Venha conhecer o Uruguai
Você conhece o Uruguai? Não embanane jamais com o Paraguai!Ali no finalzinho do Rio Grande do Sul há um país sensacional muito parecido com países da Europa em clima e cultura, mas também há um povão pra lá de latino, com uma expressão tão intrínseca que raramente conseguimos ver deste lado de cá do Equador. São pessoas alegres, honestas e dedicadas a tratar bem quem chega para visitá-los; portanto, nas suas próximas férias, inclua mais uma opção para escolher e leve em conta meu diário de viagem, que passo a explanar a partir de agora.
Minha viagem começou em Belo Horizonte com minha esposa Cristina e minha filha de 5 anos, Mariana, que por incrível que pareça, após muitas viagens a Argentina já arranha algumas muitas palavras em espanhol.
Escolhemos viajar com a TAM para aproveitar minhas milhagens do programa Fidelidade; neste caso o custo de vôo foi grátis para nós, mas nesta época do ano, uma passagem de ida e volta para Montevidéu, saindo do Sudoeste do Brasil, para um adulto com permanência de oito dias sai por:
R$ 597,00 (em seis vezes sem juros)
Os vôos para Montevidéu e outras capitais da América do Sul quando da volta, geralmente os aeroportos cobram a taxa de embarque separado do valor pago pela passagem, portanto, lembre-se de incluir mais U$ 30,00 do Aeroporto de Carrasco, que em Reais, sai mais ou menos:
R$ 54,00 (pode ser pago com cartão de crédito internacional)
Todos os vôos fazem o embarque internacional em Guarulhos, São Paulo. O aeroporto de Guarulhos ou Governador André Franco Montoro é um verdadeiro emaranhado de confusões. Sempre cheio, sujo, confuso e distante, trate de deixar tudo organizado para a hora do embarque. Líquidos carregados na bagagem de mão devem estar envoltos em saco plástico do tipo zíper; passaportes ou carteiras de identidades bem conservadas e novas são aceitos para o embarque e muito cuidado com as quadrilhas que agem no aeroporto. Jamais desviem a atenção de bagagem ou carteira de dinheiro!
Ao chegar ao aeroporto, procure a companhia aérea e tire todas as dúvidas antes de despachar sua bagagem. Viagens internacionais possuem regras mais rígidas e nem sempre se pode carregar alguns itens como tesouras, cortadores de unhas, lixas de metal, dentre outros. Certifique-se de estar de posse de todos os documentos necessários, inclusive carteira de habilitação se for alugar carro. Despache a bagagem e um conselho de quem já viajou o mundo: lacre as malas e depois, se possível, pague pelo serviço de PROTECBAG; o custo deste serviço é de:
R$ 30,00 (por mala grande)
É melhor pagar pelo PROTECBAG, porque eles garantem um seguro extra para os casos de extravio de suas malas, não superior ao teto de U$ 800,00 por cada mala; portanto, se por disgra do destino sua mala for parar na Cochinchina ao invés de Montevidéu, a companhia aérea lhe pagará pelo dano e a PROTECBAG pagará o mesmo valor; pode não resolver muita coisa, mas já ameniza seu sofrimento!
Ainda no aeroporto, cuide de declarar a RECEITA FEDERAL tudo aquilo que estiver levando consigo e que possuir (ou não) número de série; notebooks, câmeras, celulares, óculos, enfim, tudo que for suspeito de ter sido comprado fora (durante sua viagem). O processo é simples, mas a saleta da Receita que cuida destes problemas fica no canto mais distante de Guarulhos e em algumas épocas a fila dobra quarteirão. O nome da declaração é DECLARAÇÃO DE SAIDA TEMPORÁRIA DE BENS e não precisa estar de posse da nota fiscal dos bens declarados. Em seu retorno ao Brasil, se o fiscal da RFB solicitar o documento, basta apresentá-lo e ponto!
Quem viaja para o Uruguai não precisa apresentar nenhum comprovante de vacinação, mas eles não permitem o ingresso no país de muitos itens, principalmente remédios, itens de origem animal, alguns vegetais, pedras preciosas e dinheiro em grande volume, portanto, uma boa dica é pedir informação a Embaixada do Uruguai no Brasil pelo site.
