A lista de filmes de *Osório Almeida

Entrevista publicada em 07 de maio de 2008.

Chico Potengy: Osório, eu vi sua lista dos 10 Maiores Filmes do Século. Você começa com uma Revolução...

Osório: É verdade! Nestes cento e tantos anos de cinema, considero Doutor Jivago (Douctor Zhivago/1965, de David Lean) o melhor filme de todos os tempos, no melhor estilo realismo-socialista. David Lean, Omar Sharif e Alec Guinnes entraram para a História da Revolução.

CP: Seu 2º filme é um romance na guerra: Casablanca (idem/1942, de Michael Curtiz).

Osório: Assim como a Marselhesa se tornou um símbolo de Resistência, no filme, na vida real acontece a mesma coisa com "As Time Goes By". Meu Oscar vai para Claude Rains.

CP: Defina o 3°: Juventude Transviada (Rebel Without a Cause/1955, de Nicholas Ray).

Osório: Aqui, James Dean projeta a sua imagem de eterno jovem.

CP: Seu 4° filme é o consagrado, Cidadão Kane (Citizen Kane/1941, de Orson Welles).

Osório: Neste filme Orson Welles emplaca sua verdade: não existe a verdade, e sim, a melhor versão da verdade!

CP: No 5° filme mais uma guerra: A Balada do Soldado (Ballad of a Soldier/1960, de Grigori Chukhraj).

Osório: É um filme comovente... Sob todos os aspectos.

CP: O 6° filme é a sua cara: Spartacus (idem/1960, de Stanley Kubrick).

Osório: Minha, não! É a cara do trabalhador brasileiro! Oprimido em suas necessidades e escravizado por um mísero salário, enquanto a classe dominante enriquece, cada vez mais, roubando a Nação. Um dia aparece um cara e o liberta. Foi assim na China, com Mao (Tsé-Tung), no Vietnã, com Ho (Chi Min), e na Rússia, com Lenin. No Império Romano foi Spartacus. Kirk Douglas vive este grande herói da Classe Operária.

CP: No 7° filme vamos em viagem pelo Velho Oeste: Paixão dos Fortes (My Darling Clementine/1946, de John Ford).

Osório: Obra-prima de Ford. Victor Mature e Henry Fonda fizeram Doc Holliday e Wyatt Earp para jamais serem superados. Mas não podemos esquecer O Matador (The Gunfighter/1950, de Henry King), Um de Nós Morrerá (The Left Handed Gun/1958, de Arthur Penn); que é o melhor sobre Billy the Kid, e Consciências Mortas (The Ox-Bow Incident/1943, de William A. Wellman), que nada mais é do que o retrato do preconceito americano, disfarçado num roubo de gado.

CP: O 8° é brasileiro: O Homem nu (idem/1967, de Domingos de Oliveira).

Osório: Uma sátira feroz à sociedade carioca!

CP: O 9° é francês, com muito humor: Meu Tio (Mon Ocle/1958, de Jacques Tati).

Osório: É..., Tati faz uma excelente gozação em cima do "American Way of Life".

CP: Fechamos o 10° com um musical: Hair (idem/1979, de Milos Forman).

Osório: Sim! Um delicioso, revolucionário e inesquecível GRITO DE PAZ, na Guerra do Vietnã (guerra dos americanos, que perderam, diga-se de passagem...).

CP: Osório, lhe conheço. Não são só 10, faltou muita coisa.

Osório: Sim, não podemos deixar de citar Tempos Modernos (Modern Times/1936, de Charles Chaplin), O Canhoneiro do Yang-Tsé (The Sande Pebbles/1966, de Robert Wise), A Face Oculta (One-Eyed Jacks/1961, de Marlon Brando), Sangue de Herói (Fort Apache/1948, de John Ford), Os Brutos Também Amam (Shane/1953, de Gerge Stevens), O Pagador de Promessas (idem/1962, de Anselmo Duarte), Companheiros (Pals/1987, de Lou Antonio), M.A.S.H. (idem/1970, de Robert Altman), e Blade Runner - O Caçador de Androides (Blade Runner/1982, de Ridley Scott). Ah, ia esquecendo! A Montanha dos Sete Abutres (Ace in the Hole/1951, de Billy Wilder). Um filme que mostra o poder da imprensa "marron".

CP: Iniciamos com 10 e terminamos com 21. Senti falta de Eisenstein e sua obra revolucionária.

Osório: Olha, Barbosa, eu confesso que jamais vi um filme do camarada Eisenstein. Mas há sempre uma primeira vez.

CP: Há algo a lamentar?

Osório: Sim, a TV matou o cinema! Curiosamente, os filmes ainda são o melhor da TV.

CP: Para terminar, me fale do seu sétimo opúsculo, A Morte Não Brinca Em Serviço.

Osório: Eu sempre quis escrever algo sobre o Velho Oeste. A barreira era meus conhecimentos geográficos. Aí, me localizei no Arizona e deu certo!

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*Osório Almeida é escritor, jornalista alternativo, líder de esquerda e "metido" a crítico de cinema. Aqui transcrevo uma entrevista informal que fiz com esse que se intitula "O Último Comunista do Rio Grande do Norte".

chico potengy
Enviado por chico potengy em 16/05/2024
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