Relato da minha visita à Aldeia Guarani do Cantagalo
No dia 11 de Janeiro do corrente ano, integrei a comitiva dos agentes comunitários de saúde, liderada pela Enfermeira Nara Lúcia, atendendo a convite do Enfermeiro Guarani, Zico da Silva, nos deslocamos até a reserva Guarani na localidade de Cantagalo em Viamão, retribuindo a visita feita pelo enfermeiro à cidade de Butiá.
O Cacique da aldeia, Genício Borges nos esperou em Porto Alegre acompanhado pelo Enfermeiro Zico.
Genício é casado, tem 32 anos, pai de um casal de filhos, faz cinco meses que ele assumiu a liderança da Aldeia Guarani do Cantagalo, que tem 30 famílias e em torno de 220 habitantes.
Na aldeia, Genício é conhecido pela alcunha indígena Karaí Papá que em português significa Divindade da Sorte. Os aldeães comunicam-se na língua materna, o Guarani, preservando os seus costumes.
Para o índio Guarani na atualidade tornar-se Cacique é imprescindível que ele domine a língua portuguesa, para que o mesmo possa participar das atividades e reuniões fora dos limites da aldeia. Este costume vem sendo adotado pelos Guaranis porque os índios mais velhos não sabem falar em português e nota-se na aldeia que são poucos os que se comunicam no nosso idioma. Hoje os guaranis ainda são numerosos segundo o cacique e encontram-se em aldeias espalhadas pelo Brasil, Argentina e Paraguai.
Chegando a Aldeia Cantagalo, apresentou-se a nossa comitiva o Vice-caçique Jaime acompanhado pelos demais aldeães. Na ocasião da chegada, o Cacique Genício, presenteou os agentes de saúde através da Enfermeira Nara Lúcia com um pequeno tamanduá-bandeira de madeira produzido na Argentina.
Fato curioso que nos surpreendeu na chegada à aldeia foi as crianças surgindo na mata repentinamente de dois a dois com olhares desconfiados e curiosos, após mostraram-se amistosos e afáveis para com os visitantes, inclusive posando para fotografias.
Após a recepção calorosa por parte dos anfitriões, os indígenas apresentaram belíssimas peças artesanais, cuja produção e comercialização garantem sua sobrevivência. Depois da exibição das referidas peças, foram apresentadas duas lindas canções em língua Guarani emocionando a todos nós.
Terminada as apresentações, eu, representando a Assessoria de Imprensa, Maria Dolores Gomes Leão representando a SMTCAS e a Enfermeira Nara Lúcia representando os agentes de saúde falamos aos anfitriões, enfatizando a importância deste encontro e em agradecimento pela acolhida. A visita foi de uma troca de conhecimentos culturais intensa, tanto para os Guaranis quanto para nós que integrávamos a comitiva.
Para mim foi um aprendizado esta viagem, aprendi muito sobre os costumes indígenas, nós brancos temos uma dívida impagável para com os índios, nossos antepassados praticamente aniquilaram os povos que aqui habitavam, destruíram sua cultura, subjugando-os, impondo a cultura européia, a religião cristã, demonizando seu credo e toda a sua historia.
Os guaranis são um povo pacífico, simples, acolhedor, nota-se uma grande paz de espírito, uma tranqüilidade que pessoas que vivem nas cidades não conhecem, são pessoas sem malícia, puros de coração, as crianças são dóceis. O caçique Karaí Papá é um homem generoso, modesto e grande líder, aprendemos muito com ele durante os breves momentos em que estivemos em sua aldeia, uma verdadeira lição de humildade e humanidade, que com certeza todos os visitantes levarão para o resto de suas vidas.