Uma excelente dica para economizar em sua viagem é programar um roteiro de viagem e solicitar reserva em hotéis com antecedência; eu costumo fazê-lo através de meu agente de viagens Magno ou Felipe da Real Turismo em Belo Horizonte, mas você também pode fazê-lo pelo site Booking.com. Hotéis reservados com confirmação chegam a custar cerca de 25% menos do que as tarifas de balcão. Outro inconveniente é ter que chegar no hotel cansado e não ter vaga; isso ocorreu comigo nesta viagem. Os preços dos hotéis no Uruguai são em Dólares americanos e a média para uma diária num hotel “bonzinho” de 4 estrelas é de:
R$ 180,00 (já convertido)
Outra boa dica é: procure um banco com “cajero”, caso necessite retirar dinheiro em espécie. No país há alguns bancos com as mesmas bandeiras que no Brasil, a exemplo do Santander e HSBC, os dois maiores; mas para retirar dinheiro vivo você precisará encontrar um caixa eletrônico (cajero); há opções de retirada em dólar e pesos uruguaios, que pode ser direto de sua conta corrente brasileira ou via cartão de crédito. Cada operação em bancos uruguaios, mesmo que seja um simples extrato, lhe custará U$ 3,00 por vez de utilização, portanto, limite-se a poucas utilizações para não falir!
Nesta viagem eu fiquei no Ibis 4 Estrelas (U$ 65,00) e Days Inn 4 Estrelas (U$ 90,00) em Montevidéu; Conrad Casino 5 Estrelas (com característica de 10 estrelas) em Punta Del Este (U$ 200,00) e Bahia Playa Resort em Colonia Del Sacramento, 4 Estrelas (U$ 90,00); alem de uma noite em Chui no Brasil, fronteira com o Uruguai no Hotel Bertelli, 2 estrelas (R$ 145,00 em dinheiro).
Existem muitos hotéis melhores e piores do que os citados acima; mas os preços não baixam tanto; é nesta hora que é melhor avaliar bem o local onde você ficará. No meu caso eu tive que solicitar cama extra e contar com estacionamento para o carro que aluguei. Outro fato importante é que os hotéis precisam estar em zonas estratégicas de fácil acesso e conhecidas. Estar próximo a farmácias, restaurantes e centros de compras ajuda bastante para quem não conhece bem o lugar.
Grande parte dos hotéis uruguaios possui piso de carpete e se estes não estiverem limpos e bem cuidados você poderá ter outras dores de cabeça como alergias; hotéis com pisos frios se forem velhos também não ajudam muito; há o fator clima, como agora que enfrentamos temperaturas menores que zero em todas as cidades. Em todos os que eu me hospedei me foi oferecido piscina aquecida, muito embora eu não as tenha usado!
Quando chegar ao Aeroporto de Carrasco não se iluda com os avisos de “cambio” interno; deixe para trocar seus Reais nas casas alternativas, porque é melhor para você. Para se ter uma idéia, R$ 50,00 no aeroporto significa $ 475,00 (Pesos Uruguaios) e eles dizem que NÃO GANHAM COMISSÃO. Os mesmos R$ 50,00 numa casa próxima ao Ibis me renderam $ 550,00 (Pesos Uruguaios). Pode parecer pouco, mas na verdade eu economizei quase R$ 10,00. Pelo câmbio oficial, trocando o valor de uma moeda pelo de outra, meus R$ 50,00 valeriam $ 581,00...
Se puder prefira mesmo pagar tudo com CARTÃO DE CRÉDITO e em Pesos Uruguaios; segundo o Banco Central do Brasil, na cotação atual, R$ 50,00 de fato é $ 581,00; traduzindo em miúdos, as contas pagas com cartão de crédito podem lhe render cerca de 15% de economia, se forem passadas em Pesos Uruguaios. A moeda deles é imprescindível para muitas coisas como pedágios, cafezinhos, lanches, revistas e outras pequenas despesas. Neste caso, leve uns 150 Reais e troque-os numa das muitas casas de câmbio espalhadas por várias cidades e outra dica importante: antes de retornar ao Brasil, troque tudo de volta, porque aqui não se aceita Pesos Uruguaios em NENHUMA CASA DE CÂMBIO!
Quando o tema é restaurante, no Uruguai a comida típica é a base de carne vermelha com os melhores e mais tradicionais cortes de toda a América; eles preparam o churrasco, que lá leva o nome de “parilla”, de um modo totalmente diferente; o fogo é diferente, a grelha é diferente e o tempero é quase sem sal. Come-se também uma espécie de mistura de miúdos bovinos servidos numa chapa quente e muitas vezes há até chouriça de sangue de boi doce; esta mistureba que faz o maior sucesso entre os uruguaios se chama “parillada”. Para os que gostam de algo mais simples e mais condimentado, vale o sacrifício para experimentar um “matambre”, que é a capa da costela enrolada em temperos e cozida literalmente no bafo do fogaréu em brasas. Todos estes pratos podem ser encontrados, inclusive no maior shopping Center de Montevidéu, o Punta Carretas Shopping.
