Certos aniversários não convém comemorar nem mesmo ser lembrado, mas este tem uma conotação especial para se comemorar e obviamente ser lembrado, apesar de todos os pontos negativos, que tornou-se a razão de uma grande transformação: - Voltei a sonhar!
Conhecedor da grande falha, fiz um estardalhaço, transformando o momento num ato inesquecível. Se por um lado estava atraindo mais espectadores para testemunharem meu erro; por outro chama atenção de forma com que eu estava divulgando o lançamento do meu 4o. livro, CONTO MAIS UM PONTO. A decisão em lançar o livro foi sem um ato de coragem, de minha parte, sabendo que muitos nem observaria, talvez, as falhas, mas certamente os ditos mais cultos quando tomam nas mãos uma obra literária, o primeiro ato é analisar sua apresentação, tanto física como literária. O livro foi apresentado pelo Capitão e advogado Getúlio Reis, logo tinha peso e credibilidade em suas palavras; e depois vem o conteúdo... Passei na apesentação e no acabamento com folga, quanto ao conteúdo acertei em cheio mas peguei mortalmente na falta de revisão. Foi o fato lastimável! Eu não iria jogar na fogueira 2000 exemplares de livro, pois o erro não fora da gráfica que tinha a receber pelo serviço feito e muito bem feito, logo, aconteça o que acontecesse, a obra iria ser apresentada ao público, de quem eu esperava levar em conta o conteúdo abordado.
As criticas vieras; elogios sucessivos e aquelas críticas que lamentavam a falha cometida pelo autor em não fazer revisão... Em uma das críticas, talvez a mais significativa, pela afronta e desafio feito, o "meio-parente" mandava que eu voltasse a estudar, para não cometer tantos erros e olhe que em sua maioria os tais erros são de digitação, outros de pontuação, outros ortograficos, realmente, tem erros de todos os tipos; mas o grande ponto positivo em tudo isso é que desde que lí aquela crítica, que tenho tentado retornar a escola. Finalmente retornei a Faculdade e resolvi justificar, se há como justificar, o desastre e o sucesso do livro Conto mais um ponto.
Em janeiro de 2008 fui surpreendido pela visita de um amigo, que após a saudação e um abraço afetuoso foi direto ao assunto:
- E aí cara! nunca mais vi uma produção literária tua! Parou de Escrever?
- Parar agente nunca pára capitão. Publicar é que são outros quinhentos. Publicar o primeiro custou-me uma linha telefônica, isso em 1981; o segundo vendi o ágio de uma moto; o terceiro foi uma edição artesanal limitada, com apoio de um amigo de trabalho e agora tô aí... esperando chover na horta para publicar o 4º, livro.
E assim o papo foi de dando, até chegar ao ponto onde falei das ultimas produções literárias, entre elas, o desejo de retornar o Jornal de Correntina, que na ocasião fora o motivo de nossa aproximação. Ele, então delegado da cidade e eu o Jornalista amador que fundava e escrevia o meu 3o. jornal: Jornal do Povo - Luziania GO - Jornal Ocidental - GO e Jornal de Correntina BA e se me lembro bem, nunca recebi uma crítica apontando erros ortograficos abusivos em nenhum desses jornais, pois havia uma equipe que auxiliava na revisão dos textos. Em seguida aquele introdutório diálogo, apresentei ao Capital uma impressão em A4 do livro, relatando as dificuldades em publica-lo. A idéias estava concluída, mas o livro não. Dias depois recebi um email com o texto de apresentação inserido na orelha do livro, com um aviso que no dia seguinte estaria em Brasília e precisavamos nos encontrar. No dia seguinte o ex-delegado que ligou-me do hotel. Ao nos encontrar ele convidou-me para dar uma saída e para minha surpresa fomos a uma gráfica editora, de propriedade de um seu amigo e sócio na criação de gado. Sr. Batalha fez o orçamento com material de primeira linha; mas, diante daquele inesperado momento, fiquei sem saber se recolhia o CD, para proceder uma revisão criteriosa, além dos corretor ortográfico do word, minha insegurança era total e o medo de perder a oportunidade levou-me a calar... pois havia dito ao amigo Capitão de que o livro estava pronto e pronto estava do ponto de vista de conteúdo. Fiquei cheio de incerteza se recolhia a obra para uma revisão, o que parecia tão simples falar e sem compreendido, mas não sei o que aconteceu naquele fatídico momento que deixei seguir adiante aquela oportunidade. Temia talvez um reverterio, que em hipotese alguma ocorreria. Não sei! o momento foi inesplicável.
