As primeiras idéias de uma capital brasileira no centro do território nacional, deu origem a história de Brasília, localizada no coração do país. A necessidade de interiorizar a capital do país parece ter sido sugerida pela primeira vez em meados do século XVIII, ou pelo Marquês de Pombal, ou pelo cartógrafo italiano, a seu serviço, Francesco Tosi Colombina. A idéia foi retomada pelos Inconfidentes, e foi reforçada logo após a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, quando esta cidade era a capital do Brasil. A primeira menção ao nome de Brasília para a futura cidade apareceu em um folheto anônimo publicado em 1822, e desde então sucessivos projetos apareceram propondo a interiorização. A primeira constituição da República, de 1891, fixou legalmente a região onde deveria ser instalada a futura capital. Nesta época, o jovem político e candidato a presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira estava em campanha pelo interior do Brasil. Em um comício em Jataí, uma pequena cidade do interior de Goiás, ele perguntou ao povo se alguém tinha alguma pergunta; um dos eleitores ali presente, surpreendeu a todos dizendo: ” o Senhor pretende transferir a capital do Brasil para o interior como está previsto na Constituição?“. Surpreso com a pergunta inesperada vinda de um homem humilde, JK tomou neste momento uma decisão que mudaria a história do Brasil para sempre: a construção da nova cidade de Brasília seria a partir daquele momento a principal meta do seu governo. Eleito presidente em 1956, Juscelino iniciou os planos para a construção de Brasília assim que assumiu o poder. Ainda incompleta em suas obras, teve sua inauguração em 21 de abril de 1960, após um apertado cronograma de trabalho, seguindo um plano urbanístico de Lúcio Costa e uma orientação arquitetural de Oscar Niemeyer.
A transferência dos principais órgãos da administração federal para a nova capital, se iniciou e na abertura da década de 1970 estava em pleno funcionamento. No desenrolar de sua curta história, Brasília, como capital nacional, testemunhou uma série de eventos importantes e foi palco de grandes manifestações populares. Planejada para receber 500 mil habitantes em 2000, segundo dados do IBGE, ela nesta data possuía 2,05 milhões, sendo 1,96 milhões na área urbana e cerca de 90 mil na área rural. Este é apenas um dos paradoxos que colorem a história de Brasília. Concebida como um exemplo de ordem e eficiência urbana, como uma proposta de vida moderna e otimista, que deveria ser um modelo de convivência harmoniosa e integrada entre todas as classes, Brasília sofreu na prática importantes distorções e adaptações em sua proposta idealista primitiva, permitindo um crescimento desordenado e explosivo, segregando as classes baixas para a periferia e consagrando o Plano Piloto para o uso e habitação das elites, além de sua organização urbana não ter-se revelado tão convidativa para um convívio social espontâneo e familiar como imaginaram seus idealizadores, pelo menos para os primeiros de seus habitantes, que estavam habituados a tradições diferentes. Controversa desde o início, custou aos cofres públicos uma fortuna, jamais calculada exatamente, o que esteve provavelmente entre as causas das crises financeiras nacionais dos anos seguintes à sua construção. O projeto foi combatido como uma insensatez por muitos, e por outros, aplaudido como uma resposta visionária e grandiosa ao desafio da modernização brasileira. A construção de Brasília teve um impacto importante na integração do Centro-Oeste à vida econômica e social do Brasil, mas enfrentou e, como todas as grandes cidades, ainda, enfrenta, sérios problemas de habitação, emprego, saneamento, segurança e outros mais. Por outro lado, a despeito das polêmicas em seu redor, consolidou definitivamente sua função como capital e tornou-se o centro verdadeiro da vida na nação, e tornou-se também um ícone internacional a partir de sua consagração como Patrimônio da Humanidade em 1987, sendo reconhecida por muitos autores como um dos mais importantes projetos urbanístico-arquitetônicos da história.