Reprovado na Fuvest e no Enem!
Ontem li o excelente artigo “Prova da Fuvest é para quem estuda em escola
particular” foi o que me deu força para continuar minha jornada como educador e professor de cursinho.
Mateus Prado Educador analisa o Enem, os vestibulares e o ensino brasileiro
Domingo Josiani (minha mulher) e eu demos aula p/ alunos que se sentiram tão mal com a prova do Enem que nem foram fazer o exame da Fuvest.
Comentário de uma aluna: - Estudei tanto e não caiu nada do que tinha estudado no Enem.
Quem sabe o que cairá no Enem?
Ontem participamos de uma palestra sobre livros de vestibulares, no CIEE. Com a acadêmica Anna Maria Martins, havia muitos pré-vestibulandos (alunos do 2º. Ano) já se preparando para os exames de 2011. LOUCURA, LOUCURA!
Depois da palestra vieram conversar conosco, sobre qual cursinho escolher?
O que responder? Somos contra o absurdo da existência dos cursinhos. Quando li Mateus Prado falando sobre “a anomalia” dos cursinhos, pensei não estamos sozinhos. Há mais gente pensando, tentando mudar.
Deixei meu comentário e é importante que se participe no IG. Abra-se uma discussão sobre a necessidade de mudanças no Enem e nos vestibulares.
http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/prova+da+fuvest+e+para+quem+estuda+em+escola+particular/c1237841966116.html#comentarios
Mateus concordo plenamente com suas colocações. Sou professor de história num cursinho comunitário para jovens carentes, e sinto-me reprovado no sistema educacional brasileiro. O resultado de meus alunos é o nosso resultado como educadores.
Aprofunde mais a questão: Por que vestibulares?
Minha geração que foi para as ruas, nas batalhas da Rua Maria Antônia nos anos da ditadura, e hoje está no poder terá uma resposta para a crise educacional?
Dilma e Zé Dirceu se lembrarão dos antigos movimentos estudantis?
No final dos anos 60 e 70, tínhamos a praga dos alunos “excedentes”, conheci amigos que ficaram sete ou oito anos fazendo exames vestibulares e não conseguiram vaga.
A França e Portugal, sem vestibulares era a utopia desejada.
Uma amiga, ex-aluna da USP, hoje (2010) está tentando fazer pós-graduação na USP. O desejado “futuro pretenso orientador”, que ela procurou propôs que ela freqüentasse o curso de pós durante dois anos como “OUVINTE”. Depois ele veria a possibilidade dela participar. Claro sem compromissos...
A USP está ou é fechada as para classes populares. O que me estimula é que vi há poucos um documentário sobre o etnólogo francês Lévis-Strauss (TV Senado), mostrando a trajetória dele na consolidação da criação da USP. Quando convidado para continuar, num segundo contrato ele recusou, e foi ao interior pesquisar tribos indígenas. Hoje ele encontraria “os mesmos índios” morando na favela do Real Parque.
Lévis-Strauss deixou a USP, resposta intelectual burguesa, a perda da revolução de 32 aos filhos dos fazendeiros de café.
Preferiu os índios aos “fazendeiros do ar” filhos burgueses. Pena, talvez se ele continuasse como professor a USP, hoje seria outra universidade.
“Tristes Trópicos”...
Força e Fé
Hugo
O artigo de Mateus Prado:
Sobre o articulista
Mateus Prado - mateusprado@usp.br - Mateus Prado cursou Sociologia e Políticas Públicas na USP. É presidente nacional do Instituto Henfil e autor de livros didáticos. Presta assessoria em Enem
Prova da Fuvest é para quem estuda em escola particular
Primeira fase teve questões de conteúdo médio e difícil e menos interpretação
28/11/2010 23:27
A primeira fase da Fuvest sempre foi marcada por reunir, na mesma prova, concepções bem diferentes. Algumas áreas apresentavam questões mais interpretativas e outras alternavam conteúdos de dificuldade média e alta - matemática é o último caso. Como sempre, a prova apresenta questões que são praticamente impossíveis de serem resolvidas por alunos de escolas públicas.
