Verdadeira ou falsa?

Dia desses, um colega internauta encaminhou-me e-mail, que também havia recebido de alguém, no sentido de que fosse repassado para mais pessoas, visto que uma mãe pedia ajuda quanto ao sumiço de sua filha de 13 anos de idade. O conteúdo era quase uma súplica, expondo tristeza, desespero, lamúria e, sobretudo, com esperança de que a via virtual lhe fosse útil em tal empreitada humana.

Mais tarde, o próprio colega remetente retorna para dizer que havia procurado investigar a origem de tal e-mail e que chegou à conclusão de que aquele apelo humano era fruto de uma estória falsa.

Sendo falso ou não o e-mail que recebi do amigo, repassei adiante, sem cogitar a veracidade ou não do fato, afinal, veio invocar meu clamor humano e não poderia deixar de acreditar em tal tragédia humana.

É de se observar que alguns internautas se preocupam com a veracidade dos textos que são repassados por essa via virtual. A pergunta que fica é: Vale a pena se martirizar ou perder tempo indo atrás da veracidade desse clamor? Ora, se alguém nos pede ajuda a primeira coisa que vem à cabeça é ajudar a quem faz a solicitação...

Não me incluo nessa linha dura de investigação, no sentido de saber a veracidade de toda informação que me chega às mãos via internet, através dos e-mails, por entender que o repasse de noticias entre os navegantes de internet não se vincula a qualquer meio ético de jornalismo.

Em primeiro lugar, sou daqueles que não me filio a correntes. Se há alguma endereçado a mim, vai morrer ali mesmo, porque não tenho paciência para ficar seguindo opiniões alheias sem o mínimo de coerência, como denotam as inúmeras correntes que chegam no dia a dia.

Em segundo lugar, a relação entre os seguidores da internet, no que diz respeito à informalidade e a comunicação das massas, não passa de mero entretenimento, sem vínculo obrigacional com a notícia. Afinal, são pessoas comuns que se divertem, mas, não estão trabalhando e nem prestando serviço de jornalismo. Acredita quem quer e duvida quem quer.

Em terceiro lugar, a internet, especialmente os e-mail não possuem importância no contexto de noticiário, porque emergem da liberdade e do livre arbítrio de cada um dos navegantes. Trata-se, pois, de um mundo de fantasia que contém a mistura de realidade com ficção.

Em quarto lugar, a relação entre os internautas que usam dos e-mails encerra apenas um colóquio verbal expressado pelos textos que podem ou não ser verdadeiros. As informações que daí emerge, a meu ver, nunca devem ser vistas como expressão de verdade. Encerram apenas uma conversa sem compromisso entre o informante e o informado.

Assim, quando surge um e-mail, como possível informação de que alguém está desaparecido, minha obrigação, como pessoa que se preocupa com a vida dos outros, é repassar adiante, mesmo que o fato não seja verídico, até porque não custa nada atender ao reclamo de tal natureza, pois, o único incômodo que ocorrerá com o repasse é o tempo perdido. Nada mais. Ninguém irá deixar de trabalhar ou de viver sua vida, porque recebeu um e-mail dizendo que a filha de uma pessoa desapareceu. A questão só mostra o lado frágil dos corações humanos. Se alguém quer explorar a sensibilidade das pessoas, com o fim único de fazer a notícia falsa circular, pelo menos uma coisa boa ficará demonstrada: a capacidade de mobilidade dos seres quando alguém pede ajuda.

Não obstante, o que me preocupa é quando a questão envolve a notícia de cunho jornalístico. Quem tem obrigação de repassar uma notícia são os canais oficiais colocados à disposição da população. Exemplo: sites oficiais, sites particulares no ramo de jornalismo etc. Esses, sim, têm compromisso com a verdade. Por isso, interessante que cada um de nós quando acessarmos um site venhamos a buscar exata noção da origem daquele endereço virtual. Mesmo assim, haverá complexidade nessa precaução, levando-se em consideração as tendências econômicas e políticos daquele veículo de comunicação, tais como: Esse site se vincula a qual a tendência política? Esse site tem qual o objetivo como fonte econômica? Enfim, até no mundo do jornalismo profissional a coerência das notícias está intimamente ligada à fonte intelectual do seu propósito.

Por todas essas razões, penso ser muito perigoso esse negócio de desconfiar de tudo que lemos. Acho desnecessário investigar, bastando que tenhamos noção, mesmo que sutil, da origem do veículo de comunicação.

Sucede que nenhum de nós vai consertar o mundo ante a forma em que ele se condicionou. Por trás do nosso mundo genérico que visualizamos como cidadãos honestos, há inúmeros subterfúgios que se escondem nos arcabouços do sistema. Sito a corrupção, os desmandos; as tramas políticas; os processos ditatoriais; as causa injustas; os desníveis sociais, o poder não mão de tão poucos; a exclusão social etc.etc.

Assim, aprendi que nesta vida não vale a pena ficar o tempo todo desconfiando das coisas. Pra mim, a princípio, tudo mundo é bom e honesto. As notícias que me chegam, aprendo a interpretá-las. Tiro minhas conclusões. Se quiser checar algo que seja importante, acho interessante fazê-lo.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 19/08/2011
Código do texto: T3169865