OCEANO

No fundo do mar eu me escondo.

Coberto de água, entupido de espinhos.

Cravada na mente a lembrança que ficou ...

Qual cravo rasgando a carne de milenar avatar...

Sozinho, só comigo, fantasmas ao meu redor.

Me olho, e só vejo um abismo, sem fundo, sem saída, escuro.

Ao meu lado, os meus pensamentos.

Os olhos, já envidrados, só enxergam as sombras,

e ecos de passados dias.

Aonde foram parar os sonhos? Onde estão?

Pergunto, e só escuto o silêncio.

Nos meus olhos, um oceano, amazônico, adimensional,

água caindo e me afogando. Nenhum galho, nenhuma palha

a que me agarrar. Só água...

Então eu me digo: ainda me sobraram esse mar, essa água,

esse escuro, esse vazio, esse quase nada.

Erguendo a cabeça, tento respirar. A água caindo, somente

água...

Eu danço no escuro a valsa do fogo, mas constantemente

a água a me perseguir.

Caindo no abismo, me agarro ao que posso, me escorrego no

nada, envolvido que sou pelo vácuo, o breu que me envolve.

Na dança das trevas, procuro a luz, mas essa fenece.

Me abraço, e pergunto: e agora? O que sobrou? O silêncio

responde: te restou a água, o oceano, e a lembrança do que

era...

Descendo no abismo, me afogando na água, o pranto restou.

Se procuro uma luz, a estrela se apagou.

Sobrou o silêncio, ficou a pergunta: onde está a estrela que

parou de brilhar? Resposta não encontro. Só me deparo com

a água. O oceano ficou...

IRAQUE

Iraque
Enviado por Iraque em 28/10/2011
Código do texto: T3303270
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