Pereio e Corman (publicado originalmente em 18/5/2024)
Nesta semana dois ícones do cinema, um em cada segmento, partiram: Paulo César Pereio, aos 83 anos, e Roger Corman, aos 98. O primeiro brilhou nos sets nacionais nos anos 70 e 80, principalmente nas fitas de pornochanchadas, auge dos públicos brasileiros. Mas Pereio, ou Paulo César de Campos Velho (Pereio era apelido de infância), também se destacou nas campanhas publicitárias.
Quem não se lembra de sua voz potente, gutural, narrando a propaganda de um famoso banco, tal qual também com Antônio Abujamra (1932-2015)? A geração dos anos 90-2000 o conheceu por meio do Canal Brasil, onde apresentava o programa de entrevistas ‘Sem Frescura’, de tom totalmente escrachado e debochado. Conversava com os convidados com a camisa meio aberta, falando palavrões, olhos fixos em algo, resmungando e tocando em assuntos delicados que, para ele, eram apenas mais um tópico da atração, às vezes deixando as pessoas sem graça. Desde 2020, quando começou a pandemia do coronavírus, o ator foi viver no Retiro dos Artistas, de onde não mais saiu.
Já Corman, por sua vez, viveu o apogeu da carreira nas décadas de 1950-60. Escrevi sobre o cineasta muitas vezes neste espaço. Foi o responsável por revelar profissionais do gabarito de Francis Ford Coppola, James Cameron, Martin Scorsese, Jack Nicholson, Peter Fonda, e Robert DeNiro. ‘Só’. Considerado o ‘rei dos filmes B’, não se cansava de dar oportunidade a estes jovens quando rodava seus longas. Deixava-os dirigir, produzir, roteirizar e atuar.
Será lembrado pelas fitas adaptadas de contos de Edgar Allan Poe, como ‘O Solar Maldito’ (1960) e ‘O Corvo’ (1963) – foram 7 filmes baseados no autor, quase todos com Vicent Price à frente do elenco. Corman conseguiu trazer títulos europeus importantes dos EUA por meio da New World Pictures, como ‘Gritos e Sussurros’ (1972), de Ingmar Bergman, e ‘Amarcord’ (1973), de Federico Fellini. Neste, o diretor italiano obteve a maior bilheteria da história em terras tupiniquins.