Cage: estudo de caso (publicado originalmente em 9/11/2024)
Não me recordo se passou em branco. Por mim foi quase. Nicolas Cage virou sessentão em janeiro deste 2024. Tanto sua trajetória profissional como pessoal são dignas de estudos. Arranjou o sobrenome num personagem de quadrinhos, Luke Cage, da Marvel, criado nos anos 70, do qual era fã. Fruto do relacionamento de um professor universitário e uma coreógrafa, o ator rejeitou o familiar Coppola – sim, é sobrinho do diretor Francis Ford e primo de Sophia. Passou a infância com o pai.
A mãe era bipolar, vivia internada em hospícios. Pode ser que daí venham algumas idiossincrasias da personalidade dele quando o assunto é atuação. Por exemplo: comeu barata viva a compreender seu personagem em ‘O Beijo do Vampiro’ (1989). Outra: ao filmar ‘Birdy’ (1984), sobre Guerra do Vietnã, com seu personagem tendo fixações perturbadoras e traumas, arrancou 2 dentes sem anestesia (até hoje é contra o uso de qualquer remédio), para conseguir traduzir os sentimentos atordoantes.
Mais uma – e esta lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator por ‘Despedida em Las Vegas’ (1995): filmou-se bêbado com a finalidade de dar ainda mais realismo a Ben Sanderson, personagem que era alcoólatra. No campo pessoal, casou-se muitas vezes e viu a fortuna de US$ 150 milhões desabar ao comprar mansões, castelos (um deles, na Inglaterra, foi construído em 1775) e determinadas bizarrices, como esqueletos de dinossauros e cabeças de pigmeus. Possui coleção de HQ’s de US$ 1,6 milhão – dentre as preciosidades está, avaliada em US$ 150 mil, a primeira edição da revista ‘Action Comics’, de junho de 1938, onde ‘Superman’ estreou (Cage, aliás, deu vida ao herói recentemente e estava cotado a encarná-lo também na década de 90).
Chegou a ter vários Rolls Royces. Gastou US$ 450 mil numa Lamborghini. Por isso é fácil imaginar porque topa rodar longas-metragens ruins, toscos. Necessita dos cachês para manter seus brinquedinhos. Mesmo assim, pasmem, endividou-se de tal maneira que precisou vender os imóveis.