Na última reforma do seu vestibular, a Fuvest já vinha dando sinais do que poderia acontecer com sua prova. A segunda fase, que antes permitia que o candidato faltasse em até metade dos dias, simplesmente passou a obrigar o aluno a não zerar em nenhuma das matérias.
Isso pode parecer normal para o leitor, mas não é. Quem conhece a prova de matemática da segunda fase da Fuvest sabe bem que várias pessoas vão até o local do vestibular para não resolver nada. E não são só os cursos com matemática avançada em seus currículos que cobram a disciplina na segunda fase. A prova de matemática significa, para a maioria dos candidatos oriundos de escolas públicas, simplesmente a sua eliminação em um curso que cobre essa matéria na segunda etapa.
Mesmo com estes sinais, é difícil acreditar no que foi a prova de hoje. Chegou ao ponto de trazer uma questão com aqueles antigos testes de “complete a frase”. E por aí foi.
Física, química e matemática continuaram difíceis, um pouco mais que nos vestibulares anteriores. Havia questões em matemática que nem contextualizavam a pergunta e apenas apresentavam a equação para o examinado resolver.
Geografia e português, que antes eram provas com muita interpretação, mudaram radicalmente. Em geografia não bastou analisar gráficos e demais informações, era preciso ter conteúdo acumulado. Em português, a Fuvest até pediu para que o aluno indicasse frases que tivessem o "pretérito perfeito do indicativo", "sinestesia" e "aliteração". Há muito tempo a Fuvest não propunha questões assim.
Literatura, em geral, era cobrada na segunda fase. Neste ano o candidato precisava conhecer bem pelo menos quatro dos livros indicados para leitura. Outros foram citados, mas somente para contextualizar perguntas, sem que houvesse necessidade de conhecimento das obras.
História não deixou muito espaço para análise, foi quase tudo conteúdo. Biologia manteve o modelo de anos anteriores, cobrando conteúdo, mas só o que está no programa do ensino médio. Já inglês merece destaque, porque propôs análise de textos com as respostas em português, como sempre foi e como deve ser.
O novo e polêmico reitor da USP insiste em dizer que a universidade precisa continuar a fazer um vestibular próprio. Rejeita a unificação da seleção das públicas paulistas e, ainda mais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para ele, com o vestibular, a USP consegue definir e localizar claramente o perfil de aluno que deseja e garante que ele tenha vaga na instituição.
Pois então, senhor reitor, por esta prova dá para ter uma idéia do aluno que o senhor quer. Só resolvem bem esta prova alunos oriundos das escolas particulares tradicionais e alunos das poucas escolas públicas que fazem vestibulinho para selecionar alunos. Claro que, sempre passando pela anomalia que são os cursinhos pré-vestibulares em nosso sistema de ensino.
Quem teve de frequentar uma escola pública, mesmo que tenha se dedicado aos estudos e tenha conseguido alguma das poucas vagas em cursinhos gratuitos oferecidos pelas universidades públicas, com certeza ainda terá poucas chances de entrar na USP. Alguns, até agora, podem recorrer aos cursos menos concorridos, em que com menos de 40% de acertos nesta prova conseguem ir para a segunda fase. Mas até esses têm vida curta, pois a universidade já anunciou que a prioridade em sua reforma curricular é eliminar os cursos de menor concorrência.
Para o aluno paulista que fez o possível e o impossível para tentar a tão sonhada vaga em uma universidade pública, os últimos dias foram de muita tensão. E ela não termina hoje. Começou o mês com a bagunça que foi o Enem. Em seguida, fez a boa e racional prova da Unesp. Uma semana depois, fez a Unicamp, que cobrou conteúdos médios em suas questões alternativas e revolucionou, positivamente, com sua proposta de produção de textos. Terminou a maratona da primeira fase hoje, em um domingo de muito sol e calor, com uma prova conteudista e dedicada a duas dezenas de colégios particulares tradicionais e aos sistemas de ensino que impedem que o ensino médio tenha projetos pedagógicos. Pela frente, este aluno ainda tem a espera pelos resultados e as provas de segunda fase.
Cabem as perguntas: merece o estudante paulista sofrer quatro semanas seguidas e mais segundas fases para entrar na universidade? Não teria passado da hora de as estaduais paulistas unificarem seus vestibulares?