Debrucei sobre o mesmo, vendo o que eu poderia fazer para revisar rapidamente acentuação, pontuação, logica de frases, de tal forma que entrei em pânico e veio a paralisia momentânea, que nos incapacita de vê, perceber, falar... e nesse período, a prova final ficou pronta, e os meus olhos brilharam com o resultado espetacular obtido. Papel utilizado, capa, ilustrações... era tudo que eu realmente sonhava, tinha uma chance ainda de processar uma revisão e então saí a procura de alguém que ajudasse nesta tarefa. O custo cobrado por profissionais estava fora da minha realidade, parti então para o serviço voluntário ou alguém que cobrasse algo dentro de minha realidade ou facilitasse o pagamento... Parecia uma sina pela qual teria que passar. Busquei até mesmo em Correntina, falando com duas professoras de português, mas o desinteresse foi visível na rápida resposta já pronta nos lábios como tal favor lhe fosse impossível. Por mais que eu explicasse o conteúdo e o objetivo de resgatar histórias de nossa infância, a resposta se manteve inflexível da mesma: - Não tenho tempo!. foi a que mais ouvi. Eu mesmo resolvi passar um "pente grosso" e rápido, pois a gráfica tinha prazo para concluir o trabalho; certamente se eu tivesse confessado tudo que estava se passando, o livro simplemente saíria da pauta de impressão, eu teria mais tempo para isso... mas fiquei calado; então cometi o segundo e fatal erro, deixando que o projeto seguisse adiante, mesmo sabendo que o livro, por mais agradável que fosse seu conteúdo, certamente perderia toda sua importância e isso ficou comprovado quando envie uma copia ao jornalista baiano, meu amigo, solicitando um parecer que até hoje não recebi. Estava claro o desastre e qual seria o sucesso?
A falha continua doendo a alma, mas aquela crítica me mandando voltar para escola apagava o brilho daquela capa fazendo homenagem a nossa eterna MÂE DINDA, uma filha de criação de Mãe Aninha, minha vó, que mais tarde fora morar com minha mãe e ajudá-la na criação e educação de seus filhos; Fiquei sem saber o que fazer com dois mil livros, cujo acabamento nada deixava a dever. Não tive coragem de expor o livro em Goiânia, muito timidamente expus em Brasília e onde? na Universidade de Brasília UnB, onde trabalho, então só restou um lugar onde podesse expor o livro sem que tal falha promovesse tanto alarido: Correntina.
Fiz uma grande divulgação do mesmo pelo rádio, alguns cartazes, afinal o livro gerara um custo de R$ 9.000,00 e parte desses recursos fiz o compromisso de restituir ao amigo Getulio e como fazer para pagar os 50% de minha parte do débito? Em Correntina convoquei a filarmônica mirim, criada por Roberto Araújo e Weden Araújo, que tinha como objetivo dar profissão a meninos carentes e a experiência deu certo, tanto para os meninos da Filarmônica Heraclitos, como para o autor do livro Conto mais um ponto . Os meninos reunidos as pressas, num grupo de 10 músicos, foram uniformizados com uma camiseta onde se estampava a capa do livro e o título e soltando fogos de artifício, com dois outros meninos segurando uma grande faixa, - Nossa história contada com humor! seguiam adiante, enquanto na retarguarda soltava-se fogos. Passmos as principais ruas do velho centro da cidade, tocando dobrados e atraindo um batalhão de meninos, enquanto moços, anciões saiam as portas e janelas para vê o que se passavam... Era Flamarion em mais um de suas estripulias culturais; era mais um Araújo que insistia mostrar aos correntinenses que a cultura é um veio de ouro fino no coração dos "tobós".
