1 de Dezembro – Comemoração da Restauração da Independência de Portugal
História de um povo III
1 de Dezembro – Comemoração da Restauração da Independência de Portugal
O dia 1 de Dezembro é feriado em Portugal. Comemora-se o Dia da Restauração da Independência.
A Restauração da Independência é a designação dada à revolta iniciada em 1 de Dezembro de 1640 contra a tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal por parte da dinastia filipina, e que vem a culminar com a instauração da Dinastia Portuguesa da casa de Bragança.
Tudo começou em finais do séc. XVI: o rei de Portugal era D. Sebastião, décimo sexto rei de Portugal, cognominado O Desejado por ser o herdeiro esperado da Dinastia de Avis. Neto do rei João III de quem herdou o trono com apenas três anos. A regência foi assegurada pela sua avó Catarina da Áustria e pelo Cardeal Henrique de Évora. Aos 14 anos assumiu a governação do reino manifestando grande fervor religioso e militar.
D. Sebastião, jovem e aventureiro rei, habituado a ouvir as façanhas das cruzadas e histórias de conquistas além-mar, quis conquistar o Norte de África em sua luta contra os mouros. Na batalha de Alcácer Quibir, em 1578, os portugueses foram derrotados e D. Sebastião desapareceu, o que levou ao nascimento do mito do Sebastianismo. A crise dinástica que se seguiu levou à perda da independência de Portugal para a dinastia Filipina de Espanha.
• Portugal ficou, assim, sem rei, pois o monarca era muito novo e ainda não tinha filhos e não havia herdeiros diretos para a coroa portuguesa.
• Assim, quem subiu ao trono foi o Cardeal D. Henrique, que era tio-avô de D. Sebastião. Mas só reinou durante dois anos porque nem todos estavam de acordo com sua foma de governar o reino.
• Em 1580, nas Cortes de Tomar, Filipe II, rei de Espanha, foi escolhido como o novo rei de Portugal. A razão para a escolha baseou-se no fato de que Filipe II era filho da infanta D. Isabel e também neto do rei português D. Manuel, por isso tinha direito ao trono.
• Nessa época, era frequente acontecerem casamentos entre pessoas das cortes de Portugal e Espanha, o que fazia com que houvesse espanhóis que pertenciam à família real portuguesa e portugueses que pertenciam à família real espanhola.
• Durante 60 anos, viveu-se em Portugal um período que ficou conhecido na História como "Domínio Filipino". Depois do reinado de Filipe II (Filipe I de Portugal), veio a governação de Filipe III (II de Portugal) e Filipe IV (III de Portugal). Estes reis governavam Portugal e Espanha ao mesmo tempo, como um só país.
• Como é natural, os portugueses viviam descontentes e compreendiam que só uma revolução bem organizada lhes poderia trazer a libertação.
• Finalmente, um sentimento profundo de autonomia estava a crescer e foi consumado na revolta de 1640, na qual um grupo de conspiradores da nobreza pôs fim ao reinado do rei espanhol num golpe palaciano (um golpe só para derrubar o rei e o seu governo) e
aclamou o duque de Bragança como Rei de Portugal, com o título de D. João IV, 1640-1656, (cognominado O Restaurador), dando início à quarta Dinastia – Dinastia de Bragança.
• O esforço nacional foi mantido durante vinte e oito anos, com o qual foi possível suster as sucessivas tentativas de invasão dos exércitos de Filipe III e vencê-los nas mais importantes batalhas, assinando o tratado de paz definitivo em 1668.
• O dia 1 de Dezembro passou a ser comemorado todos os anos como o Dia da Restauração da Independência de Portugal, já que o trono voltou para um rei português.
• A revolução de 1 de Dezembro de 1640, continua ainda hoje a ser um símbolo não só da firme vontade dos portugueses de manter a sua independência, como um símbolo da catastrófica tentativa de União Ibérica, que inicialmente parecia um negócio interessante para as elites subsidiárias portuguesas, mas que quase levou à destruição total do país.
A expressão «de Espanha nem bom vento nem bom casamento» ainda hoje lembra aos portugueses as desvantagens das uniões com o seu vizinho.
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Praça dos restauradores em Lisboa
A Praça dos Restauradores situa-se no extremo sul da Avenida da Liberdade, mesmo acima da estação de comboios (trens) do Rossio, em Lisboa.
Facilmente reconhecível é o seu alto obelisco e pela escultura que comemora a restauração em 1640 da Independência de Portugal.
As figuras de bronze do pedestal representam a Vitória, com uma palma e uma coroa e a Liberdade. Os nomes e datas escritos em placa no lado do obelisco são os nomes das pessoas que participaram nas batalhas da Guerra da Restauração.
O Monumento foi custeado por subscrição pública, aberta em Portugal e no Brasil, e gerida por uma comissão sob a presidência do Marquês de Sá da Bandeira.
O projeto do monumento é da autoria de António Tomás da Fonseca, e as estátuas alegóricas (Independência e Vitória), da autoria de José Simões de Almeida e Alberto Nunes.
Ana Flor do Lácio (01/12/2010)