Ontem li o excelente artigo “Prova da Fuvest é para quem estuda em escola
particular” foi o que me deu força para continuar minha jornada como educador e professor de cursinho.
Mateus Prado Educador analisa o Enem, os vestibulares e o ensino brasileiro
Domingo Josiani (minha mulher) e eu demos aula p/ alunos que se sentiram tão mal com a prova do Enem que nem foram fazer o exame da Fuvest.
Comentário de uma aluna: - Estudei tanto e não caiu nada do que tinha estudado no Enem.
Quem sabe o que cairá no Enem?
Ontem participamos de uma palestra sobre livros de vestibulares, no CIEE. Com a acadêmica Anna Maria Martins, havia muitos pré-vestibulandos (alunos do 2º. Ano) já se preparando para os exames de 2011. LOUCURA, LOUCURA!
Depois da palestra vieram conversar conosco, sobre qual cursinho escolher?
O que responder? Somos contra o absurdo da existência dos cursinhos. Quando li Mateus Prado falando sobre “a anomalia” dos cursinhos, pensei não estamos sozinhos. Há mais gente pensando, tentando mudar.
Deixei meu comentário e é importante que se participe no IG. Abra-se uma discussão sobre a necessidade de mudanças no Enem e nos vestibulares.
http://ultimosegundo.ig.com.br/colunistas/mateusprado/prova+da+fuvest+e+para+quem+estuda+em+escola+particular/c1237841966116.html#comentarios
Mateus concordo plenamente com suas colocações. Sou professor de história num cursinho comunitário para jovens carentes, e sinto-me reprovado no sistema educacional brasileiro. O resultado de meus alunos é o nosso resultado como educadores.
Aprofunde mais a questão: Por que vestibulares?
Minha geração que foi para as ruas, nas batalhas da Rua Maria Antônia nos anos da ditadura, e hoje está no poder terá uma resposta para a crise educacional?
Dilma e Zé Dirceu se lembrarão dos antigos movimentos estudantis?
No final dos anos 60 e 70, tínhamos a praga dos alunos “excedentes”, conheci amigos que ficaram sete ou oito anos fazendo exames vestibulares e não conseguiram vaga.
A França e Portugal, sem vestibulares era a utopia desejada.
Uma amiga, ex-aluna da USP, hoje (2010) está tentando fazer pós-graduação na USP. O desejado “futuro pretenso orientador”, que ela procurou propôs que ela freqüentasse o curso de pós durante dois anos como “OUVINTE”. Depois ele veria a possibilidade dela participar. Claro sem compromissos...
A USP está ou é fechada as para classes populares. O que me estimula é que vi há poucos um documentário sobre o etnólogo francês Lévis-Strauss (TV Senado), mostrando a trajetória dele na consolidação da criação da USP. Quando convidado para continuar, num segundo contrato ele recusou, e foi ao interior pesquisar tribos indígenas. Hoje ele encontraria “os mesmos índios” morando na favela do Real Parque.
Lévis-Strauss deixou a USP, resposta intelectual burguesa, a perda da revolução de 32 aos filhos dos fazendeiros de café.
Preferiu os índios aos “fazendeiros do ar” filhos burgueses. Pena, talvez se ele continuasse como professor a USP, hoje seria outra universidade.
“Tristes Trópicos”...
Força e Fé
Hugo
O artigo de Mateus Prado:
Sobre o articulista
Mateus Prado - mateusprado@usp.br - Mateus Prado cursou Sociologia e Políticas Públicas na USP. É presidente nacional do Instituto Henfil e autor de livros didáticos. Presta assessoria em Enem
Prova da Fuvest é para quem estuda em escola particular
Primeira fase teve questões de conteúdo médio e difícil e menos interpretação
28/11/2010 23:27
A primeira fase da Fuvest sempre foi marcada por reunir, na mesma prova, concepções bem diferentes. Algumas áreas apresentavam questões mais interpretativas e outras alternavam conteúdos de dificuldade média e alta - matemática é o último caso. Como sempre, a prova apresenta questões que são praticamente impossíveis de serem resolvidas por alunos de escolas públicas.
