A INFELIZ MUDANÇA ORTOGRÁFICA

Em atenção a pedidos insistentes de pessoas de meu relacionamento, e julgando haver mais leitores que estejam comungando dessa forma de pensar, decidi entrar no assunto sobre a nova reforma ortográfica da língua portuguesa, portanto resolvi mencionar o artigo: ‘Uma questão de tempo’, publicado na revistinha ‘Nova Escola’ – edição especial, da Fundação Victor Civita, de autoria do professor de Literatura Brasileira, Sr. Miguel Sanches Neto (43), que também é escritor e crítico literário. Ele usou uma linguagem bem leve e jocosa, onde comentou sobre as regras da atual reforma ortográfica da Língua Portuguesa, deixando claro o seu ponto de vista sobre o evento. Vou transcrever um pequeno extrato dessa crônica: “Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se conseguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servirão ao menos para determinar minha idade”.

Realmente, é uma questão de tempo, que está se tornando cada vez mais precioso, de forma que o homem precisa, incontinenti, reciclar “a toque de caixa” a maneira de pensar e de agir, sob pena de se perder em um emaranhado de preconceitos jurássicos, tanto na cultura, como na religião, nos meios de comunicação, nos transportes, e daí por diante. Esse arremedo de reforma ortográfica é de irritar qualquer cidadão que necessite usar os meios de comunicação escrita como instrumento de trabalho, pois o português, que é uma língua tão rica, esbarra com os entraves de tantas regras de grafia complicadas, cheias de exceções, tornando quase impossível a escrita correta em qualquer texto do nosso dia a dia. Isso exige uma perda de tempo inútil nas revisões dos jornais e demais periódicos, cuja função é de informar, sempre dentro da máxima velocidade. Estamos na era da informática, da globalização, da comunicação via satélite, enfim, de modo bem diferente do passado, hoje a expressão “time is money” diz tudo, e os “rebuscamentos” literários da grafia deveriam ficar apenas com os membros da Academia Brasileira de Letras.

O incalculável prejuízo aos cofres públicos, às editoras e livrarias, aos leitores, aos estudantes, aos professores etc., não tem a mínima justificativa, porque não se trata de uma reforma de verdade, mas sim de uma atitude passiva, retrógrada, mal planejada, apenas pelo objetivo de criar a unificação da ortografia da língua portuguesa, entre os territórios onde ela é falada e que, o que é pior, está recebendo resistências até de Portugal. Ora, isto é o assentamento global da complicação ortográfica da nossa língua, que tem mais exceções do que regras, dando margens a elucubrações hermenêuticas dos literatos acadêmicos, que não resultam em nada prático. Por que nós, os brasileiros, não lançamos a “nossa” ortografia, que possa servir de exemplo para os outros países? O resultado não seria o mesmo? Aqueles que não a aceitassem, iriam permanecer na mesmice, assim como o povo indiano, que continua adorando a vaca. Leonardo da Vinci já dizia: “A simplicidade é a máxima sofisticação”.

Essas atitudes retrógradas provocam a corruptela da nossa língua pelos internautas, de forma distorcida e ininteligível, para ganharem tempo na comunicação, aí então tudo vira bagunça. A reforma da ortografia portuguesa tem que ser “pra valer”, simplificando-se tudo, servindo inclusive de exemplo para os demais idiomas, diminuindo-se assim a confusão da Torre de Babel, pelo menos na palavra escrita.

Ora, se essa mudança corrompe a ligação da palavra com a sua raiz, nada melhor do que a criação de um dicionário explicativo, dirigido a quem se interessasse por esse estudo, tão inútil no nosso dia a dia temporal. Alguém, hoje, se importa com a mudança de Vossa Mercê, pra vossemecê, vosmecê e você? Na língua “internáutica” usa-se vc! ¬_Ficam aqui o meu protesto e a minha sugestão.

NOTA: Como complemento deste artigo, veja: UM NOVO MODELO ORTOGRÁFICO, onde preparei uma série de sugestões e de exemplos para uma reforma radical da ortografia portuguesa, que se coadunasse com os atuais reclamos da vida contemporânea.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 12/09/2009
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1805472