Escritores portugueses II: "Já Bocage não sou..."

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805) foi o maior poeta português do século XVIII e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano (a Arcádia Lusitana foi uma célebre academia literária, também conhecida por Arcádia Olissiponense, fundada em 1757, na cidade de Lisboa). Embora ícone deste movimento literário, Bocage foi uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico, do absolutismo para o liberalismo, do tradicionalismo católico para o racionalismo.

Du Bocage, ou simpesmente Bocage, teve uma infância infeliz. Seu pai foi preso por dívidas ao Estado quando ele tinha 6 anos de idade e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos.

Desde muito novo, segundo afirma, revelou o gosto e a habilidade para versejar:

“Versos balbuciei c'o a voz da infância... “

Na verdade, tinha apenas oito anos quando improvisou a sua primeira quadra a propósito do apertão tremendo que sofrera ao assistir com seu pai a uma procissão em Lisboa.

A sua prodigiosa veia satírica começa, nesta quadrinha, a dar os primeiros passos na literatura poética:

“Fui ver a procissão de S. Francisco,

A que o vulgo chama da cidade.

E suposto o apertão, foi raridade.

Que, indo em carne, não viesse em cisco”

Aprendia por esta altura as primeiras letras e dentro dele começava a acender-se o fogo daquela inquietação de alma que o mordeu toda a vida, como confessa num dos seus sonetos:

“Das faixas infantis despido apenas

Sentia o sacro fogo arder na mente...”

Cedo, porém, a fatalidade lhe marca o destino:

“Aos dois lustros a Morte devorante

Me roubou, terna Mãe, teu doce agrado...”

Com a sua mãe desaparece a suave disciplina familiar que manteria, talvez, em doce sujeição aquele espírito livre e desordenado.

Vivia ao sabor do acaso, entregando-se com paixão a tudo, ao amor, aos divertimentos, à amizade, ao ciúme, à poesia, entregando-se a tudo sem limite, se não o que lhe impunha o coração!

Possivelmente ferido por um amor não correspondido (cedo se apaixonou por apaixonou Gertrudes, que aparece como Gertrúria em sua poesia), assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, surge nomeado guarda-marinha por D. Maria I.

Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.

Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”. Fez prolongada escala no Rio de Janeiro. Da sua estadia no Brasil, pouco se conhece, pois não existem fontes escritas credíveis. Sabe-se, porém, que viveu na Rua das Violas, que a sua extrema empatia se revelou exuberantemente e que conviveu com o Governador do Brasil, Luiz de Vasconcelos. Na cidade do Rio de Janeiro, teve certamente uma vida de boêmia, como era seu apanágio, amores tropicais que se podem entrever num poema seu escrito na época:

"... onde murmura

O plácido Janeiro, em cuja areia

Jazia entre delícias a ternura..."

Diz o "Dicionário de Curiosidades do Rio de Janeiro" de A. Campos - Da Costa e Silva, pg 48, que "gostou tanto da cidade que, pretendendo permanecer definitivamente, dedicou ao vice-rei algumas poesias, canções cheias de bajulações, visando atingir seus objetivos. Sendo porém o vice-rei avesso a elogios,e admoestado com algumas rimas de baixo calão, que originaram a famosa frase:

"quem tem c... tem medo, e eu também posso errar"

Prosseguiu a viagem para as Índias, onde chegou em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou em 1789, embarcando para Macau.

No ano seguinte regressou a Lisboa. Ao chegar, soube com tristeza que sua amada Gertrudes havia casado com seu irmão. Desgostoso, entregou-se a uma vida desregrada e boêmia.

Dotado de espírito aventureiro, passou muitas dificuldades - doenças, miséria e perseguições - motivo pelo qual, em alguns de seus poemas analisa a sua vida, comparando-a com a de Camões.

Camões, grande Camões, quão semelhante

Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!

Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,

Arrostar coo sacrílego gigante.

Como tu, junto ao Ganges sussurante,

Da penúria cruel no horror me vejo.

Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,

Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte dura

Meu fim demando ao Céu, pela certeza

De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és, mas . . . oh, tristeza! . . .

Se te imito nos transes da Ventura,

Não te imito nos dons da Natureza.

Para estabelecer essa comparação, o poeta utilizou advérbios de intensidade e conjunções comparativas: “quão”, “como” (três vezes).

Neste soneto, podemos verificar a notória influência de Camões em Bocage, na comparação que o sujeito poético estabelece entre ambos:

O destino - "quão semelhante / Acho teu fado ao meu,"

O abandono da pátria - "Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,"

Os perigos do mar - "Arrostar co’o sacrílego gigante"

A vida na Índia - "Como tu, junto ao Ganges sussurrante,"

A penúria - "Da penúria cruel no horror me vejo."

