O filme do vice (publicado originalmente em 26/10/2024)
Logo após o anúncio de que o senador James David Vance seria o candidato a vice-presidente de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA, que acontece daqui uns dias, muita gente correu à Netflix para assistir a ‘Era uma Vez um Sonho’ (2020), fita baseada em seu livro de memórias lançado em 2016, onde narra a trajetória de sua família de maneira aberta e sem censuras. Na transposição ao cinema, o elenco estelar encabeçado por Amy Adams e Glenn Close dá conta do recado numa trama que aborda um lado escondido do país pela turma ‘woke’: a ascensão de brancos pobres, com meritocracia na veia pelo esforço próprio, vindos de famílias problemáticas e desestruturadas (para a esquerda, só os negros podem atingir este cume).
No caso de Vance – infância passada em Ohio –, a mãe, Beverly (Adams), era viciada em drogas, não parava em emprego algum e teve vários namorados. Quase prejudicou o futuro do filho. Porém, a avó materna, Bonnie (Close), pessoa difícil, pragmática, era o pilar do grupo, ao lado do marido (interpretado por Bo Hopkins). Foi ela quem determinou a trilha de Vance. O longa, dirigido por Ron Howard, tem narrativa não-linear e o tom messiânico do self-made man, ou seja, o indivíduo que se faz sozinho, sem ajudas externas.
A religião está muito presente no filme – outro ponto repulsivo aos progressistas. Aliás, nem sei como a Netflix topou tal empreitada, devido ao seu viés ideológico. A dedicação de Vance (Gabriel Basso na fase adulta) aos 3 empregos simultâneos, a luta para conseguir estágio na faculdade de Direito na época do verão (que o ajudava a custear a universidade) e o vital apoio da namorada (hoje esposa) Usha, de origem indiana, estão no script. As pessoas que leram o livro dizem que a obra literária é muito mais densa e bem melhor que a película. Era de se esperar. Duração: 116 minutos. Cotação: bom.