A reputação ilibada (publicada originalmente em 19/10/2024)
Fazia algum tempo que não assistia a um filme dirigido e roteirizado por Woody Allen. Esses dias vi ‘Magia ao Luar’ (2014, disponível no Prime), com Colin Firth e Emma Stone. História redonda, sem pretensões maiores, típica do cineasta nova-iorquino. A trama se passa em 1928. Mostra Stanley (Firth), mágico com talento a desmascarar charlatões, contratado a acabar com suposta farsa de Sophie (Stone), simpática jovem que afirma ser médium. Inicialmente cético, ele aos poucos começa a duvidar das certezas, se vê cada vez mais encantado pela moça.
O charme e graça do filme estão na atuação do casal e cenário – a fita foi gravada em Nice, França. É engraçado notar que desta vez Allen não se deixou transparecer em nenhum personagem, o que costuma fazer quase sempre em seus longas – o tipo desajeitado, confuso, atrapalhado. Stanley é arrogante, insensível. Ao mesmo tempo, demonstra ingenuidade amorosa e fidelidade à tia velha. Sophie, por sua vez, somente quer uma vida melhor, e está a ponto de conseguir: se casará com o herdeiro milionário da família que a recebeu de portas abertas, após ela ‘prever o futuro’ e responder a questões relativas ao falecido patriarca, por conta de seu ‘dom’.
Emma Stone entrou na lista de musas de Allen, que ama dar a estas estrelas status inspiradores. Foi assim, por exemplo, com Mia Farrow, Diane Keaton e Scarlett Johansson. Mas com Stone a potência não funcionou. Teve apenas mais um trabalho com ele, ‘O Homem Irracional’ (2015), que caiu no esquecimento assim que foi lançado. É bom lembrar que o injusto cancelamento imposto ao cineasta pela turma do politicamente correto, por conta do relacionamento dele com Soon-Yi Previn, enteada de Farrow, com entrevistas e depoimentos ácidos da atriz, acusando-o inclusive de abusos sexuais, jamais provados, atrapalharam demais a carreira. Mas Allen conseguiu deixar intacta e ilibada a sua reputação, dando uma ‘banana’ aos hipócritas críticos. Duração: 95 minutos. Cotação: bom.