SUBJETIVO
Ele introjeta, incorpora na psique a imagem mental da pessoa que, em pretéritos tempos, ele acreditava ser a outra metade do seu psiquismo, e foca energia nessa representação, mas não no objeto em si de sua introjeção.
Na nomenclatura referente ao agente desse comportamento, isso é caracterizado como realidade subjetiva, pois, ao contrário do que presumem os que vestem o uniforme das convenções, aquilo que o rebanho entende como estrutura objetiva jamais teria se materializado e assumido transitória dimensão fora do contexto do substancial elemento do subjetivismo, esse que transcende o incerto e minado campo da crosta de que é formado o maquiado e efêmero esconderijo da persona, essa cria elaborada pelo teatro de nossos milenares mediterrâneos ancestrais Helênicos.
Na alienante caverna da projetada façade, a humana espécimen garimpa as gotas de esquecidos copos vazios, e maquiados sorrisos, eventualmente aterrisando no inevitável e silencioso encontro consigo mesma, território do monólogo e perguntas sem respostas.
O tempo, esse "químico invisível que a tudo consome", consolida o barulho do loquaz silêncio de todos nós, unidades de um todo que, em última instância, se depara com a solidez da proverbial e atemporal parede do universo apregoado e interpretado pelos bandeirantes do vale existencialista.
Aparentemente, volvendo o cego olhar para as estruturas dos reflexos condicionados, chega-se à fantasiosa conclusão de que somos andarilhos caminhando em dissimilares veredas.
Ironicamente, quando as cortinas se fecham, anunciando o final da peça, descobrimos que pertencemos à mesma penumbra, dimensão democrática, a universal e irreversivel niveladora das cinzas da grande e fugaz fogueira das ilusões conhecida pelo epíteto de vida, essa constante página virada.
IRAQUE