Vida Além da Vida

Viver, morrer, ciclo de existências que, se encarado pela ótica materialista, parece denotar fim, aniquilamento que leva ao nada; quando deve ser bem outra a realidade. Fica muito difícil acreditar em algo sem ter-se a certeza absoluta; humanamente impossível é dar ouvidos a todo tipo de opiniões; perdemo-nos em controvérsias e o que resta é a tremenda dúvida e muitas vezes a decisão final de não crer em nada ou enterrar nas entranhas do subconsciente o que vem a ser eternidade. Assim vamos vivendo, embrenhados pela ilusão inerente à vida. É a ilusão que nos faz continuar estrada a fora, enfrentando barreiras, escalando montanhas, buscando um topo que não sabemos exatamente onde está. A ilusão é como o colesterol: existe a boa e a má; aquela que nos insufla a esperança e nos prende à caminhada e a outra que faz do destino um manancial de tragédias e sofrimentos.

Saber decidir é crucial à boa existência. Diferenciar sinceridade de charlatanismo não é nada fácil. Em verdade, a ilusão não existe. Somos nós que, cercados pela dor de um lado e pelo prazer, do outro, procuramos sentido na vida dando cabeçadas só para, mais tarde, compreendermos que estávamos sendo devorados pelo próprio veneno da ilusão criada por nós mesmos; sendo artífices do nosso próprio destino podemos, a hora que desejarmos, voltar ao ponto de partida e assim sofrer menos. Isto não significa desistir dos sonhos, mas, pelo contrário, sonhar os sonhos que valem mesmo a pena. Isto exige sabedoria e esta só se adquire dentro do amor e do desapego ao mesmo tempo. O maior fator de felicidade está em espalhar sementes de amor. O medo da morte desaparece à medida que nos conscientizamos da nossa missão na terra e, a partir daí, nos esforçamos para cumpri-la. O fim da jornada trará, no descanso, a certeza do viver correto. Saber que as sementes foram plantadas por nossas mãos, e que sua semeadura, colheita e usufruto fizeram do mundo um lugar melhor, deixa no espírito a maravilhosa sensação do dever cumprido, o que faz da morte um descanso merecido e esperançoso.

Não existe a menor importância em distinguir ressurreição de reencarnação no que se refere ao destino da alma e do corpo por ocasião do que se chama morte. O homem vive por suas crenças e a Aura de cada um é preparada ao longo da existência para seguir o caminho determinado pela própria pessoa enquanto cumpre ou deixa de cumprir sua missão. Acreditar ou não pode fazer a diferença. Se acreditamos em Deus, num criador, este Poder Maior sabe com perfeição o destino de suas criaturas. O ateu, o agnóstico, ao impregnarem suas mentes com a ideia da extinção total da alma e do corpo após a morte; de que tudo retorna ao pó, ao nada, estão não mais do que imprimindo em suas Auras um desejo que pode vir a realizar-se posto que a mente cria o destino na esteira do cosmos. Não cai uma folha da árvore sem uma razão de ser, sem uma vontade pré-determinada. Isto não significa, porém, que, dentro da perfeição cósmica e da harmonia da Grande Vida, o destino dos ateus e dos agnósticos não irá, em seu devido tempo, juntar-se ao destino global das existências, pois tudo obedece a um plano maior e inexorável. É claro que as dúvidas sempre vão existir porque quem vai não volta para contar a história. A Grande Sabedoria Cósmica não permite esta espécie de clarividência; isto só serviria para atrapalhar. O homem vive para os seus sonhos, alegra-se quando os realiza e frustra-se ao não alcançar o que sonhou. A vida eterna, o paraíso, a felicidade espiritual, tudo são metas e o esforço até chegar a elas é a ferramenta comum a todos os seres humanos.

Contudo, há os entendidos, os estudiosos e os que vivenciaram experiências no campo da espiritualidade e presenteiam os menos afortunados com suas convicções. A crença que pode ou não angariar vai de encontro às opiniões do mundo. Não há teoria, afirmação, ou demonstrações que não despertem curiosidades aliadas a dúvidas, desprezos e críticas; isto é normal e a explicação está no livre arbítrio de cada um. Mas, a questão não é acreditar ou deixar de acreditar, senão interagir com o mundo no sentido de entregar-se à vida, vivendo-a intensamente. A criança que está em cada um de nós não quer saber do futuro; ele a Deus pertence. As opiniões são o que menos importa; tampouco importa a nossa opinião. O universo é um grande palco e nós os atores. Cada ato é uma existência. Buscamos representar o melhor de nós, entregando ao diretor a condução dos atos que virão a seguir. Deixemos as nossas vestes, a posição que vamos ocupar neste palco infinito, onde estaremos, como estaremos, a critério da inteligência que conhece muito melhor do que nós todas as suas entradas, saídas, enfim, sua constituição. Que demos o melhor de nós em atos, movimentos e vozes a fim de partimos tranquilos e confiantes; sabendo que, cumprida nossa tarefa, o palco vai continuar e nós, que nele representamos a vida, somos a própria vida que vive eternamente. Se somos vida, se representamos a vida e esta não morre, logicamente não existe morte, mas estágios de vida. Não morremos jamais.

Como em tudo na vida existe causa e efeito, o homem não foge à regra e a vida não foge à regra. É simples perceber isto analisando a própria natureza. Há uma transformação em todas as coisas, em todos os seus elementos; nada surge do nada. Há uma origem para todos os elementos, um começo, um processo criativo perfeito e magnânimo. O homem é o modelo de perfeição e ele reconhece Deus com sendo a origem de sua criação. Não haveria o ser humano se não fosse Deus e não haveria Deus se não fosse o ser humano, pois é o homem quem concebe Deus em seu pensamento como sendo o maior exemplo de perfeição. Ao se falar ou venerar Deus, reconhece-se o bem, o amor, os bons sentimentos, enfim, a perfeição. E sendo Deus perfeição, jamais criaria um ser, da forma que concebeu o homem, para que, ao fim de tanta luta, esforço, aquisição de sabedoria e busca, simplesmente deixasse de existir para sempre. Isto não faz sentido e contraria até a criação perfeita de Deus. Portanto, sem traumas, indagações exageradas e receios, após viver uma vida que vale a pena ser vivida, entreguemos a Ele nossa vida e nosso destino, que será o melhor, com toda a certeza, segundo a Sua vontade.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 05/04/2011
Reeditado em 09/04/2011
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