SOBRE A METALINGUAGEM DA NOVELA "PASSIONE"
Gosto de assistir e escrever sobre telenovelas porque através dos meus textos sempre deixo minha impressão pessoal valendo-me apenas da minha simples condição de telespectadora observante e que anda bastante impressionada com o fenômeno cultural da televisão e em especial com o das nossas telenovelas.
Ainda outro dia eu aqui postava um texto sob o título ' A DECADÊNCIA DA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA", no qual eu, com todo respeito, expressava apenas minha forte impressão do todo da teledramaturgia atual principalmente a da novela Passione que detém a primazia do gênero artístico de qualidade duvidosa.
Coincidência óbvia foi que depois duma semana da postagem do meu texto ouvi a rede Globo de Televisão veicular uma propaganda aos seus telespectadores para os informar de que a teledramaturgia se preocupa em discutir problemas sociais graves e assim levantar a conscientização das pessoas para seus enfrentamentos e soluções.
Claro, ninguém tem dúvidas que problemas sérios e de tão relevante importância são levados aos cenários das novelas, já deu para se perceber tal intenção, porém, frente ao "como" são levados ao público de todas as idades é que ainda tenho lá minhas dúvidas se o tiro não anda saindo pela culatra.
Portanto não questiono o conteúdo das boas intenções, diz o dito que o inferno está repleto delas, discuto apenas alguns instrumentos teledramatúrgicos da atualidade e suas possíveis drásticas consequências.
Discuto portanto a LINGUAGEM das obras.
Dentro deste contexto de pensamento quero de certa forma também cumprimentar uma METALINGUAGEM que percebi no capítulo de ontem, não sei se intencional, por parte de Sílvio de Abreu.
Não é tarefa fácil conceituar uma metalinguagem principalmente quando tão subliminarmente se percebe a sua ocorrência numa linguagem cênica. Muito curioso o que ali ocorreu.
Uma cena, então, discutia a importância irrefutável da problemática da reciclagem do lixo através duma entrevista concedida pela personagem de Irene Ravache, que ali encena brilhantemente a se apresentar como uma "perua da sucata-a rainha do lixo" que a todo custo tenta uma ascensão social a se valer então dum convite da mídia "loura e chique" da propria telinha na ideia de se autopromover a jato, igualmente como tem ocorrido na realidade daquela programação dos louros e de tantas outros por aí afora...
Ali, a personagem de Irene ganha todo o glamour de minutos, depois de apenas veicular sua imagem de semelhança loura entre os "LOUROS ENGLAMOURADOS", sem saber falar absolutamente nada conexo, tampouco primordial, SEQUER SOBRE O LIXO, todavia tornando-se uma vazia famosidade repentina sob os comentários do papagaio mais chato do Brasil, porém, sem dúvida alguma, atualmente o mais cobiçado pelas " fictícias socialites", as da nossa pobre população que só sonha com o luxo fútil, ainda que dinamitada por todos os lixos, inclusive pelos tantos da televisão atual.
Não sei se foi um lapso do Autor nessa evidente e fantástica metalinguagem novelística e social. Muito útil, sem dúvida, pena que seja para quem ousa pensar.
Ali percebi que realmente precisamos URGENTEMENTE reciclar todos os nossos lixos, e talvez seja a hora, a de começarmos a detectar todas as metalinguagens que tão subliminarmente nos dizem muito sem que absolutamente entendamos nada.
Desta vez estou elogiando um acerto talvez despercebido da novela Passione, quase uma autocrítica do pedaço todo, já com meus sinceros cumprimentos à atriz IRENE RAVACHE cuja atuação em todas as linguagens foi deveras espetacular.
PENSO QUE O SÍLVIO ESTÁ REDIMIDO DOS PECADOS DE PASSIONE.