A infelicidade no amor - "Também carpindo estou, saudoso amante."

No entanto, o sujeito poético também nos aponta uma diferença fundamental que o distingue inegavelmente de Camões: “Não te imito nos dons da Natureza”. Em suma, Bocage reitera a ideia de imitar Camões na vida, mas não nas qualidades poéticas, no talento inato de um génio.

A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras.

Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades.

Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Na cadeia traduziu poetas franceses e latinos.

Só saiu em liberdade no último dia de 1798. A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o n.º 25 da travessa André Valente.

Apesar de ter recebido o auxílio de alguns amigos, acabaria por morrer doente e na miséria, numa manhã triste de Dezembro, em 21 de dezembro de 1805, um sábado, não tinha ainda 40 anos. Foi enterrado na igreja das Mercês. Conta o povo que um frade declamou um soneto nessa ocasião (e que foi tudo muito triste... e que Lisboa chorou-o sentidamente, a bem dizer, ainda hoje o chora!).

De 1800 a 1805, data da sua morte prematura, fez várias traduções do latim, dada a sua sólida formação clássica, e do francês, beneficiando obviamente do facto do avô e da mãe terem sido de origem francófona.

Em 1800, Bocage traduziu do latim dois livros da autoria de um professor brasileiro, natural da Baía, José Francisco Cardoso: Canto Heróico sobre as Façanhas dos Portugueses na Expedição de Tripoli e Elegia ao Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros D. Rodrigo de Sousa Coutinho.

Tendo em consideração a sua extrema popularidade, os livros de Bocage foram sendo publicados simultaneamente em Portugal e no Brasil até à independência deste país.

Quando, em 15 de setembro de 1865, se celebrou, nas salas do Clube Fluminense do Rio de Janeiro, o centenário do nascimento de Bocage, foi apresentada por José Feliciano de Castilho (que se encontrava no Brasil) uma proposta para se erigir um monumento ao ilustre e popular poeta. Aberta uma subscrição para esse fim foram as somas recebidas depositadas numa casa comercial que se achou envolvida na crise que se manifestou na praça do Rio de Janeiro, salvando-se apenas uma quantia pequena.

Esta contrariedade não desanimou o autor da proposta, que, indo a Portugal, conseguiu realizar o seu patriótico pensamento.

Em 1905, o "Retiro Literário Português", sediado no Rio de Janeiro, evocou sentidamente o centenário do falecimento de Bocage, com a publicação de um livro de Luiz Murat, a leitura de poemas de homenagem ao escritor, um concerto e a representação da peça de Gervásio Lobato Condessa Heloísa.

No início do século, foi relevante a actividade laboriosa do escritor brasileiro Olavo Bilac que, em páginas de grande apuro formal, divulgou a personalidade multímoda e plural de Elmano. Na sua opinião, "em Portugal, a arte de fazer versos chegou ao apogeu com Bocage e depois dele decaiu."

Em 1965, no âmbito das comemorações do bicentenário do nascimento do poeta, foi descerrado na cidade de Setúbal um busto de Olavo Bilac, oferecido pela Academia Brasileira de Letras. Por sua vez, o governo português ofereceu ao Brasil um busto de Bocage, que se encontra na cidade do Rio de Janeiro.

Bocage está amplamente representado no panorama editorial brasileiro. É possível encontrar atualmente várias edições bocagianas no mercado brasileiro. Livros que contemplam as várias vertentes da sua obra: a poesia erótica, lírica, satírica e epigramática, a tradução e as anedotas que lhe são atribuídas. Segundo o Professor Artur Anselmo, no nordeste brasileiro existe uma figura mitológica que se formou a partir dos nomes de Camões e de Bocage: Camonge. Um tributo relevante àqueles que são, eventualmente, os dois poetas portugueses mais perto das raízes populares.

Anedotário atribuído a Bocage

Bocage está muito para além do anedotário que lhe é atribuído. A avaliação da sua obra é, por vezes, feita a partir de conceitos redutores que a empobrecem sobremaneira.

Alguns estudiosos confundem erotismo com pornografia e vinculam o poeta a mais um estigma, por puritanismo, desinformação ou por seguirem cegamente a tradição eivada de preconceitos de caráter sexual.

Um outro estereótipo que menoriza o poeta prende-se com o extenso anedotário que lhe é atribuído. Na verdade, a generalidade das pessoas identifica Bocage, de imediato, com as anedotas, tantas vezes primárias, que proliferaram na sociedade. Designadamente na primeira metade do século XX, o espírito ávido de editores sem escrúpulos foi perpetuando esta fraude, através de edições sucessivas e de inúmeras tiragens, indo ao encontro da procura assinalável de um público culturalmente indigente.

