Desenho traumático (publicado originalmente em 8/6/2024)
Estes dias revi ‘Bambi’ (1942), 5º longa-metragem de animação da Disney. Havia assistido quando criança. Confesso que me traumatizei (fui um dos tantos), principalmente com a cena do assassinato da mãe do protagonista. Ficava longe quando tinha a chance de me deparar com o drama.
Não à toa, pesquisa de 2008 do jornal britânico ‘Daily Mail’ com 3 mil internautas revelou que a fita ficou em 1º na lista das que mais fizeram o público chorar (completaram o pódio de 5 lugares: ‘Ghost: Do Outro Lado da Vida’ – 1990, ‘O Rei Leão’ – 1994, ‘ET: O Extraterrestre’ – 1982, e ‘Titanic’ – 1997). O trauma da sequência da matança é tamanho que muita gente (eu entre eles) acreditava ter visto a mãe de Bambi recebendo tiros, caindo sem vida. Não. A película poupa-nos. ‘Apenas’ ouvimos disparos. Depois, Bambi chama pela mãe, sem resposta. Só. Não vemos o cadáver nem os rostos dos caçadores.
Porém, é impressionante como o imaginário transforma isto num pesadelo real. Baseado no livro austríaco ‘Bambi: Uma Vida na Floresta’ (1923), mostra o cervo, o príncipe, desde o nascimento, cuidado pela mãe e amigos animais, dentre eles Tambor, um coelho esperto, até a morte dela, por um caçador, ao tentar protegê-lo da ameaça – a partir daí se vê desamparado, mas rodeado por seu pai, rei da floresta, respeitado na região por ser o mais velho. Bambi se apaixona por Feline e o círculo que se fecha, quando o casal tem o filhote.
Uma curiosidade: o filme, lançado nos EUA em 8/8/1942, em plena Segunda Guerra Mundial (1939-1945), teve inúmeros relançamentos: 1947, 1957, 1966, 1975, 1982, 1988, muito por conta do interesse de crianças e jovens que não haviam visto e não conseguiam encontrar o vídeo. Indicado a 3 Oscars (som, trilha sonora, canção original), não conquistou nenhum. No Globo de Ouro, Walt Disney ganhou prêmio especial pela obra. Ah, sim. Ao rever, de novo me traumatizei. Agora, menos.