NOSSA TELEVISÃO E O APOCALIPSE BRASILEIRO
Sempre que falamos em "cultura" ainda há os que a confundem com conhecimento e informação quando, na verdade, cultura se refere à toda diversidade de hábitos, costumes, crença, pensamentos e comportamentos vigentes numa determinada sociedade.
Assim, a televisão como meio de comunicação de massa tem um peso fundamental na formação de opinião e na condução do comportamento duma determinada "cultura".
Porém, ultimamente, e o meu desabafo aqui não é novidade alguma, ando incrivelmente impressionada com a qualidade da televisão brasileira.
Se levarmos em consideração que a televisão fechada ainda atinge um seguimento bem restrito da sociedade e que a televisão , como qualquer outro meio de comunicação, briga pela audiência, começa a ficar realmente preocupante o nível da "cultura" para qual a televisão brasileira opera.
Ou a televisão perdeu o parâmetro cultural do foco que privilegia ou estamos bem mal de cultura, o que é bem mais provável e muito triste.
O pouco que consigo assistir da programação da televisão aberta que domina o país tem sido de arrepiar a consciência.
Aos fins de semana então, parece que a telinha fez pacto com o capítulo do Apocalipse, com todo respeito ao Sagrado livro.
Está demais.
Com raríssimas exceções apresentadas pela rede Globo de televisão, deixo aqui um destaque para o último Globo repórter, cujo foco na Ilha de Madagascar foi de nos encher os olhos, os demais programas mais populares têm se igualado aos piores e mais sensacionalistas programas das demais emissoras que disputam a má qualidade.
Se tudo é pela audiência e pelo faturamento, concluo que inclusive a decadência absurda, deva gerar lucro. Que mundo! Quanto amis decadente melhor!
Fausto Silva não tem mais o que mostrar no seu programa.
Defende no seu espaço televisivo o tudo indiscutivelmente indefensável. Só bobagem.
E o povo aplaudimos porque arrancar palmas sem referências é como tirar doce de criança!Isso sim é que é fantástico! Viver do Mito televisivo " do nada que é tudo", como dizia Fernando Pessoa.
E por falar nele, não no Fernando, o Fantástico que deveria primar pelo tempo que fantasticamente consegue estar no ar, nos mostra nitidamente que tudo nesta vida tem um fim, porém, também nos comprova que devemos tentar renascer da cinzas, tal fato ali é mais fato DO QUE NUNCA FOI!
E todo Domingo a Fenix, cansada da mesmice, bate suas asas desde lá do Sábado global em busca do horário nobre do domingo...
Cadê a nobreza dos horários e das matérias?
Muito pouco do que se mostra ali se aproveita, embora a campanha pelo fim do tabagismo seja a redenção do pecado de se transformar o supérfluo e o ridículo da vida dos outros em matéria jornalística.
Temos que aguentar até a perda de peso dos fantásticos globais...é demais!
É impressionante o que o povo aguenta para angariar cultura inútil.
Parecemos avestruz, tudo goela abaixo...quietos, sem pestanejar.
Um lamento: a televisão é o retrato da nossa gente, não há como fugir desta verdade nua e bem crua.
Indigestamente, cada povo também tem a programação que merece ter. Somos qual robôs...desta era cibernética.
Taí! Para nos desligarmos ciberneticamente da péssima qualidade, só mesmo acionando o controle remoto na busca incessante duma remota qualidade televisiva.
Santo aparelhinho, este que tenta operar milagres...