Católicos e livros

CATÓLICOS E LIVROS

Uma leitora telefonou-me, reclamando a pouca variedade de livros católicos, na “Feira do Livro”. Na feira passada, Carmen e eu lançamos duas obras. Este ano, em face de compromissos anteriores, não foi possível chegar por lá, mas há planos de, no início de março fazer uma seção de autógrafos de “Teologia Moral trocada em miúdos”. A leitora queixou-se de uma verdadeira enchente de livros espíritas, esotéricos e ocultistas, na feira, em oposição a quase nada de livros católicos. Fiz ver à atenta leitora, que este não é um problema localizado apenas nas feiras do livro. As editoras católicas estão preferindo lançar trabalhos de política, sociologia, medicina alternativa e contos infantis, mais do que matérias religiosas. Junte-se a isso o desconto que os autores têm de dar às livrarias, entre 30 a 40%, repassados em descontos aos adquirentes, que, somado à baixa margem de lucro, praticamente inviabiliza a venda nessas feiras.

Mas, dizia, a baixa performance de livros religiosos entre os católicos é um fato inconteste. A grande verdade é que nossos irmãos católicos não lêem livros de formação doutrinária. Assim como, politicamente não acreditam nos candidatos católicos, eles também não lêem livros de formação, preferindo romances, auto-ajuda e até a ficção de autores alheios. É lamentável se chegar a essa conclusão, mas os católicos são os cristãos que detêm a pior formação religiosa, justamente por causa dessa inapetência ao conteúdo dos livros.

Isso tanto é fato que algumas editoras católicas, nacionais e multinacionais aqui instaladas, estão fazendo água, algumas trabalhando no vermelho, enfrentando sérias crises para fugir do “rebaixamento”, isto é, da falência. De 1998 para cá, ministrei doze cursos “Evangelização e marketing”, especificamente para padres, além de outros, para leigos, em que sacerdotes participaram. Desse convívio mais estreito adquiri a certeza: os nossos padres, salvo exceções, lêem muito pouco ou quase nada. Ora, não lendo não se atualizam e tornam-se incapazes de indicar boas leituras para seus fiéis. Quem não lê não pode recomendar. Daí ocorre o que predisse o profeta: “Meu povo se perde por falta de conhecimento” (Os 4, 6).

De outro lado, autores espíritas, esotéricos, bruxos e assemelhados, como Paulo Coelho, Zibia Gaspareto, Divaldo Franco, W. Young e outros, estão se lavando de tanto vender livros. Isso ocorre no vácuo deixado pelos católicos que, infelizmente, preferem comprar esse tipo de literatura que buscar a formação cristã. Nessa lacuna penetram crenças e idéias do tipo “todas as religiões são boas”, o que acaba relativizando a fé cristã.

Doutor em Teologia Moral