Na última reforma do seu vestibular, a Fuvest já vinha dando sinais do que poderia acontecer com sua prova. A segunda fase, que antes permitia que o candidato faltasse em até metade dos dias, simplesmente passou a obrigar o aluno a não zerar em nenhuma das matérias.
Isso pode parecer normal para o leitor, mas não é. Quem conhece a prova de matemática da segunda fase da Fuvest sabe bem que várias pessoas vão até o local do vestibular para não resolver nada. E não são só os cursos com matemática avançada em seus currículos que cobram a disciplina na segunda fase. A prova de matemática significa, para a maioria dos candidatos oriundos de escolas públicas, simplesmente a sua eliminação em um curso que cobre essa matéria na segunda etapa.
Mesmo com estes sinais, é difícil acreditar no que foi a prova de hoje. Chegou ao ponto de trazer uma questão com aqueles antigos testes de “complete a frase”. E por aí foi.
Física, química e matemática continuaram difíceis, um pouco mais que nos vestibulares anteriores. Havia questões em matemática que nem contextualizavam a pergunta e apenas apresentavam a equação para o examinado resolver.
Geografia e português, que antes eram provas com muita interpretação, mudaram radicalmente. Em geografia não bastou analisar gráficos e demais informações, era preciso ter conteúdo acumulado. Em português, a Fuvest até pediu para que o aluno indicasse frases que tivessem o "pretérito perfeito do indicativo", "sinestesia" e "aliteração". Há muito tempo a Fuvest não propunha questões assim.
Literatura, em geral, era cobrada na segunda fase. Neste ano o candidato precisava conhecer bem pelo menos quatro dos livros indicados para leitura. Outros foram citados, mas somente para contextualizar perguntas, sem que houvesse necessidade de conhecimento das obras.
História não deixou muito espaço para análise, foi quase tudo conteúdo. Biologia manteve o modelo de anos anteriores, cobrando conteúdo, mas só o que está no programa do ensino médio. Já inglês merece destaque, porque propôs análise de textos com as respostas em português, como sempre foi e como deve ser.
O novo e polêmico reitor da USP insiste em dizer que a universidade precisa continuar a fazer um vestibular próprio. Rejeita a unificação da seleção das públicas paulistas e, ainda mais, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para ele, com o vestibular, a USP consegue definir e localizar claramente o perfil de aluno que deseja e garante que ele tenha vaga na instituição.
Pois então, senhor reitor, por esta prova dá para ter uma idéia do aluno que o senhor quer. Só resolvem bem esta prova alunos oriundos das escolas particulares tradicionais e alunos das poucas escolas públicas que fazem vestibulinho para selecionar alunos. Claro que, sempre passando pela anomalia que são os cursinhos pré-vestibulares em nosso sistema de ensino.
Quem teve de frequentar uma escola pública, mesmo que tenha se dedicado aos estudos e tenha conseguido alguma das poucas vagas em cursinhos gratuitos oferecidos pelas universidades públicas, com certeza ainda terá poucas chances de entrar na USP. Alguns, até agora, podem recorrer aos cursos menos concorridos, em que com menos de 40% de acertos nesta prova conseguem ir para a segunda fase. Mas até esses têm vida curta, pois a universidade já anunciou que a prioridade em sua reforma curricular é eliminar os cursos de menor concorrência.
Para o aluno paulista que fez o possível e o impossível para tentar a tão sonhada vaga em uma universidade pública, os últimos dias foram de muita tensão. E ela não termina hoje. Começou o mês com a bagunça que foi o Enem. Em seguida, fez a boa e racional prova da Unesp. Uma semana depois, fez a Unicamp, que cobrou conteúdos médios em suas questões alternativas e revolucionou, positivamente, com sua proposta de produção de textos. Terminou a maratona da primeira fase hoje, em um domingo de muito sol e calor, com uma prova conteudista e dedicada a duas dezenas de colégios particulares tradicionais e aos sistemas de ensino que impedem que o ensino médio tenha projetos pedagógicos. Pela frente, este aluno ainda tem a espera pelos resultados e as provas de segunda fase.
Cabem as perguntas: merece o estudante paulista sofrer quatro semanas seguidas e mais segundas fases para entrar na universidade? Não teria passado da hora de as estaduais paulistas unificarem seus vestibulares?