Sobre “Shikasta”, a “Fraternidade Branca” e outras coisas (Parte 3)
Archidy Picado Filho
A despeito de compreender, até certo ponto, o que significa estar inspirado e o que quiseram dizer santos e profetas quando, depois de proferirem algo, atribuíram à responsabilidade (ou a autoria) de seus ditos “a Deus”, não creio que alguém possa involuntária ou voluntariamente ceder sua mente à possessão de qualquer espírito humano (sic) desencarnado que, por qualquer razão, queira dizer sobre como anda sua vida pós-morte em mundos espirituais, como estão outros nossos conhecidos por lá, fazer revelações sobre as origens e propósitos do planeta onde ainda vivemos, sobre as evoluções dos espécimes que aqui nasceram ou que, por outro lado, aqui foram postos deliberadamente por extraterrestres.
Não nego as possibilidades de que existam seres mais inteligentes que nós no Universo, ou de que, como nos contam ficções científicas e creem certos cientistas, talvez nós próprios sejamos resultados de fusões evolutivas entre elementos biológicos extraterrestres, vindos a Terra de carona em cometas, asteróides, meteoros ou meteoritos que se chocaram com o planeta em tempos remotos. O que me parece pouco provável é que possa existir algum “Kryon”, membro secretário de uma sideral “Fraternidade Branca”, a nos contar sobre as origens do planeta e das civilizações que nele se desenvolveram, que não seja apenas mais um personagem literário do quilate de “Johor”, um dos personagens de Doris Lessing em seu livro “Shikasta” – que, entre outros, muito mais detalhes revelou sobre as tramas secretas de certos seres cósmicos aqui encarnados ao desenvolvimento e dominação completa de todas as almas e outras riquezas porventura existentes em “nosso” sistema solar.
Entre as revelações de “Kryon” – cujo texto que as contém recebi de um amigo via e-mail, que acredita fielmente em todas as “verdades” nele reveladas – ficamos sabendo que, milênios antes de sermos como somos agora, havia vinte tipos diferentes de “humanos” no planeta (como ainda hoje há uma variedade enorme de outros mamíferos), então em constante estado de violentas mudanças atmosféricas provocadas pela inclinação de seu eixo – diferente da inclinação que tem hoje – e pelos constantes choques com errantes corpos celestes.
Sobre nossa evolução, “Kryon” conta que “havia vários lugares onde eles (os “humanos”) estavam se desenvolvendo mais rápido do que os outros, e os seus antropólogos sabem destes. Isto não começou em um lugar no planeta. Eles estavam em lugares que vocês chamariam de Europa Ocidental ou Oriente Médio, e em outro lugar incomum: no meio do Oceano Pacífico”.
Entre as muitas espécies que passaram por aqui como auxiliares na construção do planeta, os “pleidianos” foram os responsáveis pela iluminação da consciência dos seres de então sobre o fato de que há, para tudo e todos, um “projeto sagrado” em desenvolvimento no cosmos. No texto – não tão bem escrito como o de Doris Lessing, tendendo sua estrutura a provocar confusão no entendimento do que quer dizer – às vezes o autor se refere aos “pleidianos” também como “pleiadianos”, como o nome de sua raça indica, extraterrestres oriundos de algum lugar das plêiades, grupo de estrelas localizado na constelação de Touro. As Plêiades, segundo a enciclopédia livre Wikpédia, também chamadas de “aglomerado estelar M45”, são facilmente visíveis a olho nu nos dois hemisférios e consistem de várias estrelas brilhantes e quentes, de espectro predominantemente azul, tendo vários significados em diferentes culturas e tradições.
Assim, “com o projeto sagrado”, segundo “Kryon”, “este planeta foi visitado de um modo quântico por criaturas iluminadas que não eram anjos. É difícil descrever como eram tais seres, mas assim foi”, nos garante aquele cujo nome deve derivar de “Criador” a referendar sua provável função de secretário de Deus ou, mais acertadamente, uma outra manifestação Dele próprio – tendo sido os “pleiadianos” feitos à nossa imagem e semelhança, uma vez que “se parecem muito com vocês”.
