A Tecnologia EXTRATERRESTRE
Muito me admira ver como algumas pessoas se fascinam com a tecnologia desenvolvida pelo ser humano, que, convenhamos, é fantástica mesmo. Especialmente no final da década de 1980 e início da década de 90 grande parte dos indivíduos praticamente endeusava o computador, sendo que alguns até o tiveram como superior ao ser humano, principalmente depois que apareceu o Windows e os programas aplicativos. Certa vez em um debate na igreja um irmão entusiasmado fez alusão a infinita superioridade do computador frente a mente humana, me obrigando a desfazer tamanho equívoco explicando a inigualável capacidade do cérebro humano, o complexo metabolismo do nosso corpo, a eficácia das funções dos seus órgãos, a versatilidade inesgotável de seus membros, etc., mostrando que a tecnologia que nossa ciência produz jamais se aproximará, tampouco se igualará e muito menos será algum dia, mesmo que em bilhões de anos, capaz de superar a tecnologia que é a máquina humana, criada pelo maior Gênio do Universo.
Mais me admira, porém, ver como muitas pessoas de alguma inteligência se fascinam com a possibilidade da existência de extraterrestres, chegando muitos deles, bem pensantes, por sinal, a ponderar e até repetir a retórica de que os seres humanos foram criados ou são descendentes desses seres desconhecidos.
Certa vez um arquiteto amigo meu me perguntou o que eu pensava a respeito; se admitia a hipótese da existência de extraterrestres e Deus tê-los criado mais capazes mentalmente e por isto eles serem tecnologicamente mais avançados que nós. Respondi-lhe que achava uma brincadeira de mau gosto, uma forma nada sutil de mostrar menosprezo por nós considerar a hipótese de figuras tão horrendas e disformes serem mais inteligentes que o ser humano, sendo que a Bíblia diz que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Acrescentei que nas concepções comuns dos extraterrestres estava explícito o caráter despeitado e zombeteiro de quem as intuiu, pois deformavam a beleza e a inteligência.
Ele argüiu que beleza é uma questão de preferência e que nos achamos bonitos porque só vimos este conceito estético. Contra isso argumentei que, sendo ele um arquiteto, era certo que não incluiria num projeto arquitetônico algum atributo estético não funcional, querendo dizer que beleza não é somente uma questão estética, mas funcional e que nesse quesito as imagens dos extraterrestres estão completamente aquém do requerido. Basta observar o nariz, por exemplo, o deles não é preparado para sobreviver à chuva, tampouco ao frio, ao calor e a invasão de insetos, pois seu design não é anatomicamente adequado. Nossos ouvidos possuem uma concha acústica parabólica helicoidal que concentra num pequeno ponto os sinais sonoros captados nas três dimensões do espaço, conduzindo-os diretamente para a membrana e daí ao conduto auditivo, possibilitando distinguir a intensidade, distância e direção de cada som. Os aparelhos auditivos dos extraterrestres geralmente não têm essa concha, que é a orelha. Seus olhos também são inviáveis do pondo de vista foto prismático, sendo que não possuem íris, o que as câmaras fotográficas mais antigas possuíam para poder produzir até mesmo a foto mais primitiva. E, para não escrever uma enciclopédia de inviabilidades da anatomia conceitual dos extraterrestres, sua caixa craniana é descomunal, indicando que seus idealizadores são adeptos da defasada hipótese de que a capacidade cerebral está relacionada com o volume do cérebro, teoria há muito derrubada pela observação da inteligência de insetos como as formigas e as abelhas, bem como através de pesquisas avaliando o Quociente de Inteligência (QI) dos indivíduos, que mostraram uma mulher portadora da menor caixa craniana do mundo, 500cc, que alcançou o maior índice de inteligência do mundo, enquanto o homem possuidor da maior caixa, 2500cc, alcançou o menor.
Mais me admira ainda a adoração que os simpáticos da ufologia prestam a hipotética tecnologia dos óvnis, considerando-a até mesmo divina, pois chegaram ao ponto de, não apenas repetir a falácia da imigração de extraterrestres de outros mundos para povoar a terra e originar a humanidade, mas até pregar que os ETs é que criaram o Homem.
