Colonização do Planeta Terra

Há cerca de 3.700 a.C., num dos planetas que gravitam em torno da Estrela Dupla Capela, existe uma humanidade muito parecida com a terrestre atual, possuindo porém um incrível padrão de evolução científica e tecnológica. Naquela época, Ahtilantê, nome desse planeta, o quinto, a partir de Capela, estava numa posição social e econômica global muito parecida com a da Terra do século XX d.C. A humanidade que lá existia apresentava graus de evolução espiritual extremamente heterogêneos, com pessoas desejando o aperfeiçoamento do planeta, enquanto outras desejavam apenas o seu próprio bem-estar.

Os líderes de Ahtilantê, espíritos de um grau extraordinário de evolução, constataram que o seu planeta teria que passar por um extenso expurgo espiritual, do mesmo tipo que deverá ser aplicado brevemente no planeta Terra, segundo mensagens recebidas por pessoas dotadas, inclusive Chico Xavier. Deveriam pois, ser retiradas do planeta, as almas que não tivessem alcançado um determinado grau de evolução. Elas seriam levadas para outro mundo, deslocando-se através do Plano Astral, onde continuariam sua evolução espiritual, através do processo natural dos renascimentos. No decorrer desse longo processo, seriam dadas oportunidades de ascenção aos espíritos já encarnados, bem como aos que estavam no Astral, através das ocasiões do renascimento. Aqueles que demonstrassem endurecimento e atitudes negativas perante a humanidade ahtilantê seriam retirados gradativamente, à medida que fossem falecendo fisicamente, para outro planeta que lhes fosse mais propício, possibilitando que continuassem sua evolução num plano mais adequado aos seus hábitos ainda primitivos e egoísticos. Portanto, a última existência em Ahtilantê era vital, pois demonstraria, pelas atitudes e pelo caráter do espírito, se ele havia logrado alcançar um padrão vibratório satisfatório dos requisitos para permanência num mundo mais evoluído e pronto para altos níveis ou se teria que passar pela dura provação de um recomeço em um planeta ainda atrasado.

Os governadores espirituais do planeta escolheram para coordenar esse vasto processo, um espírito do Astral Superior chamado Varuna Mandrekhan, que formou uma equipe atuante em muitos setores para apoiá-lo na sua missão. Um planejamento detalhado foi elaborado de tal forma que pudesse abranger de maneira eficaz todos os aspectos envolvidos nesse grave acontecimento. Diversas visitas foram feitas ao planeta que abrigaria parte da humanidade expurgada de Ahtilantê, e em conjunto com os administradores espirituais desse mundo, a transferência foi adequadamente preparada.

Ahtilantê era um planeta com mais de seis bilhões de habitantes e, além dos que estavam ali renascidos, existiam mais alguns bilhões de almas em estado de erraticidade. O grande expurgo abrangeria todos, tanto os renascidos como os que se demoravam no astral inferior, especialmente os mergulhados nas mais densas trevas. Faziam também parte dos passíveis de degredo os espíritos profundamente desajustados, além dos assassinos enlouquecidos, dos suicídas, dos corruptos, dos depravados e de uma corja imensa de elementos perniciosos.

Varuna, espírito nobilíssimo, destacara-se por méritos próprios em todas as suas atividades profissionais e pessoais, sendo correto, justo, íntegro e extremamente competente. Adquirira tamanho peso moral na vida política do planeta que era respeitado por todos, inclusive pelos seus inimigos políticos e adversários em geral. Os Capelinos foram trazidos em grupos que variavam de vinte mil a pouco mais de duzentas mil almas. Sob a direção segura e amorosa dos administradores espirituais, vinham em grandes transportadores astrais, que venciam facilmente as grandes distâncias siderais e que eram comandados por espíritos especializados em sua condução.

A Terra, naquele tempo, era ocupada por uma plêiade de criaturas primitivas, os quais serão sempre denominados terrestres, para diferenciá-los dos Capelinos degredados, transferidos para evoluir e fazer com que os habitantes daqui evoluíssem. Uma das funções dos Capelinos, era serem aceleradores evolutivos, especialmente nos campos social, científico e tecnológico. Embora fossem a escória de Ahtilantê, eram mais adiantados do que os terrestres em inteligência, aptidão social e sagacidade. Os terrestres, muito embrutecidos, ignorantes de tudo, ingênuos e apegados aos costumes primitivos tribais, nada criavam de novo (idade da pedra). Cada geração prosseguia no que a anterior lhe ensinara, atitude muito similar vemos nos nossos índios, que estagiam comodamente no mesmo modo de vida há milhares de anos.

Havia entre os exilados um grupo de espíritos que, em Ahtilantê, se intitulavam de alambaques, ou seja, dragões. Esses espíritos, muitos deles brilhantes e de sagaz inteligência, eram vítimas da própria vaidade e inveja, preferindo ser críticos, do que participantes. Muitos deles se julgavam injustiçados quando em vida, e por causa desses fatos, assumiam posturas e atitudes demoníacas perante os superiores. Era mais fácil para eles corromper e liderar a grande massa de espíritos inferiores, do que os Guardiões do Astral Inferior, que eram em pouco número. Por isso, Varuna foi até as mais densas trevas, para convidar os poderosos alambaques a se unirem a eles e ajudarem as forças da Evolução e Luz a triunfarem sobre eventuais espíritos recalcitrantes (rebeldes). Varuna, através de sua atitude de desprendimento, de amor ao próximo, de integridade e justiça, foi acolhido após algum tempo, pela maioria dos alambaques, como o grande mago Mykael, nome que passaria a adotar como forma de renovação que ele mesmo se impôs ao vir para a Terra. A grande missão de Mykael não era apenas trazer os quase quarenta milhões de almas capelinas para o exílio, porém, principalmente, fundamentalmente, era levá-las de volta ao caminho do Senhor, totalmente redimidas.

Referência: A caminho da luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Vinha de luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Exilados de Capela, de Edgar Armond