O preço do Ideal
Ideal é fé; é crença; é objetivo. Em nosso artigo intitulado “Um dia, Uma Academia...”, publicado à pag. 03 da edição do Jornal A Voz de Poxoréo” de 17 de março de 1989, dissertamos sobre a fundação da UPE – União Poxorense de Escritores e dos Upeninos, os membros da UPE; um grupo “que, sobre tudo e todos, amam e acreditam em Poxoréo; valorizam as conquistas, as lutas,o passado, o presente, a cultura e a história poxorense”. Upeninos: um grupo que ACREDITA em Poxoréo. Acreditar é crer; é ter fé. É essa crença, o objetivo maior da UPE e dos Upeninos: Acreditar em Poxoréo, lutar e viver por isso.
Viver e lutar por ideais pode ser gratificante, mas não é nada fácil quando se tem de viver mercê do Capitalismo selvagem dos Dominantes, o segmento social responsável pela morte de um exército de idealistas e pelo massacre de ideais os mais nobres que se possa conceber. Jesus Cristo, Joana D’Arc e Tiradentes são exemplos dessa verdade. Todavia, acreditamos no idealismo e achamos que somente com ideais em nossas vidas, poderemos viver com um pouco mais de dignidade e humanidade, porquê ser idealista é, acima de tudo ser humano.
O Capitalismo massacra o ideal; espezinha o ser humano. O dinheiro dá aos que o possuem um poder demoníaco. Até um provérbio para demonstrar o poder que o dinheiro exerce sobre o homem foi criado nos Estados Unidos, a sede mundial do Capitalismo: “por um dólar, fulano é capaz de vender a própria mãe ao Diabo”. Isso é absurdo, mas é real. É o poder do metal, do ouro, do dinheiro. O poder que escraviza e que domina e que impõe; o símbolo da tirania, da ditadura e outros sistemas similares. Lutar contra as hostes do Capitalismo é um preço que os idealistas, às vezes pagam até com as próprias vidas. E isso não é extremismo de esquerda. Não! Isso é a mais pura realidade.
Nós, upeninos, idealistas caracterizados pelo amor à cultura e a tantos outros valores poxorenses, diante dos Cristos, Joanas Darques e Tiradentes do passado, somos formigas próximas dos elefantes. Em relação ao inferno que eles viveram, vivemos senão no Paraíso, mas pelo menos no Purgatório.
Na “defesa da arte e da cultura” poxorense, nosso maior obstáculo é, em um paradoxo às idéias já expostas, exatamente a falta de dinheiro. Sem dúvida alguma, se comercializássemos a nossa criatividade, talvez nós tivéssemos os recursos para a nossa luta. Só que não seríamos idealistas. Seríamos tão mercenários quanto os capitalistas. E isso nós não queremos ser. Jamais! Padecer pela falta de recursos para defendermos a cultura e os valores de todos nós, idealistas e capitalistas, é o preço que pagamos para termos o nosso ideal de cada dia. Preço que pagamos com satisfação, porque acreditamos que, em um dia muito próximo, haveremos de ver aqueles que hoje servem tão somente ao Capital, converterem-se ao Idealismo Poxorense e, como nós, senão totalmente, pelo menos um pouco do Capital que possuem investirem na luta e na “defesa da arte e da cultura” poxorense. Nisso cremos; nisso apostamos e por isso haveremos de lutar e viver!
Viva Poxoréo! Viva a cultura poxorense! Viva a UPE!
Poxoréo, março de 1989.
Izaias Resplandes