Fora o tradicional da culinária uruguaia, nas cidades maiores e as mais turísticas há de tudo um pouco como pizzas, comida francesa, massas (que eles chamam de “pastas”) e nesta viagem eu dei de cara com um belo restaurante típico mexicano em pleno shopping Punta Carretas.
Comer no Uruguai não é muito barato, mas isso também depende do lugar que você procura para comer; nesta viagem eu comi em vários lugares, basicamente experimentando o mais tradicional que eles servem; os preços variaram um pouco, mas nada de assustar. Em Montevidéu comemos no shopping e no tradicionalíssimo Mercado Municipal; também comemos em duas cidadezinhas charmosas, sendo que uma é super turística (Colonia Del Sacramento) e a outra nada turística (Rocha):
Parilla para 2 pessoas no Shopping R$ 55,00
Parilla para 2 pessoas no Mercado R$ 98,00
Parilla para 2 pessoas em Colonia R$ 75,00
Parilla para 2 pessoas em Rocha R$ 45,00
Para os dias que permaneci em solo uruguaio escolhi a opção de alugar um carro; na AVIS aluguei um básico e recebi um upgrade para um modelo mais possante e pagando o mesmo preço. Quando se opta alugar por um dia o preço costuma ser muito mais caro, mas a opção de reserva antecipada e pacote de sete dias com seguro total e quilometragem livre custaram:
R$ 653,00
O preço da gasolina não ajuda muito, cerca de R$ 2,90 o litro; os uruguaios usam muito os veículos movidos a Gasoil, ou Diesel aqui no Brasil, mas estes são infinitamente mais caros e raros na hora de alugar. Nesta viagem eu rodei 1.200 km pelo interior do Uruguai e gastei de combustível:
R$ 240,00
Andar de carro por Montevidéu e pelo interior é a coisa mais fácil do mundo; mesmo já estando lá outras vezes, desde minha primeira vez que nunca me perdi muito, principalmente porque tudo é bem sinalizado e as pessoas sentem prazer em informar corretamente. Em Montevidéu tudo se baseia pela “rambla”, que é uma avenida costeira enorme que margeia toda a cidade e para quem conhece melhor a cidade há uma avenida importante chamada General Rivera que corta a cidade ao meio, portanto, não se preocupe com GPS ou mapas. Já no interior as rodovias recebem o nome de “rutas” e todas (as poucas) são numeradas; isso simplifica a vida de todos, inclusive de quem está visitando. Veja num mapa a cidade que vai visitar e observe apenas o número da “ruta”; depois disso até um cego consegue chegar facilmente.
As principais estradas são excepcionalmente boas, sem nenhum buraco, bem sinalizadas e geralmente duplas com duas pistas para cada lado. Retornar é muito fácil e o fluxo de carros, mesmo nos dias mais intensos não costuma ser grande. Há postos de serviços a cada 50 km e a maioria tem além de combustível, que aceita cartão de crédito, uma lojinha de conveniência ou lanchonete bem agradável. As principais rodovias contam com telefones de emergência e oficinas mecânicas. Nas rutas principais há pedágios (peaje) e estes todos; custou $ 45,00 (Pesos Uruguaios) cada um, ou:
R$ 3,87 (câmbio de hoje)
O policiamento nas cidades é razoável e nos demonstra segurança; a polícia é em geral educada e prestativa e nas estradas a “policia caminera”, ou polícia rodoviária, sempre está com um radar do tipo pistola apontado para os mais apressadinhos. Muitos trechos o limite é de 90 km/h, mas nas rutas mais acessadas o limite sobre para 110 km/h. Fique de olho na multa, que pode chegar facilmente a U$ 400,00 (dólares americanos). Carros brasileiros podem trafegar tranquilamente, mas antes você deve comprar uma CARTA VERDE, que é um seguro para terceiros, para casos de acidentes envolvendo bens de uruguaios. Estas apólices chamadas de cartas verdes são negociadas por bancos brasileiros nas cidades de fronteira e o preço varia com a quantidade de dias que você vai permanecer.
O turismo no Uruguai não se limita a Montevidéu e Punta Del Este; há inúmeros e bons outros motivos para se visitar o interior do país a exemplo de Colonia Del Sacramento e toda a costa entre o Rio da Prata, passando pelo Oceano Atlântico até chegar a Chui no Brasil.
