MÁGOA - Entendendo as palavras
Anualmente o rio Nilo transborda. Não por causa das chuvas que no Egito quase não acontecem, mas por causa do derretimento das geleiras nas montanhas ao sul. A inundação do rio Nilo, porém, era (ou ainda é) muito esperado pelos egípcios, pois dessa enchente eles tiravam toda a subsistência da nação. A água do degelo descia das montanhas trazendo resíduos das florestas por onde passavam e tais resíduos eram espalhados sobre o leito e as margens do rio nutrindo uma boa extensão de cada lado. Aproveitando a umidade da cheia e os nutrientes por ela trazidos, os egípcios semeavam o cereal e somente com essa umidade a semente brotava, o cereal crescia e era colhido. Assim o Egito existiu por muitas dinastias. Daí saiu o dito de que “o Egito é uma dádiva do Nilo”.
Entretanto, embora a ansiedade do egípcio na expectação da cheia, quando ela vinha a casa de muitos deles ficavam sob a água e essa água que inundava suas casas não era vista por eles como boa, pelo que diziam que era uma má água, declarando então que na parte mais forte da enchente estavam numa má água. Assim a expressão contraída mágoa foi construída com o sentido de estar com água até o pescoço, de estar submerso, de ver-se, sufocado, afogado e sem ar. Por isto dissemos figuradamente que estamos afogados em mágoas. E por muito pouco hoje em dia as pessoas vêm-se magoadas.
Wilson do Amaral