Crime e castigo
Acabo de ler um livro um tanto complicado, sem perder o explendor, mas que revela a personalidade de muitas pessoas. Crime e castigo do autor russo Feodor Dostoievski, criou em mim uma visão dupla a respeito de seres perdidos em conceitos sociais e humanitários.
O personagem principal Rascolnikov, interpreta a realidade de muitas pessoas hoje. Uma mentalidade formada num pensamento errôneo, de achar que matar alguém, seja pelo motivo que for, é algo normal.
Enquanto eu lia o mesmo, dentro de mim criava-se um turbilhão de sentimentos e questionamentos, sobre quantos iguais a Rascolnikov na nossa sociedade atual, teriam as crises de consciência, de arrependimento, ou a real crença de que matar é algo normal, simplesmente natural.
Pensei muito em quantos roubam e matam por motivos tão banais,mas não saberia compreender a mente de nenhum desses assassinos. A vida que é um dom tão precioso torna-se no livro e na realidade a cada dia que passa, mais e mais banalizada.
Crime e castigo mostra a realidade de um homem, como muitas pessoas que conheço hoje, que se afasta do convívio social, que menospreza afeto,carinhos e contatos físicos.
Demonstra ser um homem atormentado em querer ser a todo o custo, o que não é.
Um ser que após conseguir seu intento de matar e roubar, passa a sentir-se um ser superior a maioria das pessoas. Mas como tudo na vida é um ensinamento proposital a evolução do ser o livro retrata o passar do tempo e com ele mudanças no personagem do livro em si.
E com o passar do tempo absorve o castigo que lhe corrói a alma, levando-o a arroubos de culpa, que o levam a adoecer física e mentalmente. Tanto arrependimento que o faz assumir o crime cometido e entregar-se a justiça na tentativa de acalmar a sua consciência e adquirir paz.
Quantos em nossa sociedade tem tais comportamentos?
Será que perante a violência vigente encontramos crise de consciência?
Será que nossos presídios tem estrutura para reeducar alguém?
Nossa sociedade tem grandes problemas quanto a ressocialização de pessoas que cometem erros graves, pessoas perdidas por incontáveis fatores sociais e pessoais. E muitos hoje como Rascolnikov, se perdem a respeito das regras e limites que se impõem ao homem, no convívio com os demais.
Seres humanos são seres tão complexos e é sempre tão difícil, as vezes mesmo impossível, saber o intento por trás de cada ação. São tantos conflitos psicológicos vivenciados por seres desajustados, tantas culpas, tantas desconfianças em relação as outras pessoas, tanta raiva e tanta incompreensão, que se ajugentam numa ilusória crença, de que são seres extraordinários, mas eu acredito que no fundo sempre são, todos, todos mesmo, sempre são abatidos por sua própria consciência.
O que mais me chamou a atenção na leitura desse livro, " Crime e castigo " de Dostoieviski, foi a vida não ser considerada núcleo primordial.Certas pessoas hoje pretendem criar para si, uma moral, uma forma de conduta única, indissociável de sua própria consciência, e daquilo que somente ele elegeu como certo, como moralmente aceito, de si para si, e pronto.
Mas resta nisso tudo os preceitos de uma sociedade, de uma coletividade humana que não aceita essa moral individual e odiosa.
Foi de fato um livro complicado, por relatar questões sobre limites formais entre a moral e o direito, e de que forma ocorre a mútua influência entre ambos.
Mas vale a pena ler,é uma obra que se baseia numa visão sobre religião e existencialismo, focando no tema de atingir salvação pelo sofrimento, sem deixar algumas questões do socialismo e do niilismo.
Esta obra está entre as maiores da história da literatura universal.
Eu recomendo. Nos faz compreender ou ao menos refletir sobre a mente huma e seus infinitos mistérios.