Com efeito, da sua pena contundente saíram sátiras impiedosas, críticas ao modelo de sociedade, ao governo, aos poderosos de uma maneira geral. O novo- riquismo, a mediocridade, as convenções sociais, o clero, os médicos, os avarentos e os literatos, entre outros, também foram objeto da sua observação rigorosa e da sua crítica corrosiva.

Recorde-se que a anemia e a estagnação que caracterizavam a sociedade portuguesa de finais do século XVIII eram um espartilho para uma personalidade que estava muito para além da mentalidade da época. Co-existiam em Bocage a sensibilidade extrema, a ousadia aberta, a percepção agúda da realidade, a emotividade exuberante e o imenso talento que fizeram com que entrasse em rota de colisão com o poder (o que lhe valeu ter sido preso e entregue às malhas mutiladoras da Inquisição).

Com a revolução do Vinte Cinco em Abril de 1974, em portugal, Bocage, poeta da Liberdade e do inconformismo, foi sendo cada vez menos o protagonista do anedotário popular. A liberdade de expressão, finalmente readquirida, deslocou o "epicentro" das anedotas para outros autores. Com ampla vantagem para o Bocage sonetista , tradutor rigoroso, sátiro impiedoso, polemista incansável e arauto de uma sociedade em sintonia com os valores mais nobres da natureza humana.

Bocage lírico

Foi, sem dúvida, na poesia lírica que o talento bocagiano se realizou de modo particular. Cultivou a lírica elegíaca, a bucólica e a amorosa, exprimindo-as em idílios, odes, epigramas, cantatas, elegias, canções, epístolas, cançonetas, sonetos, nos poemas longos, salvo contadas exceções, Bocage não se realiza plenamente: talvez porque, neles, fosse compelido a enquadrar-se dentro do convencionalismo neoclássico, ou porque exigissem um fôlego muito mais amplo do que lhe era permitido pela baixa rotação de seu mundo interior. De qualquer forma, tais composições inibiram, em vez de estimularem, o voo poético a Bocage: as normas arcádicas enrijeciam-lhe demasiadamente o verso e coarctavam-lhe a inspiração. Como pré-romântico que foi, pois libertou-se das teias da razão, extravasou com intensidade tudo o que sentia na alma, torrencialmente expressou seus sentimentos.

A poesia lírica de Bocage apresenta duas vertentes principais: uma, luminosa, etérea, em que o poeta se entrega inebriado à evocação da beleza das suas amadas (Marília, Jónia, Armia, Anarda, Anália), expressando a sua vivência amorosa torrencial:

Eu louco, eu cego, eu mísero, eu perdido De ti só trago cheia, oh Jónia, a mente; Do mais e de mim ando esquecido.

Marília, nos teus olhos buliçosos Os Amores gentis seu facho acendem; A teus lábios, voando, os ares fendem terníssimos desejos sequiosos.

Teus cabelos subtis e luminosos Mil vistas cegam, mil vontades prendem; E em arte aos de Minerva se não rendem Teus alvos, curtos dedos melindrosos.

Reside em teus costumes a candura, Mora a firmeza no teu peito amante, A razão com teus risos se mistura.

És dos Céus o composto mais brilhante; Deram-se as mãos Virtude e Formosura, Para criar tua alma e teu semblante.

Outra, nocturna, pessimista, depressiva em que manifestou a incomensurável dor que o tolhia, devido à indiferença, à traição, à ingratidão ou à " tirania" de Nise, Armia, Flérida ou Alcina.

Na sua obra prevalece a segunda vertente mencionada, o sofrimento, o "horror", as "trevas", fato que o faz, com frequência, ansiar pela sepultura, "refúgio me promete a amiga Morte", como afirma nomeadamente.

A relação que teve com as mulheres era também melindrosa, precária. O ciúme "infernal" roubava-lhe o sono, acentuava-lhe a depressão.

Bocage considerava que a desventura que o oprimia era fruto de um destino inexorável, irreversível, contra o qual nada podia fazer. A "Fortuna", a "Sorte", o "Fado", no seu entender, marcaram-no indelevelmente para o sofrimento atroz, como se depreende dos seguintes versos:

"Chorei debalde minha negra sina", "em sanguíneo caráter foi marcado pelos Destinos meu primeiro instante"

Outro aspecto relevante a ponderar na avaliação da poesia de Bocage é a dialética razão/sentimento. Com efeito, existe um conflito aberto entre a exuberância do amor, também físico, a sua entrega total, e a contenção e a frieza do racional:

"Razão, de que me serve o teu socorro? Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo; Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro".

Bocage sonetista

Os sonetos são, na verdade, o mais alto sopro de seu talento lírico, a tal ponto que Bocage é invariavelmente considerado um dos três maiores sonetistas portugueses, ao lado de Camões e Antero. Foi do primeiro que aprendeu a lição referente ao corte do soneto, mas acrescentou-lhe novos dados de pessoal e singular intuição lírica: certo irracionalismo e confissões dramáticas de experiências vivas na carne lacerada.

