos vão querer uma esposa aos moldes do Pereirão, uma mulher presente e multiuso, útil para qualquer ocasião.
Sonho difícil hoje em dia...porque sequer na novela existe mais os Pereirão...como os de antigamente.
Tudo isso sinais dos tempos...muito longe daqueles de real fina estampa...