São Paulo monopoliza apresentação televisiva

Um fato que me deixa curioso, com relação à televisão brasileira, é o monopólio da apresentação televisiva exercido, incontestavelmente, pelos profissionais de São Paulo, como se esse estado tivesse a vocação primacial da comunicação de massa, e os demais estados não.

Refiro-me especificamente à apresentação de programas de auditórios, onde se destacam Silvio Santos, Jô Soares, Hebe Camargo, Eliana, Ana Maria Braga, Faustão, Luciano Huck, Angélica, Eliane Galisteu, Gugu Liberato, Sérgio Groisman, Fernando Mesquita, Ana Rickman, Roberto Justus, Ratinho, Raul Gil, Ronnie Von, etc. contra apenas Xuxa (gaúcha),Pedro Bial e Luciana Gimenez ,do Rio de Janeiro.

E vejam que a Rede Globo, a de maior audiência, tem sede no Rio de Janeiro, centro tradicionalmente ligado a grandes artistas e comunicadores desde os primórdios do rádio e da televisão no Brasil, quase todos oriundos do rádio, dentre os quais podemos lembrar: César de Alencar, Ari Barroso, Flávio Cavalcanti, Aerton Perlingeiro, Chacrinha, etc.

Quando leio e ouço a notícia de que Hebe Camargo está deixando o SBT e assinando contrato com a Rede TV, observo a movimentação em torno das mudanças no setor que esse fato pode provocar. Muitas especulações, mas nada que inclua novos apresentadores e gente do Rio de Janeiro, um celeiro de humoristas e talentosos comunicadores.

Só se especula sobre nomes de São Paulo, nada de Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados do Norte e Nordeste, como Pará, Pernambuco e Bahia. Aliás, ninguém supera os nortistas e nordestinos na arte de comunicação. Não fosse essa vocação inata desses regionais, o Brasil seria um país certamente menos alegre e colorido.

Comparando-se, grosso modo, esse talento artístico corresponde à vocação que os gaúchos, mineiros e paulistas têm para a política, do qual resulta a imensa lista de governantes brasileiros tributados por esses estados.

De certa forma, esse hiato na seleção do primeiro time da comunicação televisiva revela um país dividido, que necessita de maior integração cultural. Fato que se repete no futebol, com o eixo Rio, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul monopolizando a mídia a favor dos seus clubes.

Há excelentes times de futebol e artistas em outros estados que fazem estrondoso sucesso regional e que são menos valorizados pela mídia nacional. O cantor Amado Batista, por exemplo, é um fenômeno de venda de discos há décadas, e continua praticamente ignorado pela crítica.

Há muitos Amados Batistas em vários setores da comunicação brasileira, excluídos do filtro preconceituoso da grande mídia dominada pelo Rio de Janeiro e São Paulo, que chega a promover, sistematicamente, alguns artistas e clubes de talento duvidoso, que são redimidos à força mesmo quando fracassam, como se não houvesse substitutos ou concorrentes.

Uma política nacional de comunicação, objeto de estudos governamentais em sintonia com a sociedade como um todo, é o que falta ao Brasil para a adoção de critérios seletivos justos para o que venha a ser o melhor em termos de mensagem e conteúdo dos meios de comunicação impressos e eletrônicos. Claro, nada de censura ou qualquer tentativa de restrição à liberdade de expressão.

Abaixo regionalismos, e viva a integração cultural nacional.

Feichas Martins
Enviado por Feichas Martins em 18/12/2010
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