Crítica - Um Filme Minecraft (2025)

Quando o primeiro trailer de “Minecraft” foi anunciado, mesclando live-action com animação, muitos esperavam uma catástrofe cinematográfica; mas, surpreendentemente, o filme está longe disso. Ainda que não alcance o patamar de animações como Shrek ou Divertidamente, que conseguem entreter adultos e crianças na mesma medida, Minecraft apresenta uma proposta claramente voltada ao público infantil — o que não é um demérito, já que essa era a intenção desde o início. No entanto, os criadores desperdiçam a oportunidade de construir uma obra mais equilibrada, que pudesse dialogar com diferentes gerações.

Para o público infantil, o filme é um primor, com piadas que funcionam bem, inúmeras referências ao universo de Minecraft e uma aventura que, sem dúvidas, consegue entreter as crianças. Já para o público adulto, o longa também oferece certo entretenimento — embora com bem menos intensidade — principalmente graças ao visual, que mescla animação, CGI e live-action de forma extremamente eficiente, tornando o mundo de Minecraft visualmente bonito e detalhado, além disso, o filme conta com cenas de ação bem dirigidas e editadas, que se destacam tanto pela montagem dinâmica e ágil quanto pelo uso do slow-motion, e ainda traz uma mensagem sobre como crianças com forte ligação com a criatividade muitas vezes passam despercebidas ou não são devidamente valorizadas.

Apesar disso, Minecraft peca em alguns aspectos que comprometem a trama, principalmente pelo uso de subtramas fracas e esquecíveis, que pouco acrescentam à narrativa — como o arco do personagem de Jason Momoa, que se transforma em um antagonista ganancioso em busca de diamantes, mas que retorna à sua personalidade anterior em questão de segundos; ainda pior é a subtrama no mundo real, que envolve um romance entre a diretora da escola e um NPC do jogo — algo completamente deslocado. Além disso, o filme insere números musicais que não eram necessários e poderiam ser facilmente descartados, e, apesar do mundo de Minecraft ser visualmente bonito, alguns NPCs são retratados de forma muito humana, caindo no chamado “vale da estranheza”, o que pode causar desconforto no espectador.

"Minecraft" está longe de ser a catástrofe que muitos imaginavam, mas também deixa claro que havia um potencial não explorado que poderia agradar tanto ao público infantil quanto ao adulto — como nas ligações que os personagens de Jason Momoa e Danielle Brooks fazem com a vida adulta, algo que é sugerido ao longo do filme, mas nunca realmente desenvolvido; por outro lado, o visual do CGI e sua integração com o live-action é extremamente bem realizado, servindo de exemplo para futuras produções e deixando alguns filmes recentes da Marvel envergonhados. Ainda assim, o filme cumpre com competência sua proposta principal: entregar uma aventura divertida e acessível para as crianças, com uma mensagem relevante sobre o valor da criatividade.