FIO TERRA – PARAFILIA?

O mundo nunca esteve cercado de tantos meios e veículos de comunicação. Se existe comunicação efetiva entre as pessoas, é um questionamento que temos que fazer diante de das diversas formas que a sociedade estabelece para convivência social. Independente de qualquer posição teórico-conceitual, o homem moderno ainda “trava” diante de sua sexualidade. Parece que esse universo que reúne nossa intimidade afetiva e sexual, permanece envolto em mistérios tal qual no passado mais remoto. Paira a favor desse raciocínio a liberação sexual provocada pelo capitalismo e pela evolução das mulheres que, gradativamente, tem mudado seu perfil  “doméstico” sedimentado pela cultura, além de ocupar espaços significativos no mercado de trabalho. Acrescentes-se a isto o avanço das nossas escolas ao inserirem educação sexual para os alunos nos três níveis de ensino.

Como todo esse aparato de comunicação e liberdade de imprensa, dos veículos de comunicação abertamente trazerem as questões do sexo e da sexualidade, SEXO ainda é um tema que deixa muita gente “ruborizada” como nos tempos em que Freud verbalizava essa expressão. As formas de concepção do que seja bom ou ruim moderno ou conservadores, nojentos ou limpos, são diversificadas na prática sexual. Popularmente, escutamos dizeres tipo: “o que se passa na cama é segredo de quem ama”; “Entre quatro paredes vale tudo”. Mas sabemos que nem sempre “entre as quatro paredes vale tudo”, embora muitos gostem de verbalizar que executam certas práticas pouco convencionais na cama, sabe-se que representam apenas de afirmação machista – internamente  não concordam, mas servem para consolidar o “verniz” da modernidade que tende a exigir das pessoas posturas nem sempre condizentes com a realidade delas.

Nesse conjunto de práticas pouco ortodoxas, as PARAFILIAS ocupam um lugar ainda desconhecido em sua essência, exceto aquelas mais socializadas como o EXIBICIONISMO E VOYEURISMO. Sendo a Parafilia, grosso modo, um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. A seguir destacaremos as principais parofilias, resumindo aspectos gerais do que representam na prática:

01 - MAIEUSOFILIA é uma PARAFILIA que consiste em sentir excitação sexual com mulheres grávidas e/ou pela visualização de partos.

02 - SADOMASOQUISMO refere-se a relações entre tendências diferentes entre pessoas buscando prazer sexual. O termo sadomasoquismo seria a relação entre tendências opostas, o sadismo e masoquismo. Sadismo, pelo prazer de proporcionar sofrimento ao outro; Masoquismo, pelo prazer que o indivíduo sente em função do sofrimento que o outro lhe proporciona.

03 - FETICHISMO é o desvio do interesse sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para alguma função fisiológica ou para peças de vestuário, adorno etc.

04 - EXIBICIONISMO é um desvio sexual manifestado pelo desejo incontrolável de obter satisfação sexual no fato puro e simples de exibir os órgãos genitais a outros. Também a AGORAFILIA não se constitui exibicionismo, pois esta consiste na prática sexual em local aberto, independente da existência de pessoas observando.

05 - COPROFAGIA (assim como a coprofilia, também conhecido como scat), copro em latim significa "fezes" e fagia "ingestão" sendo assim: prática de ingestão de fezes.

06 - NECROFILIA (do grego nekrós, "morto", "cadáver", e filía, "amor") é uma parafilia caracterizada pela excitação sexual decorrente da visão ou do contato com um cadáver.

07 - FETICHISMO é o desvio do interesse sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para alguma função fisiológica ou para peças de vestuário, adorno etc. PODOLATRIA é um tipo particular de fetiche cujo desejo se concentra nos pés.  BONDAGE é um tipo específico de fetiche, geralmente relacionado com sadomasoquismo, onde a principal fonte de prazer consiste em amarrar e imobilizar seu parceiro ou pessoa envolvida. . PODOLATRIA é um tipo particular de fetiche cujo desejo se concentra nos pés.

08 - VOYEURISMO é uma prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas.

09 - APOSTEMNOFILIA é uma parafilia caracterizada pelo desejo de se ver amputado em uma ou mais partes do corpo.  ACROTOMOFILIA é a preferência sexual por pessoas que tenham alguma parte de seus corpos amputada, pois a excitação é proporcionada justamente pela falta daquela parte. DEVOTEE é o indivíduo que é atraído sexualmente por pessoas que são amputadas. WANNABE "querer ser" ("wanna" significando querer e "be", ser).

10 - COPROFILIA (também conhecido pela palavra inglesa scat) consiste na excitação sexual relativa ao contacto com fezes ou urina do parceiro sexual. UROFILIA está designada à excitação associada ao ato de urinar ou receber o jato urinário do parceiro, chegando-se, em alguns casos, a beber a urina. A urina pode ser depositada no ânus ou vagina. É também designada como ONDINISMO ou UROLAGNIA ou pelo termo popular "Chuva Dourada". CLISMAFILIA é a excitação sexual causada de preferência ou exclusivamente por enemas.

11 - FROTTEURISMO é a excitação sexual resultante da fricção dos órgãos genitais no corpo de uma pessoa completamente vestida (popularmente conhecido como encoxar ou, no Nordeste do Brasil, sarrar), no meio de outras pessoas, como nos trens, ônibus e elevadores.

