ACONTECEU COMIGO !!!!!!!

"Nothing is so beautiful as spring when weeds, in wheels, shoot long and lovely and lush...

Autor: Gerard Manley Hopkins - "SPRING" (poema)

Devem ter já passado uns bons largos anos desta minha vida, de más e boas recordações (quem as não tem!!!), que a frase acima, que é o começo de um belo poema de Hopkins, me marcou positivamente, e para sempre. Trata-se de um momento inesquecível para mim, o qual, de quando em vez me visita no tumulto dos meus pensamentos misturados, em desalinho, envergonhados! Foi numa tarde de aulas, no estabelecimento de ensino, na cidade onde nasci, que tudo aconteceu. Era costume, nesse estabelecimento, e num certo dia da semana, fazer-se uma espécie de julgamento, em forma de círculo, onde estava presente um só juiz, um "arguido" e as testemunhas de "observação" acomodadas à volta da sala. Devo salientar que éramos só alunos e professor. Nessa tarde fui eu a "arguida". Havia uma cadeira, lá bem no meio, para onde eu tinha de me dirigir e tomar assento. Assim fiz, com os nervos saltitantes, o sangue mais apressado na sua correria louca dentro de mim, e as faces vermelhas que me queimavam. Eu tinha de comentar, na linguagem de Hopkins, para que todos ouvissem e me julgassem, o poema que acima menciono. Nesse dia, não sei como nem porquê, eu estava inspirada e decidida a fazer figura! As dezenas de olhos pregados em mim, ao invés de me assustarem, tiveram o efeito contrário e, aí vou eu... "Que apreciava o poema de Hopkins, porque as suas palavras me faziam VER o que ele descrevia, como o rebentar dos botões na planta, a surgir para a vida, para a natureza, com um movimento que começava dentro do ramo verde para o exterior soalheiro, cheios de beleza e de frescura ainda húmida! A graça e a actividade próprias da estação. Com o calor do sol tudo entrava em actividade e alegria. Era a beleza de tudo que nascia e que era tenro e que era perfeito!" Continuei, dentro deste estilo, com palavras minhas e ao meu jeito. Eis senão quando, ouço um comentário..."Parabéns, você compreendeu exactamente o desejo de Hopkins que era tornar o desabrochar, o mais real possível". Alguém bateu palmas e... mais palmas se seguiram. Era costume. Era a sentença mais desejada do arguido. Se ele merecia, palmas não lhe faltavam. E eu, nem queria acreditar... eu tinha merecido...Coisas simples da vida que não esquecemos jamais...

Adel
Enviado por Adel em 18/05/2011
Reeditado em 27/10/2018
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