A morte da arte. Será?
Texto de Rubens Tiano
Para iniciar uma reflexão sobre a morte da arte é necessário primeiramente entender as premissas de tal argumento, perceber não somente a produção simbólica e cultural do cenário da arte, mas ampliar seus horizontes, diagnosticar eventos que elegem a morte como suporte e justaposição de tudo aquilo que nos cerca. Desde o início do século XX o sentido de ruptura acelera as concepções do cotidiano. Tudo aquilo que é vasculhado tende a chegar a seus limites. A morte, por sua vez é o limite da ruptura. Hoje o mundo vive este percurso. O cinema norte americano vive, em parte, da destruição, do espetáculo existente entre a fina estrutura de vida e morte. Os realities shows a mesma coisa: quem será eliminado? 2012. Calendário Maia. O Fim do capitalismo. São perceptíveis estes encaminhamentos. Foi assim com Sartre ao anunciar a morte de Deus. Não seria diferente no cenário da filosofia da arte, quando Danto se refere à morte da arte.
Claro que Danto sabe que a arte não morreu, mas vivemos no mundo do marketing, também. Nada melhor do que lançar ao mundo um slogan que estremeceria as concepções, vende mais livros. A primeira qualidade do filósofo é a inteligência. No entanto, ao ler sua reflexão o verdadeiro sentido vem á tona. A morte intitulada, nada mais é do que o estado de liberdade a qual a arte se encontra. Ela, a arte, por sua vez, já fora prisioneira da política, do Estado, do Império. Também já ficou ao cunho exclusivo da religião para depois exercer sua oculta função de mercado. Hoje a arte está mais do que nunca viva, oposta, verdadeiramente, a morte.
Tal independência quebra sua coexistência aos padrões estéticos clássicos e por ventura, seu padrão de mercadoria. Agora sim, é a arte pela arte; e ponto.
Como comercializar uma escultura de açúcar ou levar para casa um happening?
Se algo morreu, este se estende as teorias filosóficas sobre a arte, cujos padrões foram sendo tecidos um a um a partir dos fundamentos da filosofia grega, clássica, moderna. Um elo amarrado ao outro. Mas que difícil missão para os filósofos ver o amanhã como os olhos de ontem. Mesmo porque, para se entender profundamente algo, é necessário respirar junta a este. Para se entender sobre arte é necessário ser, em primeiro lugar, artista. Não existe outro caminho. Olhar para a arte, sem entrar definitivamente dentro dela é o mesmo que visitar um museu apenas por suas janelas.
A arte, em conclusão, não morreu e nunca morrerá, muito pelo contrário. Por outro lado, as concepções filosóficas sobre a arte, estas sim, estão enterradas.