Castas Indianas
AS CASTAS INDIANAS
Não podemos compreender as enormes desigualdades da população indiana se não estudarmos o sistema de castas.
A palavra casta vem do latim castus, que significa puro. No idioma sânscrito – um dos mais antigos do mundo, nascido na região onde hoje localiza-se a Índia e que deu origem a inúmeras línguas modernas –, a palavra utilizada para designar castas é varna que significa cor.
As castas, portanto, são grupos de pessoas, ou melhor dizendo, de famílias, que se diferenciam rigidamente pelo nascimento, pela suposta pureza de origem e de cor da pele. A origem familiar da pessoa é importantíssima no sistema de castas, pois define a que casta pertence, uma espécie de sociedade estamental.
As raízes desse sistema encontram-se na formação milenar desses povos. As inúmeras invasões e a dominação dessa região por povos diversos, em vários momentos de sua longa história, criaram um tipo de sociedade que assumiu a forma de castas.
No sistema de castas as pessoas têm um status social bastante diferenciado, com direitos desiguais, ou seja, privilégios em alguns casos e deveres em outros. Apenas algumas pessoas são consideradas dignas de ocupar certos cargos ou exercer certas funções. Outros cidadãos – em geral pertencentes às castas mais baixas, que abrangem o maior número de pessoas – estão “destinados” a serem trabalhadores manuais ou domésticos.
Assim, algumas funções só podem ser exercidas pelos membros de uma determinada casta:
• Os sacerdotes de qualquer religião na Índia são normalmente brâmanes;
• Os oficiais militares são em geral xátrias;
• Os comerciantes são em sua maioria vaixás;
• O trabalho rural e manual é feito quase que somente pelos sudras, etc.
Apesar de ter sido abolido pela Constituição e ter sofrido alguns abalos com a ocidentalização e a industrialização do país, o sistema de castas ainda se mantém vivo na cultura do povo indiano. Essa forma de dominação social criou uma forte tradição, que se misturou com as religiões e ficou arraigada no modo de pensar das pessoas.
A religião hinduísta, predominante no país, reforça e legitima esse sistema de dominação. Outra religião – como o budismo e o islamismo –, que foram contrárias a esse sistema, acabaram se adaptando a ele.
Como vimos, são enormes as desigualdades sociais na Índia. Longe de serem causadas apenas por fatores político-econômicos, como ocorre em quase todos os países do mundo, essas diferenças são geradas principalmente pelo nascimento e pelas tradições. Por isso, é muito difícil alterá-las. Em sua maioria, o povo indiano aceita passivamente essas desigualdades. Portanto, qualquer alteração profunda na sociedade desse país só poderá ocorrer se forem levados em conta também os fatores étnico-religiosos e não apenas os fatores ligados a diferenças econômicas.
O lado pobre indiano é extremamente massacrado e não reage aceitando a situação como se fosse coisa do destino.
(Vilmar Vicente Gomes)
O DILEMA DAS MULHERES NA ÍNDIA
Pramila Dandavate, fundadora da Comissão Feminina de Vigilância, é de opinião que os indianos perderam o senso de justiça com a colonização: nem permaneceram indianos nem se tornaram ocidentais; por isso, não compreendem o que seja igualdade. O resultado, diz ela, é que o homem na Índia continua a ter mentalidade feudal e altamente materialista. A maioria dos casamentos ainda é arranjada pelas famílias e as pessoas se casam tendo em vista os interesses materiais. Com isso, os casamentos são, para as mulheres, um tipo de escravidão. No caso do pagamento de dotes o problema se agravou com a entrada, cada vez mais, do capitalismo. Os jovens sendo contaminados pelo sistema se casam de olho nos dotes e destroem as vidas das mulheres. Muitas mulheres terminam sendo assassinadas pelo próprio marido ou se suicidando para livrar-se das péssimas condições a que são submetidas.
O mundo discute aquecimento global, paz entre nações, economia global, etc., mas esquece de uma questão que é de igual e/ou de maior valor: as condições de vida das pessoas.
TEXTO EXTRAÍDO DA INTERNET E ADAPTADO POR *VILMAR VICENTE GOMES
Vilmar Vicente Gomes é Professor de História e Mestre em Ciências da Educação.