JABOR FALOU E DISSE

 

Particularmente não gostamos da maioria dos comentários de Jabor. Rendo-me, contudo, às evidencias diante de seu excelente comentário no Jornal da Globo não a favor dos homossexuais, mas contra a homofobia que parece virar uma “onda” que se alastra pelo país afora. Em São Paulo, a Avenida Paulista tem sido palco de vários desses ataques. Como São Paulo sempre funciona como uma vitrine há um temor espalhado no ar no sentido de que essas atitudes animalescas, truculentas, praticadas por alguns “filhinhos de papai”, não se disseminem país adentro como se pode imaginar. Afinal, engana-se quem pensa que somos um país tolerante com os diferentes e com as diferenças.
 
Os fatos agressivos que levaram um rapaz ao hospital, em São Paulo, só puderam provocar a revolta de muitos, por conta da imprensa que os divulgou exaustivamente, inclusive provocando reação das autoridades constituídas.É bom lembrar que nem sempre a homofobia se expressa em lugares que tenham câmera, seguranças na rua, etc. Há muitos gays sendo vítimas dessa mesma homofobia de forma subliminar e dissimulada, através de outras modalidades violentas que massacram o corpo e a alma. Pra os agressores, o que menos importa e a alma enferma; pra eles o massacre do corpo funciona como uma liberação daquela homossexualidade latente que tem dentro de si. Sendo fracos como são, infelizes como são, sem objetivo de vida como estão, certamente se gloriam e se realizam ao surrar os gays, cujos pecados que cometeram é serem felizes dos seus jeitos.

Jabor foi objetivo. Cutucou no fundo do preconceito. Preconceito que não se contém em si e vira homofobia. Esta, como conseqüência, revela a podridão de uma sociedade secularizada, mas ridicularizada quando posa de moderna, terceiromilenista! Sendo o terceiro milênio definido como a “era do conhecimento”, talvez caiba perguntar ao próprio Jabor: estamos mesmo na era do conhecimento? Por que cabe nesta era um tipo de discurso de um tal Malafeia, digo, Mala Faia, digo Mala? Ele e boa parte dos seguidores perseguem os gays açodadamente, sob o falso moralismo de que “não somos contra os homossexuais, mas o homossexualismo”. O próprio Papa também usou essa retórica superada dizendo que condenava o pecado, mas perdoava o pecador! É demais conviver com as contradições de um tempo dito moderno, dominado pelo conhecimento, mas traído pelo preconceito.

“Por quem os sinos dobram”? Será por ti, Mala? Será por ti, Ahmadinejad? Ou por ti Santidade? Abre as asas sobre nós senhora liberdade!

Abaixo transcrevemos a fala desse intelectual primoroso. Dessecar sua fala seria o caso de ELABORAR  uma tese de doutorado, mas nos bastamos com as fechadas DAS SUAS PALAVRAS dirigidas aos párias para quem a pátria não desce, nem se curvará aos seus instintos primitivos. Depois do texto que se segue, pouco a gente pode dizer além, embora possamos sentir além e rezar. Nestes episódios de intolerância, a reza liberta. Libera-nos para novos caminhos em que homens e mulheres, independente do que gostem de fazer na cama se respeitem. Afinal, a estimativa de gays (salvo engano) no mundo é de apenas dez por cento da população. Portanto, quem não é gay vai dispor de mais 10% de mulheres/HOMENS para namorar, amar, casar, ter filhos. Detalhe: se esse número for maior, melhor para todos.

 

EIS O COMENTÁRIO:

 

(...) “Vocês são uns vagabundos, criminosos; vocês são uns bossais que atacam nos homossexuais a miséria sexual que vocês tem por dentro! Solitários, desamados por mulheres e homens, vocês tem ódio da liberdade dos gays, da coragem que tiveram em assumir sua identidade sexual, porque vocês não têm identidade alguma. Eles são muito mais corajosos que vocês que vivem trancados no medo e no ódio. Vocês invejam nos gays a sensibilidade que desenvolveram como minoria. Sensibilidade que vocês não atingem. Se vocês morassem no Irã seria pelo apedrejamento da Saquiné. Vão pra lá! O colega de vocês Ahmadinejad disse que lá não tem homossexual. E então? Por que é que vocês não vão atacar no Rio de Janeiro na Praia Gay em Ipanema? Há um tempo um grupo de Pitboys resolveu bater naquelas bonecas malhadas, fortíssimas, de bigode. Eles souberam, ergueram uma bandeira colorida e esperaram. Pra quê? Eles deram tanta porrada nos Playboys que todos acabaram chorando no meio fio. É! Viraram Pit-Lulus. É isso. Saudades de Madame Satã – a grande boneca guerreira que chamava pro pau uma patrulha inteira da polícia especial e, depois, ia cantar no cabaré da Lapa: “cadê Mimi, cadê Mimi”?