Os europeus aqui chegaram e chamaram de índios os habitantes das Américas. Esse nome genérico foi dado por terem pensado que haviam chegado às Índias. Mesmo depois de descobrir que não estavam na Ásia, e sim em um continente até então desconhecido, os europeus continuaram a chamá-los assim, ignorando propositalmente as diferenças lingüístico-culturais. Era mais fácil tornar os nativos todos iguais, tratá-los de forma homogênea, já que o objetivo era um só: o domínio político, econômico e religioso. Se no Período Colonial era assim, ao longo dos tempos, definir quem era índio ou não constituiu sempre uma questão legal. Desde a independência em relação às metrópoles européias, vários países americanos estabeleceram diferentes legislações em relação aos índios e foram criadas instituições oficiais para cuidar dos assuntos a eles relacionados. Nas últimas décadas, o critério da auto-identificação étnica vem sendo o mais amplamente aceito pelos estudiosos da temática indígena. Na década de 50, o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro baseou-se na definição elaborada pelos participantes do II Congresso Indigenista Interamericano, no Peru, em 1949, para assim definir, no texto "Culturas e línguas indígenas do Brasil", o indígena como: "(...) aquela parcela da população brasileira que apresenta problemas de adaptação à sociedade brasileira, motivados pela conservação de costumes, hábitos ou meras lealdades que a vinculam a uma tradição pré-colombiana. Ou, ainda mais amplamente: índio é todo o indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-colombiana que se identifica etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com quem está em contato". Uma definição muito semelhante foi adotada pelo Estatuto do Índio (Lei nº. 6.001, de 19.12.1973), que norteou as relações do Estado brasileiro com as populações indígenas até a promulgação da Constituição de 1988. Em suma, um grupo de pessoas pode ser considerado indígena ou não se estas pessoas se considerarem indígenas, ou se assim forem consideradas pela população que as cerca. Mesmo sendo o critério mais utilizado, ele tem sido colocado em discussão, já que muitas vezes são interesses de ordem política que levam à adoção de tal definição, da mesma forma que acontecia há 500 anos. Os índios brasileiros são identificados como Karajá, Suyá, Kamayurá, Xavante entre outros. O termo “índio” foi dado pelos colonizadores no período de exploração do território que paralelamente disseminou essa população. Atualmente, não há distinção entre os índios, apesar de cada tribo possuir suas particularidades, nesse contexto existe somente separação entre o índio e o homem branco.
Existem controvérsias quanto ao número de índios que habitam o território brasileiro, isso sofre variações de acordo com quem desenvolve a pesquisa, por exemplo, o número de índios registrado pelo IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística) é maior que o resultado obtido pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), a última só considera aqueles que vivem em reservas. O maior percentual de índios é apresentado no Estado do Amazonas, além do nordeste e no Centro-Sul do país, especialmente no Mato Grosso do Sul. Os índios brasileiros não possuem uma cultura comum a todas as tribos e grupos indígenas. Nesse contexto, são reconhecidos no Brasil 215 grupos distintos e 180 línguas diferentes. Os índios brasileiros se diferenciam também segundo o nível de contato com o homem “civilizado.” Desses são identificados os que vivem isolados (praticamente não há contato com brancos), os integrados (falam português e trabalham em cidades), existem ainda, aqueles que mantém um contato ocasional e outros permanentes. Independente do grupo indígena, o mais importante é valorizar as culturas e os costumes típicos de um grupo étnico que corre sério risco de extinguir e não existir ninguém para testemunhar a existência de determinado grupo social. Se compararmos o número da população indígena do período que os colonizadores aqui chegaram com os números atuais vamos perceber, claramente, que houve praticamente um extermínio desse povo, a ocupação do território brasileiro se deu através da retirada dos indígenas que aqui já habitavam e durante séculos o homem, dito civilizado, promoveu uma verdadeira expulsão desse povo. Dentre muito motivos que ocasionaram a diminuição drástica da população indígena no Brasil podemos destacar a falta de reservas para sua sobrevivência, mortes ocasionadas por conflitos, além da proliferação de doenças típicas de homem branco, como gripe, sarampo, coqueluche e muitas outras que, por não possuir imunidade a essas doenças até então desconhecidas, os índios quase sempre não sobreviviam. Porém, esse processo se estabilizou a partir da década de 80 e o crescimento dessa população atinge atualmente 10%, resultado superior à média nacional de crescimento demográfico.
Os índios são indivíduos sociais, isto é, vivem em sociedade, que se alicerça num código de conduta que sabem respeitar. Tem suas leis, seus costumes, suas histórias e tradições. Embora, muitas vezes, não conheçam a escrita, possuem um vasto vocabulário, que transmitem oralmente de geração a geração. Gostam de danças e sempre cultuaram a música. Os Tupi-Guaranis constituem a família lingüística mais importante de nossa terra. Várias outras tribos, tem um papel relevante em nossa história, tais como os Tibiriças, Araribóia, Filipe Camarão (Poti) e outros. No Brasil temos a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão estatal criado em 1967, pela lei 5.371, para substituir o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
O dia do índio foi criado pelo presidente Getúlio Vargas através do decreto-lei 5540 de 1943 e relembra o dia, em 1940, no qual, várias lideranças indígenas do continente resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos “homens brancos”. Durante este congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamerciano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, mas após a intervenção do Marechal Rondon, apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio, em 19 de abril.