Em resposta a sua própria pergunta de como teria surgido o Homem, um senhor bastante pensador, dono de uma livraria no Centro de Porto Alegre, esclareceu que a seu ver a hipótese de o ser humano ter vindo de outro planeta em disco voador é mais coerente que a teoria da Criação a partir do barro. Perguntei-lhe então de onde o homem teria vindo para esse planeta de onde veio para a Terra. Ele respondeu que o homem poderia ter sido criado nesse planeta de onde veio. Perguntei-lhe então porque, se foi assim, o homem não podia ter sido criado aqui em vez de nesse planeta. Ele ficou sem resposta. Disse-lhe então que prestasse atenção, pois essa resistência a hipótese de o homem ter sido criado na terra tem ares de resistência a hipóteses da existência de Deus.
Quanto a tecnologia dos óvnis, por favor! Pensemos em que situações os seres humanos precisam de aparelhos e quanto mais sofisticados melhor. Observemos quanto as habilidades físicas dos seres humanos têm decaído a medida que as máquinas evoluem. Observemos quanto nossa capacidade de memorizar e calcular tem se tornado fraca a medida que usamos calculadoras e computadores. Precisamos de aparelhos quando possuímos deficiência e temos nos tornado cada vez mais inaptos por causa dos aparelhos. O ser humano perfeito de mente, braços e pernas não precisa de máquinas como cadeiras de roda elétricas, por exemplo, perna biônica, muletas, etc., tampouco alguém com o sistema auditivo perfeito precisará de aparelho auditivo. Em regra, quando jovens não precisamos de óculos e quando nossa saúde está perfeita não precisamos de remédios, tampouco de cirurgias, de aparelhos cirúrgicos sofisticados e assim por diante, sendo que o processo de cura e cicatrização nos jovens saudáveis é infinitamente mais rápido que nos idosos e pessoas não saudáveis.
Consideremos a informação comprovada de que o ser humano mais inteligente utiliza apenas oito por cento da capacidade do cérebro e imaginemos as habilidades e força mental e física que teríamos se conseguíssemos utilizar os outros noventa e dois por cento. Então veríamos pessoas dominando a força gravitacional ou lançando-se na atmosfera como foguetes apenas com impulso das pernas e controle do corpo. Certamente cruzaríamos o Universo sem o menor esforço. Poderíamos ouvir a distâncias incalculáveis, falando com um interlocutor remoto no Universo através de algum tipo de onda magnética ou eletromagnética produzida por nossas próprias vibrações.
Pensemos em quanto a tecnologia e maquinas têm nos ajudado a degradar nosso meio-ambiente e a vida no planeta e então respondamos para nós se a tecnologia que produzimos é avançada ou retrógrada; se é evolutiva ou involutiva. Depois transportemos isso para a hipótese dos extraterrestres e os imaginemos com máquinas mais sofisticadas que as nossas devastando muito mais. Aliás, muitos filmes de ficção têm mostrado extraterrestres que, depois de ter exaurido seus planetas vêm à terra para explorá-la.
Se olharmos assim, veremos quão equivocados estamos ao imaginar seres mais evoluídos que nós com máquinas, pois tecnologia realmente insuperável é a vida, seu surgimento, sua manutenção, sua reprodução e sua continuidade. Isto sim é fascinante. E essa tecnologia realmente avançada é a vida da natureza, dos animais e dos homens. Tão avançada tecnologicamente é a vida que até hoje jamais se explicou por meios científicos seu surgimento, muito embora alguns cientistas tenham reproduzido a atmosfera primordial que teria dado origem a vida por geração espontânea. Segundo a teoria, entre os elementos químicos presentes nessa atmosfera não havia oxigênio. Entretanto, pesquisas nas rochas comprovam que sempre houve oxigênio na atmosfera do planeta, sendo que a presença do mesmo produziria efeito oposto na produção de proteínas, degradando-as em aminoácidos.
Se tirarmos as máquinas e o egoísmo, a terra voltará à perfeição, o ar ficará limpo, os rios voltarão a fluir puros e cristalinos e a vida irá então se tornando gradativamente inesgotável, chegando-se ao ponto de não mais haver morte, pois não mais haveria degradação da vida.
Sendo assim, tecnologia avançada mesmo é a vida natural e estou certo que o ser humano natural, não degenerado pelo pecado (que é a perversão dos propósitos e dos meios), teria poderes e habilidades tão fantásticas que deixariam os demônios idealizadores e manipuladores da fábula dos ETs de queixo caído e eles logo pensariam em outra forma mais inteligente de engambelar os seres humanos.
Wilson do Amaral
Autor de Os Meninos da Guerra, 2003 e 2004, e Os Sonhos não Conhecem Obstáculos, 2004.