DERRUBANDO ÍDOLOS
Desculpe, humanidade, por ter que decepcioná-los, mas há idéias que são mentirosas desde a raiz. A noção de felicidade, por exemplo, é uma idéia falsa. Poucos sábios captaram essa verdade, que a felicidade é uma mentira.
Começo dando uma martelada no Buda. Sábio que acreditava na felicidade.
Buda errou. Captei uma coisa que ele, com toda sua sabedoria, deixou escapar.
Disse o iluminado que se dominássemos o nosso pensamento então viria naturalmente a serenidade, as dificuldades cessariam e paz faria morada em nossos cansados corações. Mas fazendo justiça ao príncipe Sidarta, realmente a maioria dos inúmeros problemas que “temos” são criados pela nossa interminável tagarelice mental.
Um falatório que insiste em fincar o pé em nossa mente e nos perturbar com coisas grandes, pequenas e minúsculas na vã tentativa de se controlar o mundo exterior com nossos pensamentos e preocupações. Aqui, palmas para o Buda.
Mas Gautama não foi tão fundo assim na alma humana.
Desprezou ele que há algo mais do que o palavreado mental que aflige nossa cabeça. Há algo mais submerso, mais biológico, hormonal, não sei dizer, que mesmo depois de cessadas as torrentes intensas de pensamentos, ainda persistem na perturbação da nossa paz. Algo que está além do pensamento.
Será o inconsciente? Será uma fúria hormonal a correr feito uma desvairada pelo nosso corpo?
Uma coisa que percebi pela minha própria experiência é que a felicidade é um ideal fictício, mera palavra enganadora. Inventada para que o ser humano não leve uma vida desprovida de objetivo, mas que o objetivo seja algo mesmo que nunca se alcança, a tal felicidade.
O Buda deixou escapar esse pequeno detalhe fundamental e não percebeu que a felicidade é apenas um signo sonoro ou gráfico. Inexistente, para ser mais objetivo.
Querido Nietzsche, eu também tenho um martelo para derrubar ídolos.