Ame-o ou deixe-o (publicado originalmente em 12/4/2025)

Confesso que sou atraído por filmes nos quais a Terra é ameaçada por perigos invisíveis. Nas últimas décadas histórias deste tipo abundaram. Óbvia explicação: o mundo adora ter medo. Lembrem, por exemplo, o que ocorreu na pandemia. A paralisação recheia a0 rotina. Queremos ser comandados, contanto que não nos tirem o direito de ver TV e navegar pela internet. ‘O Mundo Depois de Nós’ (2023) conta como ciberataques podem, em poucos cliques, provocar reviravoltas no planeta, com tragédias e catástrofes.

Dirigido e roteirizado por Sam Esmail, conta como a família Sandford se fixa no centro da batalha de hackers, numa cidadezinha pacata aonde foram passar um fim de semana numa casa alugada. A intenção dos pais, Amanda e Clay (Julia Roberts e Ethan Hawke), é proporcionar aos filhos Archie e Rose (Charlie Evans e Farrah Mackenzie) alguns momentos sem, exatamente, estarem 24 horas por dia conectados.

A garota de 13 anos, por exemplo, é fã de ‘Friends’ (1994-2004), seriado cujas todas temporadas assistiu no celular – falta só o episódio final. Quando vão à praia, um fato estranho acontece: um enorme navio petroleiro encalha na areia, assustando os banhistas. Um dia, G.H. e Ruth (Mahershala Ali e Myha’la), pai e filha, batem na porta da tal casa. Dizem ser os donos.

A partir daí a trama se desenrola, com acontecimentos esquisitos, que aparentemente nada têm a ver um com os outros: aviões caem, sistemas falham, os animais se deslocam de modo estranho etc. O único ‘senão’ da fita é ela entortar ao lado esquerdo – falas e temas da ideologia woke estão presentes quase que o tempo todo, desde o suposto racismo velado de Amanda para G.H., até a discrepância da ‘elite culpada’, que acha que mata animais, prejudica florestas. ‘O Mundo Depois de Nós’ está na categoria ‘ame-o ou deixe-o’, principalmente pelo trecho final, que fez gente arrancar os cabelos de decepção ou euforia. Duração: 137 minutos. Cotação: bom.