12 - DUPLA PENETRAÇÃO é a penetração simultânea em uma mulher na vagina e no ânus. Também conhecida como sanduíche.

13 - SELO HERMÉTICO seria a penetração simultânea de uma mulher na vagina, ânus e boca. Também conhecida como Tupperware party.

14 - DOIS SABORES seria uma terceira pessoa fazendo sexo oral em um homem/mulher enquanto um casal faz sexo vaginal.

15 - RODA DE PUNHETA roda feita por um grupo de homens masturbando os outros. É conhecido também como Circle Jerk.

16 - BUKKAKE - Variação em que uma mulher fica de joelhos e aguardando que vários homens em pé se masturbem e ejaculem sobre o seu rosto.

17 - COLAR DE PROSTITUTAS seria um grupo de mulheres e/ou homens cada qual fazendo sexo oral no próximo em uma formação circular.

18 - TRIÂNGULO ISOSCELES é uma prática semelhante ao colar de margaridas, mas feito apenas com três pessoas.

19 - BBW - São as iniciais de "Big Beautiful Woman", ou seja, mulheres gordas e bonitas ou atraentes. Essas mulheres estão se tornando cada vez mais "objeto" de desejo de milhares de homens ao redor do mundo. Os admiradores de mulheres com esse tipo físico se chamam Fat Admirer ou simplesmente "FA", ou seja, admiradores de gordas. Objetos utilizados: •Cordas •Algemas •Algema de dedos •Grilhões •Camisa de força •Coleiras •Mordaças •Vendas •Electroejaculadores •Correntes e cadeados.

20 – FIO TERRA é a prática de se obter prazer com o parceiro friccionando-se o ânus do home ou da mulher aumentando o tesão que geralmente leva a penetração. Essa prática usual geralmente não é verbalizada por homens, pela possibilidade de ser taxado de gay ou “tendência para”. Não obstante, os especialistas asseguram que isto não significa tendência gay, mas um prazer natural em função de que o ânus é uma região erógena muito sensível. Considerando o conceito geral de parafilia, o FIO TERRA talvez se localize “comum aos dois gêneros”: não se pode tipificar como uma anomalia embora possa parecer; nem se pode caracterizar parafilia porque seu prazer está no conjunto da cópula. Contudo, se um Vouyeurista  estiver “brechando” uma relação em que aconteça o FIO TERRA, dá-se  a condição de parafilia em relação ao “expectador”.

A metáfora fioterrista se dá em função de que, numa relação, quando um dos parceiros “passeia” com o dedo pela bunda até alcançar o “fiofó” dá-se um efeito meio fio terra. Dito diferente, da mesma forma que a corrente elétrica é neutralizada pelo fio terra,  também  aqui  neutraliza-se a ação concentrada no pênis ou na vagina, remetendo-a, momentaneamente, ao âmbito do “fio”. Repetimos: não há estudo que prove que o FIO TERRA leva homens a quererem ter relação homossexual. Talvez até arrisquemos dizer que os GAYS nem fazem muito uso dessa alternativa, pois certamente eles gostam de “dedos” maiores e mais grossos.

Como vimos, a sexualidade tem “razões que a própria razão desconhece”. O falso moralismo em muito contribui para que certas práticas pouco ortodoxas sejam discutidas, estudadas, postas em práticas por aqueles que tem vontade, mas se recusam por medo de não serem compreendidos pelos parceiros. Houve um tempo em que sexo anal mesmo com as esposas era condenado. Há livros especializados que relatam mulheres separando do marido por conta de que eles propuseram coito anal. Alegavam, quase sempre, ser coisa de puta, de rapariga, não obstante a dor que certamente deve ocorrer. Afinal, pela lógica da fisiologia, o ânus não foi feito para esse fim. Por outro lado, o prazer sexual não se fundamenta na fisiologia. O rigor desta é basicamente para a procriação. A cópula anal, sem dúvida é negada pela grande maioria de mulheres que a praticam. Contudo, os homens parecem ser fissurados nessa pratica e muitas vezes a relação esfria porque o marido se farta lá fora com outras. Independente de preferências, “entr4e quatro paredes vale tudo”, desde que seja bom para ambos. Não vale violentação. Sexo tem que ser bom pra dois, pois se fosse só pra um a masturbação serviria muito bem. Os casais tem que conversar sobre seus prazeres e quais as posições que eles gostam mais de se curtirem. Com certeza o problema do diálogo está presente na maioria dos casais. Mas ele é um bom aliado para a manutenção do equilíbrio do casal, inclusive para o processo de aprendizagem de novas praticas e posições.

Fica claro que as PARAFILIAS podem ter aspectos patológicos, mas algumas delas não levam gravidade às relações. Como o seu principal diferencial é o prazer fora da cópula, já nos permite  certa tranqüilidade para não esboçar preconceito sobre elas. Com certeza há muito que ser dito sobre sexo e sexualidade. Mas, certamente, está bem melhor fazer sexo hoje do que no passado. Embora poucos assumam suas formas pouco ortodoxas de sentir prazer na cama, o importante é que elas são felizes fazendo o que gostam e isto sobra pra nós, pois pessoas bem “gozadaas” não nos passam “azedume” próprio dos maus amados.

RECIFE, 13 de agosto de 2010