QUER SER LIVRE?

Não sou budista, de fato, não sou um religioso na precisa acepção deste termo, contudo o budismo tem muito a ensinar. Uma religião não teísta, que tem como meta principal a iluminação e a possibilidade de uma vida sem sofrimentos psicológicos.

O que vem a ser iluminação?

Buda é um nome sânscrito que quer dizer o iluminado, o desperto. A iluminação de Buda é a visão da realidade tal qual ela é, uma percepção dos fatos e das circunstâncias do cotidiano sem os filtros de nossas interpretações.

Filtro das nossas interpretações, o que vem a ser isso?

Amigo leitor e fiel amiga leitora, vocês acreditam que veem as coisas como elas realmente são? Ledo engano, ledo engano, queridos(as).

Somos seres que apesar de nossa tão propagada racionalidade, vivemos a maior parte do tempo sob o comando de fortes condicionamentos. Imersos no infinito oceano de nossa própria visão de mundo. Julgamos tudo o tempo todo, gostamos das coisas, não gostamos, ficamos com raiva, sentimos aflição, angústia e uma gama enorme dos mais variados sentimentos.

Todos esses sentimentos que experimentamos quando temos contato com as experiências de nossa vida não são obrigatórios, ou seja, não existe um determinado fato ou evento que determinará obrigatoriamente aquilo que vamos sentir.

Quer um exemplo, ou melhor, uma prova?

Quantas e quantas vezes você e alguém de suas relações assistiram ao mesmo fato, contudo chegaram a conclusões diversas? Ora, o fato é o mesmo não é? Então porque discordamos uns dos outros e chegamos até a brigar por nossas opiniões?

Por incrível que pareça, somos mentalmente, em essência, livres, absolutamente livres. Como não nascemos com manual de instruções e no mundo há uma gigantesca variedade cultural, nossa mente, o que somos, nosso comportamento, enfim tudo o que somos e representamos, é lentamente moldado por infindáveis influências dos mais diversos tipos e qualidades.

Somos livres, não somos?

Então escolhemos conscientemente e na maioria esmagadora das vezes inconscientemente como reagiremos às coisas, isso acaba por se tornar um condicionamento que irá determinar quais serão nossas respostas emocionais a cada tipo de situação que vivemos.

Um Buda, um iluminado, um desperto, é aquela pessoa que está livre dos condicionamentos que todos nós experimentamos. O que quer dizer que perante um evento, um ser desperto tem o privilégio de ESCOLHER como vai reagir e não fazer isso de forma automática, condicionada e muitas vezes equivocada.

Isso dá a possibilidade do iluminado escolher as coisas que vai fazer de forma completamente livre. E ainda, o melhor de tudo, desenvolver o enorme potencial que todo ser humano carrega. Como um diamante escondido no barro, o ser humano tolhe, sistematicamente, todo seu gigantesco potencial por levar uma vida baseada em condicionamentos inconscientes.

Quer uma notícia boa, boa mesmo?

Qualquer ser humano pode despertar, sem nenhum tipo de restrição. Os budistas também são bastante generosos e não querem que você seja um adepto fervoroso de sua religião, mas ao contrário, eles te incentivam a permanecer com a religião que possui.

Prática budista. Esse é o caso, o budismo efetivo é uma PRÀTICA, não um amontoado de rituais. O que não quer dizer que o budismo formal não possua seus rituais, mas se você não quer se tornar budista, entretanto quer os benefícios dessa maravilhosa sabedoria, você pode começar aí onde está, do jeito que está.

A prática da meditação, que faz parte das práticas budistas, é uma ferramenta excelente para começarmos a tomar consciência de nós mesmos e de nossa relação com o que nos circunda.

Percebi por experiência própria que quando meditamos, começamos a vigiar nós mesmos, nossos pensamentos, sentimentos e através de uma prática habitual de meditação, uma pessoa começa a perceber quando surgem aqueles sentimentos que farão com que ela sofra. A partir desta tomada de consciência fica fácil decidir o que iremos sentir e o que iremos descartar.

Isso se chama, simplesmente, LIBERDADE!

Depois de toda essa reflexão sobre o budismo, veio-me à mente que a vida de um ser humano que não é desperto é de fato uma vida indigna. Penso isso porque não podemos ser manipulados por condicionamentos que não foram livremente escolhidos por nós e por uma lenta e sorrateira educação social que está aí sem nos perguntar se assim a queremos ou não.

Despertar, ser livre de fato, acredito firmemente que é o que todo ser humano deseja, mesmo que não saiba que deseja.

A meditação está aí, as palavras dos sábios estão aí, todos disponíveis, ao nosso alcance.

O caso é novamente a PRÁTICA.

O caso é termos a firmeza e persistência necessárias para escrever com nossas próprias mãos a nossa história.

Vamos fazer da nossa vida uma vida mais livre, mais deliberadamente comandada por nós?

Pense nisso.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 22/07/2010
Reeditado em 22/07/2010
Código do texto: T2392693
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