Margeando desde o Rio da Prata na altura da cidade de Nueva Palmira, passando por Colonia, Montevidéu, Maldonado, Punta Del Este até chegar a Chuy, são mais de 500 km; é um sensacional passeio onde se vislumbra história da América Latina finamente preservada, belíssimas praias, rios, fazendas, cidades, e um dos complexos mais luxuosos da América do Sul que está em Punta Del este.
Na fronteira com o Brasil são cerca de 700 km com várias cidades oferecendo o que há de melhor do mundo importado. A principal destas cidades de compras é Rivera, que em nada lembra as compras no Paraguai. Há regras, leis, proteção, segurança e belíssimas lojas oferecendo desde perfumes, uísques até eletrônicos. Para os visitantes de primeira viagem, não há como não curtir as fronteiras secas, ou seja, duas cidades emendadas sendo que uma pertence ao Brasil e a outra ao Uruguai e onde os povos convivem pacificamente, inclusive com harmonia entre as polícias, coisa que não se vê nas cidades de fronteira com o Paraguai.
Muitos policiais afirmam que o tráfico de drogas e roubos de carros é mínimo, porque há rigor no policiamento de ambos os países. Em Chuy, cidade uruguaia, literalmente o que a divide de Chui, cidade brasileira, são banquinhos de ruas. Um canteiro mínimo, típico de divisão de avenidas é a linha divisória entre dois países e as pessoas e os carros circulam livremente por ambas sem nenhum tipo de fiscalização.
Pela fronteira com a Argentina, margeando o Rio da Prata, são mais cerca de 500 km e deste lado o que predomina são as grandes fazendas e criações de bovinos. Há inúmeros hotéis fazenda que destinam boas habitações para quem deseja conhecer a cultura típica uruguaia. É também nesta região que há a maior parte das vinícolas que produzem os mais diversos tipos de bebidas do país.
Seja ao Norte, Sul, Leste ou Oeste, o que pude comprovar neste pequeno país tão vizinho e tão desconhecido da maioria de nós, é que eles todos são amáveis e sabem como receber pessoas de outras nacionalidades. Em todas as cidades por onde passei há sempre uma estrutura razoável para acolher bem aqueles que chegam e isso é o mais importante num lugar. Se aceita várias moedas como pagamento para tudo, há pelo menos uma pousada decente, um restaurante com gente educada e boa comida, enfim, é muito interessante conhecer o Uruguai.
Para os que desejam conhecer Buenos Aires na Argentina no mesmo passeio, vá a Colonia Del Sacramento e procure informações no porto da cidade, bem pertinho do centro. Há algumas opções de lanchas rápidas e lentas que fazem a travessia do Rio da Prata. A passagem para uma pessoa ida e volta na lancha rápida (1 hora) e em primeira classe custa R$ 150,00; nos ferry boats com duração de 4 horas, o preço cai para R$ 90,00 em média! Há ainda opções de saída de ônibus, com seu próprio carro embarcado e aviões da Buquebus que saem diariamente de Montevidéu; cada opção tem um preço diferente e mais uma vez, vale a dica: reserve com antecedência para obter descontos!
O preço da conta pode e com certeza vai ser maior do que se você for para alguns lugares da Argentina, mas o prazer de estar com os uruguaios é infinitamente diferente e mais prazeroso. Eu, que sempre fui e gosto da Argentina; costumo dizer que se uma é boa a outra é maravilhosa; Buenos Aires e Montevidéu estão separadas apenas pelo Rio da Prata, sendo que de Colonia Del Sacramento são apenas 50 km ou 1 hora de barco, mas a grandeza de Buenos Aires é sobreposta pelo charme do Uruguai!
No resumo de tudo, sem ter falado dos pontos turísticos para não alongar muito, concluo informando que para uma viagem para duas pessoas, para sete dias no Uruguai, fazendo algo parecido com o que fiz, confortavelmente, entre passagem, hospedagem, alimentação, transporte interno e pequenas compras, reserve R$ 4.000,00 e curta tudo de bom do Uruguai e com um pouquinho de aperto no orçamento, com o mesmo valor você ainda consegue passar uma noite em Buenos Aires, Argentina.
Na sua próxima viagem, programe-se e não deixe de visitar tudo que esta maravilha de país pode lhe oferecer; explore todo o carinho do seu povo; mergulhe na cultura mais afável da América do Sul; delicie-se de cada cidade, cada monumento, cada canto e traga para o Brasil, para seus amigos, a melhor das impressões, as melhores fotos e eternize os melhores momentos deste país com cara de casa de amigos; os verdadeiros amigos!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
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