ONDE ESTÃO AS ROSAS?

Na minha frente está a parede, cor-de-rosa,

de Hiroshima.

O tique-taque do relógio mostra a inexorabilidade

do passar das horas.

No caminhar do tempo as rosas de Hiroshima vão

sendo destruídas pelo verde, a cor do argent imperial; pelo

branco, a tonalidade da cocaína, o veneno que

temporariamente entorpece, pois as rosas de Hiroshima,

nas suas meigas, inocentes e jovens sensibilidades,

não conseguem encarar a cinzenta cor da realidade que as cerca.

Onde estão as rosas de Hiroshima? Nos shopping-centers

da vida? Nas esquinas dos campos de concentração alcunhados

de cidades? Nos barzinhos onde os transitórios sorrisos

são transformados em oceanos que afogam as rosas de Hiroshima?

Nos colégios da respeitável classe média, onde elas são

metamorfoseadas em Messalinas de Hiroshima?

Onde estão as rosas de Hiroshima? No interior de suas

famílias, onde constantemente imperam a violência e a explosão

das reprimidas bombas emocionais? Explosão que mata as

rosas de Hiroshima? Nos hospitais psiquiátricos onde aqueles que,

supostamente, cuidam das rosas de Hiroshima, também

são prisioneiros das hecatombes de Hiroshima?

Onde estão as rosas de Hiroshima? Nos cemitérios que,

indiferentemente, as engolem? Onde estão as rosas?

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 29/10/2011
Código do texto: T3304609
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.