DOM HÉLDER, LULA E PAULO FREIRE.
Dom Hélder, antes de morrer, disse na Rádio Jornal do Comércio de Pernambuco: "vocês pensam que o povo não pensa? O povo pensa"! Hoje, transformada em vinheta, a mensagem do DOM é sempre repetida por aquela emissora, como que nos querendo lembrar do Dom e das suas sábias palavras.
Às vezes me pego "viajando" e não me canso de observar como o sentimento popular é vivo, independente de formação intelectual. Evidente que a tradição libertária de Pernambuco tem forte influência nessa construção do "pensar crítico", bem na visão paulofreireana. A fonte de Paulo Freire foi o Cabo de Santo Agostinho. Foi lá que ele esboçou grande parte da sua revolucionária pedagogia. Foi lá que ele sentiu o sentimento dos mais simples, inclusive dos oprimidos trabalhadores da cana de açúcar.
Talvez a nova forma de se pensar educação neste país tenha sido calcada em Paulo Freire. Sem dúvidas ele fez escola, literalmente, na medida em que desmistificou o ato de pensar tornando-o livre da ortodoxia educacional então vigente. Isto pode ser compreendido melhor quando vemos o ESTADO resgatando "saberem populares”, permitindo que as pessoas sejam incluídas nos processos de trabalho concomitante às suas titulações. Na área da saúde, o Ministério da Saúde criou o PROFAE - cuja função principal era dar formação de nível médio aos trabalhadores que já exerciam na prática atividades de enfermagem.
Na graduação superior muita coisa mudou neste sentido. Mas as mudanças mais significativas aconteceram em função de um governo popular que teve a coragem de romper com as oligarquias do conhecimento. Tudo no mesmo conceito educacional em que ler e escrever só se convertem em educação se provocarem mudanças de comportamento; se quem ler e escrever tiver dentro de si o sentimento do mundo; se quer ler e escrever tiver dentro de si a crítica cidadã para cumprir com seus deveres e exigir os seus direitos.
Certamente que Dom Helder tem muito a ver com Paulo Freire que, por sua vez, tem muito a ver co o Presidente Lula. O Dom foi pernambucanizado, os outros dois o são por nascimento e por vocação libertária. Os três têm em comum a certeza de que o POVO PENSA! Se quisermos uma quarta pessoa, temos Gilberto Freyre, aquele de "Casa Grande e Senzala". No diapasão libertário, Miguel Arraes, Joaquim Nabuco, Dantas Barreto. Esses, certamente, ajudaram o povo a ter certeza que pensa.