Os sonetos documentaram-lhe a vida por dentro e por fora: testemunhos de suas andanças e tormentos de alma. Constituem verdadeiras páginas de um diário íntimo, com a particularidade de descreverem um pessimismo intrínseco e pela constante presença da morte.

Conformando-se com os reveses da Sorte

Se o Destino cruel me não consente

Que o ferro nu brandindo, irado e forte,

Lá nos horrendos campos de Mavorte,

De loiros imortais guarneça a frente;

Se proíbe que, em sólio refulgente,

Faça os povos felizes, de tal sorte,

Que o meu nome, apesar da negra Morte,

Fique em padrões e estátuas permanente;

Se as suas ímpias leis inexoráveis

Não querem que os mortais em alto verso

Cantem de mim façanhas memoráveis,

Submisso à má ventura, ao fado adverso,

Ao menos por desgraças lamentáveis

Terei perpétua fama no Universo.

De si próprio nos deixou um auto retrato, um soneto que fala de si mesmo, uma descrição, onde é notável o emprego da classe dos adjetivos como se observa nas seguintes palavras: magro, azuis, moreno, meão, triste, alto, pequeno, incapaz, propenso, níveas, escura, infernais, letal, devoto, pachorrento. Interessante é que o soneto tem seu início com um adjetivo (magro) e sua conclusão também se faz com outro adjetivo (pachorrento):

Magro, de olhos azuis, carão moreno,

Bem servido de pés, meão na altura,

Triste de facha, o mesmo de figura,

Nariz alto no meio, e não pequeno;

Incapaz de assistir num só terreno,

Mais propenso ao furor do que à ternura,

Bebendo em níveas mãos por taça escura,

De zelos infernais letal veneno;

Devoto incensador de mil deidades

(Digo, de moças mil) num só momento,

E somente no altar amando os frades;

Eis Bocage, em quem luz algum talento;

Saíram dele mesmo estas verdades

Num dia em que se achou mais pachorrento.

Títulos e edições principais da obra poética de Bocage:

. Rimas, 3 volumes, Lisboa 1791, 1799 e 1804;

. Obras Completas, Rio de Janeiro, 1811;

. Rimas, 4º volume (precedido de um discurso sobre a vida e escritos do poeta por José Maria da Costa e Silva), Lisboa, 1812;

. Rimas, 5º volume, Lisboa, 1813;

. Rimas, 6º volume, Lisboa, 1814;

. Obras poéticas (7 volumes), Lisboa, 1849-50;

. Poesias (6 volumes), edição de Inocêncio Francisco da Silva, com um estudo de Rebelo da Silva, Lisboa, 1853;

. Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas, Lisboa, 1854;

. Poesias (Seleção - Coleção Clássicos da Sá da Costa), Lisboa 1942;

. Sonetos e Poesias Várias, com prefácio de Vitorino Nemésio, Coleção Clássicos Portugueses, Lisboa, 1943;

. O Livro das Fábulas, Lisboa 1930, com ilustrações de Julião Machado;

. Obras Escolhidas (2 volumes) com prefácio e notas de Hernâni Cidade e ilustrações de Lima de Freitas, Lisboa, 1969;

. Opera Omnia (3 volumes) publicados sob a direção de Hernâni Cidade, Lisboa 1969-70;

. Poesias de Bocage com prefácio de Margarida Barahona na Coleção Textos Literários, Serra Nova, Lisboa 1981;

. Antologia Poética, seleção e introdução de Mª Antónia Carmona Mourão e Mª Fernanda Pereira Nunes, Bib. Ulisseia de Autores Portugueses, Lisboa.

A 15 de setembro, data de nascimento de Bocage, é feriado municipal na belíssima cidade portuguesa de Setúbal, terra natal do poeta que em sua homenagem inaugurou o seu monumento em 1871.

Todos os anos Setúbal dedica esse dia à memória do grande poeta, celebrando ao mesmo tempo o dia da cidade. Este ano de 2010 as Comemorações Bocagianas decorreram entre os dias 10 e 26 de setembro com um extenso programa de actividades essencialmente culturais.

Já Bocage não sou!... À cova escura

Meu estro vai parar desfeito em vento...

Eu aos céus ultrajei! O meu tormento

Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura

Em prosa e verso fez meu louco intento.

Musa!... Tivera algum merecimento,

Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria

Brade em alto pregão à mocidade,

Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade

Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,

Rasga meus versos, crê na eternidade!

Ana Flor do Lácio (01/11/2010)

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 01/11/2010
Reeditado em 01/11/2010
Código do texto: T2590495
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