Entretanto, os ancestrais mais antigos dos “humanos”, segundo “Kryon”, são os “lemurianos”, ou povos que viveram na Lemúria – sendo tal frequentemente confundida com a Atlântida – retratados imaginariamente no filme de animação “Dinossauro”, da Disney (2000), civilização que, segundo nosso porta-voz interestelar, durou cerca de vinte mil anos sobre a Terra (tendo ele dito às vezes ter ela surgido há cerca de cinquenta mil anos e, outra vez, há trinta e cinco ou quinze mil anos), cujos descendentes, ainda segundo “Kryon”, são os polinésios.
“Os cientistas dizem: ‘É impossível. Não havia sociedades há tanto tempo atrás’”, nos esclarece “Kryon”, e continua: “Certamente não há prova disso, e isto, meus queridos seres humanos, é muito a propósito, pois o planeta faz um trabalho muito bom ao apagar as marcas da humanidade. Apenas observem o que vocês estão estudando hoje, pois não podem achar algo muito mais antigo do que quatro mil anos” – o que não é verdade, uma vez que há escavações arqueológicas que provam vivências de seres humanos (sic) há sete milhões de anos atrás.
Um lugar interessante descrito por “Kryon” é uma tal “Caverna da Criação”, bem ao modo da “Árvore das Almas”, personagem presente na história de “Avatar” (2010), recente filme do diretor norte americano James Cameron, sendo a “Caverna da Criação” um local onde se armazenavam as almas de “anjos” que houveram encarnado como lemurianos, sendo suas almas conservadas em cristais postos na caverna, onde eram escritos seus nomes. Tal procedimento “foi a propósito”, nos esclarece “Krion”, “a fim de semear o planeta espiritualmente com o que estava para vir, e aumentar o valor cristalino da Caverna da Criação”.
Entre muitos outros autores que desenvolveram histórias da Criação e seus propósitos, nas provocações artísticas entre a ficção e a realidade, o livro “A Rebelião de Lúcifer” (1985), do jornalista escritor espanhol J. J. Benítez, embora sobre outras perspectivas, aborda o mesmo tema fantástico sobre que aqui tratei: “Quem foi esse anjo caído? Que fez ele? Quais as conseqüências de sua rebelião para a Terra e seus habitantes? Sinuhe, o protagonista, e sua companheira, a ‘filha da raça azul’, enfrentam perigos na esfera mental para conseguir o acessos aos registros da História da Terra: como surgiu o planeta, o nascimento da humanidade com suas diferentes raças, o plano cósmico fracassado de Adão e Eva e suas nefastas repercussões para a civilização. Benítez, com os conhecimentos adquiridos na Escola da Sabedoria, traz a público o que ele chama de ‘Quinta revelação’, com o intuito de desvelar os grandes ‘mistérios’ da humanidade. Ficção ou realidade? Não importa. O que importa é que, muitas vezes, esses temas que estão cristalizados na mente das pessoas podem, depois de uma leitura dessas, ampliar seus horizontes e motivá-las a busca da Verdade” – diz uma sinopse sobre o livro que pesquei na Internet, sendo a motivação para uma busca da Verdade o que deve considerar o leitor de todas as narrativas aqui mencionadas, entre outras não mencionadas; quer sejam elas registros de fatos reais ou meras ficções produzidas pela imaginação de autores e autoras de boas vontades e seus personagens de bons corações.
Como escreveu Benítez na introdução de “A Rebelião de Lúcifer”: “Aprendamos a sonhar, senhores, e então pode ser que encontremos a Verdade’. Esta recomendação lapidar do insigne químico alemão Kekulé, que chegou ao descobrimento da fórmula do Benzeno graças a um sonho, revolucionando assim a química orgânica, acabou por convencer-me de que, na vida, a verdade passa muitas vezes ante os seres humanos disfarçada. Ou talvez porque os inimigos da Verdade sejam ainda tão numerosos que chegamos a nublar a face da Terra, elegi para a Rebelião de Lúcifer a inatingível e arcana roupagem da fantasia. Só aqueles que não tenham perdido a capacidade de sonhar poderão compreender-me. Nesse caso, como eu, talvez descubram através dos sonhos algumas dessas múltiplas faces dessa surpreendente Verdade”.
Palavras que faço minhas.