Parávamos nas casas dos anciões, onde se tocava um dobrado, eu recitava um poema ou fazia um breve discurso e ouvia outro. A emoção era de ambas as partes, ninguém esperava toda aquela movimentação e mal eu sabia a surpresa que tudo aquilo me proporcionaria e quando lembrava que não tinha feito a revisão do livro, eu tinha vontade de pedir desculpas a todos e começar tudo de novo, fazendo cada etapa do processo como deveria ser feito. Era tarde para corrigir o que já estava feito. Com certeza, toda aquela movimentação entorno do lançamento do livro iria mais e mais chamar atenção para três aspectos: O conteúdo e a apresentação, porém o terceiro aspecto certamente tiraria o mérito dos dois outros: A revisão.
Não me arrependo do que fiz, mas da forma como fizera. Para minha surpresa, comecei a receber doações em espécie, nas casas onde parava e prestava uma homenagem ao morador; geralmente figura importante no cenário cultural, político ou social da cidade. Visitamos Nelson Ferreira, Profa Sisi e Evandro Filardi, Enoe Araújo, Pedro Guerra, Josmira Ramos, Zuquinha, Teófilo Guerra, Ebraim Moreira, Claudionor Rocha, o Prefeito José Nilson, o popular categoria e outros. No final daquele procissão cultural, estávamos com mais R$ 5.000,em doações e isso foi um fato inédito e inacreditável.
A repercussão fora tão grande, que no final da tarde, hora marcada para o lançamento oficial do livro, na Câmara de Vereadores, a casa lotou. Um telão foi colocado a frete da Camara de forma que o publico externo podesse assistir a solenidade, assentados nos bancos e calçadas da pequena praça do hotel de Vivi, de frente a casa do lendário João Diamenino. Ao final todos presentes foram convidados para um coquetel e autógrafos no velho Hotel de Vivi.
O livro recebera várias críticas e alguns dos críticos por bondade ou educação, não citaram a falha de revisão, outros fizera uso desta falha para tirarem o mérito e o brilho da obra. Reconhecido e agradecido fiquei e fico com todas as críticas recebidas, e aqui neste meu cantinho predileto, (Recanto das Letras) resolvi publicar todo o conteúdo do livro CONTO MAIS UM PONTO, poemas, contos e toda aquela mistura proposital de textos que compõe a obra, revisada. As criticas escritas estão publicadas em CARTAS, neste site. Os contos, biografias e alguns dos poemas publicados no livro, fazem parte deste site, que em um ano e dois meses de publicado, atinge 15 leituras, numa média superior a 1.000 leituras mensais; dezenas de críticas que motivam minha caminhada e desfazem de minha consciência a sensação de culpa do erro cometido. Quem sabe um dia alguém não se habilite a patrocinar uma segunda edição com uma impecável revisão? Já tem aqui minha autorização e faço disponível, tudo que aqui faço publico.
Escrevo pela sensibilidade e o desejo de registrar minha passagem pela vida e não permitir que a história morra, por falta de quem lhe registre os fatos de que são testemunhas, mas não sou nem me considero um profissional desta tão nobre arte que é ser um escritor. Lamento pelo ocorrido com o livro Conto mais um ponto, mas isso já é passado, vem aí a mais deseja obra que escrevi. UM ANJO MORA COMIGO e o erro não será repetido, mas surgirá um outro capitão nesse caminho?.
Não há livro, por pior que seja, que não traga em sí porção indispensável de conhecimento e uma experiência que nos evolua no passo seguinte.
Por ter acatado muitas das opiniões, reeditei nesta web as partes mais importantes do livro, procurando ao máximo, redimir dos erros gráficos, inevitáveis, mesmo sem o apoio de um profissional. Em tudo isso tenho muito agradecer a todos, pois tal episódio acabou por levar de volta a escola e agora sou um cinqüentenário estudante da Faculdade UPIS.
As críticas por vezes é como um remédio amargo, que o doente toma para livrar-se da dor e como resultado colateral, tem como resultado, inesperado, a restauração de um sonho abandonado, que há de transformar o porvir.
Obrigado a todos que adquiriram o livro Conto mais um ponto e aos leitores deste web, principalmente pelas criticas recebidas. Obrigado, eternamente obriga Capitão Getúlio Reis pelas conseqüências que tudo isso findou por traze-me.
(O texto será ilustrado com fotos do evento)