GENERAL ROMANO

Com um leve sorriso nos lábios, passos firmes, cabeça erguida,

Severino-marmiteiro caminhava pela calçada, sem nem mesmo notar quem passava ao seu lado. Esse pedreiro descobrira algo que havia radicalmente transformado sua vida de pedro-pedreiro. Ao sair da casa lotérica no centro da indiferente metrópole, ele custava a acreditar, mas era realidade: ele havia sido o único ganhador de mais de trinta e sete milhões. Dentro da lotérica, várias vezes, ele conferiu o número premiado, para ter plena certeza de que não se tratava de um equívoco.

Quando ele se certificou do inesperado fato, ele saiu, como já foi dito,

com passos firmes, mas seu coração pulsava em velocidade fórmula um, pois isso era inegavelmente uma situação que trasnformaria sua existência, como o amor de mãe muda a vida de uma criança.

Antes mesmo de ir à Caixa Econômica reclamar o seu prêmio,

pedro-pedreiro já havia começado a fazer seus planos, para si próprio e para sua família. Compraria um apartamento de luxo, uma casa na práia , um carro de fazer inveja aos seus antigos colegas de tijolo e cimento armado. As jóias para sua mulher seriam adquiridas na Quinta Avenida, em pleno coração de New York. Seus filhos passariam a estudar no melhor colégio da enorme cidade, essa fábrica de sonhos e

pesadelos. Severino-marmiteiro adquiriria também um enorme barco, para pescaria, algo de que ele muito gostava, e, é claro, ele teria que ficar duro na parada, a fim de driblar os que fatalmente viriam lhe pedir dinheiro emprestado.

Tudo isso se passava em seu cérebro de pedro-pedreiro. Esses pensamentos eram como um nevoeiro que não lhe permitia ver o que se passava ao seu redor. Assim que ele começou a atravessar a rua,

já no meio dessa, o sinal ficou vermelho, mas ele nada notou, dominado pelos seus sonhos, seus planos. Em enorme velocidade apareceu

bem na sua frente, um carrão, desses dirigidos por filhinhos de papai.

A batida foi tão forte a ponto de lançar seu operário corpo cinco metros

do lugar onde ele se encontrava. O general Romano morreu com um sorriso nos lábios, e o coração cheio de sonhos.

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 29/11/2011
Código do texto: T3362811
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.