Repartir, verbo divino!

“Quando todos repartem o que têm, não falta nada a ninguém.”

Jesus “partiu o pão e deu aos seus discípulos...”. Saciou a “fome” deles; fome espiritual, fome de uma certeza de que poderiam contar com esse “pão” para sempre. A Sagrada Escritura, sobretudo o Novo Testamento, está repleta de exemplos da eficiência da solidariedade e da partilha.

O que Cristo fez e nos propõe é a partilha. Partilhar faz bem. Partilhar bens materiais e espirituais. Partilhar o tempo, a atenção, a alegria, o sorriso, a felicidade. Tudo é partilhável. As nossas sobras, os nossos excessos correspondem quase sempre ao que falta a tantas pessoas. A grande maioria de nós tem o hábito de acumular, estocar coisas. O medo do futuro muitas vezes nos faz perder a noção do que realmente precisamos para viver bem. É preciso controlar nossos excessos antes que se tornem hábitos compulsivos. Além disso, nossas tendências consumistas são exploradas “inteligentemente” pelo sistema comercial.

As campanhas de solidariedade ajudam muito, lembrando-nos do grande número de necessitados e da nossa responsabilidade em fazer alguma coisa por eles, inclusive porque o governo não cumpre de modo eficaz seu papel. De fato, vemos ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.

Necessitados não faltam, recursos também não. Só é preciso equacionar o sistema, melhorar a distribuição da renda através de um programa sério de justiça social. Até lá, a peteca está em nossas mãos, mãos cristãs controladas por corações cristãos. “Façam como eu fiz...” sugere nosso Mestre. Um mestre de solidariedade, de compaixão; repartiu tudo, até a vida. O máximo que se pode esperar do Amor.

O mundo ora se apresenta como um verdadeiro “deserto”. Árido pelo secularismo, materialismo, egoísmo, individualismo... Mas não é para desanimar. Se olharmos bem a nossa volta, vamos encontrar inúmeros “oásis” de Amor traduzidos em compaixão, solidariedade e fraternidade: abrigos, orfanatos, creches, casas de recuperação, asilos e outras entidades de assistência aos necessitados. Corações santos, igualmente encontrados em tantos sacerdotes, pais de família, profissionais e autoridades. Quase sempre despercebidos... porque não estão na mídia, não dão ibope nem lucro, vivem na contramão do mundo. Colocam em prática a lição ensinada e vivida pelo Mestre: ...dar-lhes de comer, de beber, curar os doentes, devolver a alegria de viver àqueles desanimados e angustiados...

Mesmo o pouco, quando repartido, dá e sobra. O próprio Jesus demonstrou isso na Multiplicação dos pães e dos peixes. Podemos entender aqui a força do Milagre Divino a suscitar o “milagre da partilha”.

Enquanto o egoísmo, o pensar em si concentra, divide, exclui e provoca faltas..., a partilha, a solidariedade, o pensar nos outros, multiplica, faz dar e sobrar...

Se ignoramos os outros, ainda não temos o espírito de Deus em nós; temos, muitas vezes, a consciência do valor e da necessidade da solidariedade, mas ainda não adquirimos o espírito da partilha. É ele quem vai nos fazer conjugar, com todas as letras, esse Verbo Divino, capaz de mudar o mundo para melhor!

O milagre do amor pode muito. O homem e o mundo têm solução, mas ela está com o próprio povo, se contagiado pelo amor de Deus. A solução está na partilha, mas para superar todas as desigualdades sociais reinantes, ainda são poucos os corações convertidos...

Não se trata de uma revolução social, mas de justiça social pela melhor administração dos recursos que o mundo tem de sobra. Trata-se de algo urgente, sem o que o mundo caminha para o fracasso. Adeus paraíso terrestre!