O que é o casamento senão a realização de um desejo feminino e uma obrigação sócio-cultural masculina!
Fico pensando às vezes o que leva um homem a casar-se e sem demora me coloco na situação de um presidiário das minhas próprias escolhas. Sei que os homens não são preparados para o casamento, ma s simplesmente são levados pelo torvelinho meta-empírico-cultural e trans- histórico a uma posição de construtor da sociedade. Passando a ser responsável pela manutenção de uma ordem basilar que é a formação da família. Em contrapartida toda mulher é preparada para o casamento, vindo a ser a perpetuadora da espécie, a vítima de todas as intempéries e a subjetividade da existência humana, o símbolo do amor incondicional que une o ser a sua origem transcendente.
Na sociedade pré- histórica, ou no princípio rudimentar do homo-familiae, observamos que a relação do macho para com a fêmea era a caça para a alimentação e vestuário e a proteção da prole, quase sempre ameaçada pela deficiência de habilidades físicas. Com a evolução da integração homem-natureza, causada por uma bênção ou maldição, “o raciocínio”, começamos a manipular ferramentas, construindo-as e utilizando-as para melhorar o desempenho na caça e para se defender de predadores. Tal raciocínio, trouxe a percepção que a integração de vários indivíduos viesse a aumentar a possibilidade de maior percepção de alimentos e maior proteção da prole, redesenhando a formação comunitária observada em alguns grupos de animais irracionais. Esta redefinição só passou a ser racional, quando fora percebida pelo grupo como uma definição de diretrizes comportamentais, pensadas, preestabelecidas e recondicionadas ao melhor funcionamento, criando se então a matriz empírica da normatividade inter-relacional, ou mais precisamente, a sociedade primitiva humana, a” Quadratura prisionista”.
Os dogmas dessa sociedade passou a ser observado por outros grupos homo-sapienses, que absorvendo a relação integração-benefício , redirecionou suas ações ao que trazia maior proteção e conforto. Não é a capacidade do homem de observar a natureza que o fez evoluir, isso os animais o fazem pelo instinto, a racionalidade é o redirecionamento do instinto, a redefinição do desenho natural, a recomposição do ser por ele mesmo. Nos seres irracionais a união macho-fêmea é apenas para reprodução e a formação do grupo apenas para proteção e caça. No ser homo-Sapiens, nasce a responsabilidade de se direcionar o grupo para uma nova percepção do natural, surge a necessidade de coscientizar o grupo, repensar estratégias, e educar a prole.
O homo-sapiens se destaca agora pela compreesão do mundo natural e a capacidade de redirecionar o seu destino natural. O casamento surge através da nescessidade de se manter o vínculo com esta sociedade pré histórica, onde a união, macho e fêmea define as origens da interação social. Esta interação relacional se mostra deveras difícil com a liberdade sem responsabilidade por parte do macho racional, tornando necessário novos dogmas que redirecionem para a união permanente, assim surgindo a palavra” amor” e o seu significado subjetivo de perfeição do motivo de união, contrariando todos os dogmas antigos de necessidade. Por meio deste artifício redireciona-se a relação social a seu estado original de necessidade, com a união contratual do casamento que se dá por “amor”.