O Avarento com Paulo Autran
No dia 12 de Janeiro estive na peça “O Avarento” de Moliére, com Paulo Autran e grande elenco. Paulo aos seus 84 anos de idade é um dos mais consagrados e importantes atores brasileiros de todos os tempos. Em 1949 estreou profissionalmente no teatro e recebeu o prêmio de melhor ator daquele ano. Completando 90 peças montadas na sua história profissional, em mais de cinqüenta anos de careira no teatro. Divide o palco com sua mulher Karin Rodrigues e seu antigo amigo Elias Andreato, um ator que tenho o prazer de ver nos palcos.
Paulo diz que há 8 não montava um clássico, referindo-se a “Rei Lear” de Shakespeare e que há muito tempo não atuava em comédia. “O Avarento” de Moliére é uma deliciosa história e tem um personagem rico, que atuado por Paulo Autran aprimorou ainda mais a sua riqueza. A montagem é a junção dos clássicos: O Ator e a Obra! (escrita em 1668). Conta com muito humor a tragédia de Harpagon, personagem obcecada por valores superficiais. Em uma caixa enterrada no jardim, além das suas adoradas moedas, Harpagon sufocou também todos seus valores e princípios éticos perdidos. Não consegue enxergar a felicidade tão próxima dele no amor dos filhos e respeito dos amigos, parentes e empregados. É uma triste figura dominada pelo medo e por uma ambição vazia que o levará à infelicidade e solidão.
Em 1943 o jovem Jean-Baptiste Poquelin repudiou a carreira da qual seu pai “tapeceiro do Rei”, sonhava fazê-lo seu sucessor, virou ator e, para não envergonhar a família adotou o simples nome de Moliére.
“Já faz tempo que cheguei àquela idade em que as pessoas amáveis quando me encontram se sentem na obrigação de dizer: “como você está bem!” ou pior, - “Que Deus te conserve assim!”. A gente pensa logo: “Devo estar com o pé na cova”. O que infelizmente é verdade. Mas o importante é estar vivo, gozando a delicia da vida! Melhor ainda, no meu caso, é estar estreando uma peça! Meu 4º Moliére! Que autor”
No cenário, caixas que representam a casa de Harpagon, o Avarento, atrás do cenário de caixas um céu que ganha vida com a belíssima iluminação. Os atores usam um tipo de interpretação que chama muito a minha atenção, a representação farsesca e gestos ampliados e desenhados, e também movimentos coreografados. Os figurinos são roupas do século XVI e no caso de Harpagon, interpretado por Paulo Autran, roupas de baixo da época.
Os atores estão excelentes nesta montagem e vem recebendo ótimos elogios do público. Paulo está de parabéns por mais um grande sucesso!
Matéria Publicada pelo jornal Folha da Cidade. Este foi o último espetáculo do senhor dos palcos: Paulo Autran.